A PAZ DAS ETNIAS – convidado para intervir na inauguração desta valiosa Cátedra da UNESCO (Educação e Ciência), uma sede de qualidade garantida pelos responsáveis, devo começar por distinguir a querida, respeitada, e criadora que é a Dra. Maria Salomé Pais. Não obstante a prudência da senhora Merkel, que cuidadosamente evitou qualquer confronto com Pequim, incluindo a gravidade do processo em Hong Kong, dando responsável prioridade à pandemia que afeta o globo, o ambiente tende para agravar-se, por não travar uma liberdade sem liderança conhecida, por destruir monumentos que assinalam o passado histórico, sendo comum retomar a luta contra o racismo, que nesta época parece ter inspirado a cólera pela memória da escravatura dos africanos, isto depois de esse martírio ter sido legalmente revogado. O ódio racial mais violento foi do nazismo contra os judeus, condenados à execução brutal com o objetivo de terminar com a espécie. Em ambos os casos, a servir de exemplo, é verificável que as leis libertadoras de tal crueldade podem encontrar-se com comportamentos sociais que não abandonam a discriminação.
A história dos EUA, quer no que respeita aos nativos iroqueses, quer no que respeita aos escravos negros, teve esse fenómeno com uma duração de que os vivos possuem lembranças. Este facto, de a realidade frequentemente tender para colocar a discriminação a limitar a dimensão do imperativo legal, levou, no fim do Império Euromundista, a que o famoso Toynbee lembrasse aos ocidentais que todos os restantes povos do mundo, africanos, asiáticos, muçulmanos, consideram os ocidentais “os grandes agressores dos tempos modernos”. O resultado histórico, para as gerações vivas, foi que o fim do colonialismo físico ocidental, de acordo com a Carta da ONU, não impediu guerras anticoloniais, de que a Inglaterra sofreu menos, mas que países europeus, incluindo França e Portugal, não evitaram. Não obstante, de todos foi Portugal o que não apenas acabou a guerra, como conseguiu, sem haver outro igual resultado, organizar a solidariedade entre todos os nossos países de língua portuguesa, que é a importante CPLP.
Esta ideia, que nasceu na Sociedade de Geografia, devendo reverenciar a memória do colaborador, embaixador do Brasil, Dr. José Aparecido de Oliveira, orador na cerimónia da assinatura dos textos europeízas no Centro Cultural de Lisboa, e que historicamente não deve ser esquecido. Este modelo orienta no sentido de avaliar e reconhecer o valor humano de povos que falam a língua portuguesa, e inevitavelmente unidos para enfrentarem este século sem bússola; a pandemia, os mares perigosos, a quebra da paz em alguns territórios, as crises económicas e técnicas, o próprio planeta em crise; a comunhão do uso da língua ajuda a enfrentar a comunhão dos desafios, e sobretudo fortalece e participa o pensamento humano e criador que levou à presente Cátedra da UNESCO em que todos vamos também ser alunos.