COOPERAÇÃO INTEGRAL – Sendo discutível que Roosevelt tinha para a ONU uma paz diretorial com cinco potências, no Conselho de Segurança, com direito de veto, a evolução levou a Assembleia Geral, onde teve intervenção o nosso Presidente da República, a votar a maioria no sentido da cooperação integral. Os temas que marcaram a história da Assembleia desenharam a bússola de 2020. Alguns estadistas preferiram porém manter uma política de autonomia, e, no caso sempre especial de Donald Trump, este teve um intervalo de cooperação integral ao exigir que os membros da NATO, que é do interesse americano, aumentassem a contribuição financeira. A China, que levou anos a ver o seu lugar, com veto, no Conselho de Segurança, ocupado por Taiwan, é ativa nos direitos humanos, insiste no respeito pela diversidade das civilizações, um tema muito estudado por F. Gotment no European Council of Foreign Relations (2018). Apareceram várias solidariedades de grupos, com a Rússia a não apoiar o princípio da “América First”, e muitos Estados ocidentais surpreendidos pelas intervenções de Trump, mas sempre esperando que o novo século tivesse uma bússola visando o futuro definido por projetos. Subitamente o inesperado ataque e desastre causado pelo COVID-19 afundou a bússola, causando milhares de mortos. Felizmente, investigadores científicos, de alta capacidade, universidades, médicos e enfermeiros, garantes de segurança e possível civismo geral assumiram uma espantosa prova de sabedoria, dedicação, coragem, sofrendo até contágios pessoais e perda de vidas. A solidariedade das instituições que lutaram pelo acesso ao conhecimento e à organização eficaz do combate à destruição da vida dos homens, do convívio das gentes, produziu o lastimoso efeito de atingir igualmente populações que combateram as governanças coloniais extrativas, e no grupo falta de regra a capacidade científica e profissional dos povos, e dos responsáveis pelas antigas governanças.
É por isso que se a ONU tem representação de todas as culturas e crenças associadas politicamente, o apoio dos que enfrentam a situação de não terem apoio científico, nem profissionalmente dominar o ataque, tem que receber também a cooperação, lendo a carta do chefe índio Seattle (1854) para o Presidente americano Franklin Pierre, onde diz: “nós sabemos que o homem branco não entende o nosso modo de viver… a terra não é sua irmã, mas sua inimiga. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos: nosso Deus é o mesmo Deus”. Foi certamente também por isto que o Papa Francisco celebrou, sem a presença de fiéis, a Sexta-Feira Santa, pedindo a piedade do “Pai Nosso”, isto é, de todas as etnias e crenças, ou falta destas. Porque é pelo menos necessário salvaguardar a esperança, até que todos os que sobrevivem possam cooperar com nova bússola.