OS DESAFIOS DA EUROPA
A Europa enfrenta atualmente um desafio histórico sem precedentes. Longe vão os tempos da prosperidade, da estabilidade política e social e do crescimento económico sustentado.
O Brexit, que levou à saída do Reino Unido da União Europeia, lançou incertezas políticas e estratégicas relativamente ao projeto da União Europeia. Os sucessivos alargamentos acrescentaram valor à dimensão política do projeto europeu tornando a construção europeia idealizada pelos pais fundadores muito mais complexa. Uma das questões mais relevantes que a Europa defronta tem que ver com a crise migratória e a chegada de milhares de refugiados e imigrantes. O agravamento do desequilíbrio, entre países e regiões, resultado de um aumento das desigualdades e das tensões geopolíticas tem vindo a agravar este fenómeno muito complexo e de muito difícil resolução no curto e no médio prazo.
AMEAÇA À ESTABILIDADE
A Europa enfrenta uma ameaça à estabilidade e à coesão interna numa União fragmentada e dividida. O equilíbrio precário entre segurança, solidariedade e integração pode comprometer a coesão interna e o aprofundamento do projeto político comum. A Europa confronta-se, igualmente, com o peso da transição demográfica num contexto de rápido envelhecimento da população e, o consequente, aumento da pressão sobre os sistemas de saúde e de proteção social. Neste domínio, tornam-se necessárias políticas ativas de participação social e económica dos mais idosos através do reajustamento do modelo tradicional de organização da sociedade.
No plano político, o ressurgimento dos fenómenos de nacionalismo e de populismo, em diversos países europeus tem contribuído para um afastamento dos princípios fundacionais gerando um clima de divergência e de desacordo em matérias sensíveis, nomeadamente, no que respeita à defesa da democracia e da liberdade e ao respeito pelos direitos humanos.
NOVOS DESAFIOS
A Europa está, por estas razões, confrontada com uma série de novos desafios que requerem concertação estratégica, alinhamento de posições e atitudes colaborativas entre os diferentes Estados-membros. A capacidade de enfrentar esses desafios determinará o futuro do continente para além dos limites da própria União. A instabilidade a leste, com a guerra na Ucrânia, e a ameaça geopolítica resultante da vulnerabilidade dos equilíbrios na região, a par da pressão externa migratória e económica, ameaçam não apenas a estabilidade do continente europeu, mas também a paz e a segurança global. A emergência de questões como a transição climática, os riscos cibernéticos, as ameaças à saúde pública, o flagelo das desigualdades e o aumento da pobreza e da exclusão social representam os vetores fundamentais na definição dos riscos estratégicos que se colocam no plano político, no médio prazo. Uma nova Europa, centrada na renovação do “sonho europeu” requer audácia, ambição e a aceitação do risco.