HOSPITALIZAÇÃO DOMICILIÁRIA: EXEMPLO DE UMA REFORMA PLANEADA E SUSTENTÁVEL
A hospitalização domiciliária foi uma das reformas mais bem-sucedidas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Portugal nos últimos anos. Esta estratégia inovadora possibilitou oferecer aos doentes um modelo de internamento seguro e eficaz na sua residência, mantendo os padrões de qualidade dos hospitais e, ao mesmo tempo, incentivando uma utilização mais eficiente dos recursos de saúde.
A implementação da hospitalização domiciliária em Portugal começou com um projeto-piloto assente na melhor evidência científica e em experiências internacionais bem-sucedidas. O objetivo era ambicioso: assegurar que os doentes pudessem receber cuidados de saúde hospitalares de excelência no conforto e segurança do seu lar, sempre que a sua condição clínica o permitisse. Desde então, o desenvolvimento desta abordagem tem sido notável. Em poucos anos, a hospitalização domiciliária expandiu-se para dezenas de unidades hospitalares, cobrindo, gradualmente, todo o território nacional. O modelo mostrou vantagens tais como a redução do risco de infeções hospitalares, a melhoria da experiência do doente e da sua família, além de uma utilização mais racional dos recursos clínicos e operacionais.
Os resultados são claros: milhares de doentes são tratados anualmente, com taxas de satisfação superiores a 90% e uma significativa diminuição dos custos operacionais para o SNS. A relevância dessa reforma não se limita aos números. A humanização dos cuidados, a proximidade com a família e o reforço do papel dos profissionais de saúde na comunidade têm sido fatores fundamentais para a consolidação deste modelo.
O sucesso da hospitalização domiciliária em Portugal não teria sido possível sem uma liderança competente e dedicada. À frente deste projeto tem estado, ao longo de oito anos, o Dr. Delfim Rodrigues, um servidor público de exceção que soube garantir a continuidade desta política pública servindo quatro governos de diferentes maiorias políticas.
A sua visão estratégica e capacidade de execução foram determinantes para consolidar esta reforma como um pilar essencial do SNS. Sob a sua liderança, a hospitalização domiciliária não só sobreviveu às mudanças políticas, como se expandiu e aperfeiçoou, tornando-se um exemplo de como uma boa política pública, quando bem planeada e executada, pode modificar e melhorar o sistema de saúde de forma estrutural.
Um modelo de excelência
A estabilidade e a previsibilidade da implementação desta reforma demonstram que é possível desenvolver políticas públicas sustentáveis e transversais às circunstâncias políticas, quando considerada a evidência científica, o planeamento rigoroso e uma liderança forte e comprometida. Ao longo destes oito anos, a hospitalização domiciliária consolidou-se como um modelo de excelência, mostrando ser possível aliar a inovação à eficiência e à humanização dos cuidados de saúde. A sua evolução constante tem sido um sinal do compromisso do SNS com soluções modernas e sustentáveis.
O desafio atual é assegurar a sua consolidação e evolução para um nível ainda mais ambicioso. A digitalização dos serviços, a telemonitorização e a expansão da hospitalização domiciliária a novas especialidades médicas serão fundamentais para a reforma continuar sendo uma referência nacional e internacional.
O sucesso desta iniciativa demonstra que, quando há visão, planeamento e liderança, é possível transformar positivamente o SNS e melhorar substancialmente a vida dos cidadãos. A hospitalização domiciliária é um exemplo de que uma reforma bem concebida pode ser sustentável, transversal a ciclos políticos e, sobretudo, centrada nas necessidades reais dos doentes e das suas famílias.