ADRIANO MOREIRA

GOVERNAR O MUNDO – Subitamente, o famoso livro de Mark Mazower, intitulado Governar o Mundo, é posto a circular em português com o talento e rigor de Miguel Bandeira Jerónimo e José Pedro Monteiro, e voltou a despertar as atenções, talvez não tanto dos que possuem alguma parte do poder mundial, mas das inteligências despertadas pelo desastre que atingiu o planeta como “terra casa comum dos homens”, e constantemente sofre a recusa da sua credibilidade para o objetivo que foi muito para que a ONU tenha assumido. É racional que a ideia de governar o mundo procura reparar pela experiência sofrida com a recordação histórica da imaginação. 

Fritz Seterra escreveu no livro que se trata de “um relato dramático e novo sobre ideias e instituições em colisão com realidades duras. Indispensável também pela sua descrição completa e subtil das políticas americanas desde 1917, sempre com um toque elegante para com aqueles que foram até agora negligenciados ou para com os movimentos menos felizes que iluminaram os protestos históricos. Profundo, relevante e sobretudo instrutório é o prazer de o ler”. É um justo apreço do trabalho, quer científico, quer ético. Infelizmente os evangelhos levaram tempo excessivo a receber compreensão e obediência, e o texto de investigação da história pareceu mais proporcionado para arriscar conhecer-se o passado de que produzir um novo futuro. O indiscutível rigor académico dificilmente inscreve tão valioso trabalho no resultado que seria Governar o Mundo. A modéstia não é separável do talento académico, e não é possível o esquecimento da pretensão mantida de a Europa ter sido a luz do mundo. 

Infelizmente se a necessidade de governar o mundo é cada vez mais evidente, não é a sabedoria de Mark Mazowerque ganhou a superioridade do poder da voz contra a voz dos poderes que se verificava. Á Europa não faltavam dificuldades, os EUA, filhos da Europa, entram mais uma vez em conflito interno de unidade das Nações, e o novo Presidente, católico de origem familiar herdada, parece ter dificuldades em tomar posição no que será, por afinidade,a nova assunção de superioridades mundiais, porque entretanto o globo sofre uma insuficiência irreversível, a guerra multiplica os batismos mas não os efeitos, a supremacia de salvaguardar o “credo dos valores”, e que a terra é “casa comum dos homens”, diz respeito a um espaço em diminuição. A infeliz conclusão é que o princípio da necessidade de governar o mundo não é acompanhado pela adesão generalizada a uma forma de governo em paz e justiça, levando a ameaça dos valores e justiça de pensamento à incompatibilidade de gerações, a parecer que reclamam uma herança da geração que perdemos a confiança de encontrar nos autores da sua herança, apenas como inquietas com as formas de relacionamento para sobrevivência, em face de uma extinta ordem mundial, que era mais um governo, e sem capacidade demonstrada de reinventar uma ordem justa nas condições inquietantes do globo. 

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