TRANSFORMAR O SNS A FAVOR DAS PESSOAS
As sociedades contemporâneas encontram-se em constante transformação impelidas por forças tecnológicas, demográficas e sociais que colocam em evidência a necessidade de adaptar e reestruturar os sistemas fundamentais de proteção social, como o da saúde.
Em Portugal, o sistema de saúde enfrenta desafios críticos que exigem reformas profundas, baseadas nos princípios de proximidade, flexibilidade e na resposta integrada às necessidades da população. Portugal é um dos países europeus com maior taxa de envelhecimento demográfico, resultado da conjugação entre o aumento da esperança média de vida e a persistente redução da natalidade. Este fenómeno tem repercussões significativas no setor da Saúde, especialmente devido à crescente prevalência de doenças crónicas, como a diabetes, a hipertensão e as doenças neurodegenerativas. Estas condições requerem um modelo de cuidados de saúde contínuo, personalizado e sustentável, capaz de atender a populações que, por sua vez, carecem de mais respostas.
Desigualdades socioeconómicas
As desigualdades socioeconómicas continuam a ser um fator determinante na forma como as diferentes populações acedem e usufruem dos cuidados de saúde. Os grupos vulneráveis, em particular, idosos, as comunidades rurais e as minorias étnicas, enfrentam barreiras significativas, entre as quais a distância geográfica, os custos associados aos tratamentos, bem como a insuficiência de informação sobre os serviços disponíveis. Estas lacunas enfatizam a necessidade de um sistema de saúde inclusivo e centrado nas pessoas, capaz de reduzir iniquidades e de promover o bem-estar de todos os cidadãos.
A proximidade desempenha um papel central na transformação do sistema de saúde. Mais do que uma mera questão geográfica, a proximidade refere-se à capacidade do sistema de compreender e responder às necessidades específicas de cada indivíduo e comunidade
Flexibilidade
A flexibilidade emerge como outro elemento indispensável na modernização do sistema de saúde. A pandemia de COVID-19 destacou a necessidade de respostas ágeis e adaptáveis em situações de crise. As ferramentas tecnológicas, como a telemedicina provaram ser estratégias eficazes na mitigação de desafios logísticos e na expansão do acesso a cuidados, especialmente em contextos de emergência. A incorporação destas soluções deve ser ampliada para criar um sistema mais resiliente e eficiente. Uma abordagem abrangente de saúde pública, centrada na promoção de estilos de vida saudáveis e na prevenção de doenças evitáveis, é crucial para a sustentabilidade do sistema de saúde. Simultaneamente, o investimento em recursos humanos, incluindo a formação, a valorização profissional e o bem-estar dos profissionais do setor, é fundamental para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços prestados.
Visão centrada nas pessoas
A transformação do sistema de saúde português deve ser orientada por uma visão centrada nas pessoas, que promova a equidade, a eficiência e a inovação. A proximidade e a flexibilidade constituem os alicerces para enfrentar os desafios demográficos e sociais, garantindo que o sistema de saúde não apenas responda às necessidades atuais. mas esteja, igualmente, preparado para as exigências futuras. O reforço da capacidade de adaptação aliado a uma abordagem integrada permitirá construir um modelo de cuidados de saúde mais inclusivo, resiliente e sustentável para todos.