RICARDO JARDIM GONÇALVES

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O FUTURO DA INDÚSTRIA: FORMAÇÃO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

A revolução industrial está em transformação, impulsionada pela integração da Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias digitais que redefinem processos de produção, gestão e competitividade.

Iniciativas de formação especializadas, como as desenvolvidas pelo projeto europeu ENHANCE, em parceria com Digital Innovation Hubs (DIH), têm permitido a capacitação necessária para a transição da Indústria 4.0. Em Portugal, o Polo Europeu de Inovação Digital – Produtech é um exemplo concreto de aplicação deste modelo nas tecnologias de produção, sendo um catalisador de transformação digital que une academia, indústria e inovação.

A Indústria 4.0 trouxe consigo automação avançada, conectividade e sistemas inteligentes. No entanto, a adoção plena dessas tecnologias enfrenta um desafio crítico, que resulta da escassez de competências técnicas. Este desafio motivou o projeto europeu ENHANCE a desenvolver programas de formação especializados em IA e sua aplicação em cenários industriais reais. Estruturado em três pilares formativos – Manutenção, Produção e Qualidade –, cada curso combina teoria e prática com base em casos reais. Por exemplo, no domínio da Manutenção Preditiva, os participantes aprendem a prever falhas com base em dados de sensores, reduzindo custos e melhorando a eficiência. Já na Produção, ferramentas de big data e machine learning ajudam a otimizar inventários e prever necessidades, enquanto o módulo de Qualidade introduz sistemas adaptativos para o controlo contínuo de defeitos. Os cursos adotam uma abordagem modular, permitindo flexibilidade para atender diferentes perfis de profissionais. Este modelo interativo assegura que as formações sejam continuamente ajustadas com base no feedback de indústrias e participantes, garantindo relevância e aplicabilidade.

Transferência de conhecimento

No entanto, os Digital Innovation Hubs (DIH) desempenham um papel central na transferência de conhecimento entre academia e indústria. Em Portugal, o Polo de Inovação Digital Produtech é um exemplo notável dessa abordagem. O Centro de Tecnologia e Sistemas do UNINOVA, como parceiro do Produtech, promove a implementação de tecnologias da Indústria 4.0 em empresas de diferentes dimensões em Portugal e na Europa, e destaca-se por integrar IA em sistemas de monitorização de qualidade e manutenção preditiva, permitindo identificar e corrigir problemas em tempo real. Além disso, promove colaboração entre empresas e instituições de investigação, inovação e desenvolvimento, criando um ambiente propício à experimentação e ao desenvolvimento de soluções que aumentam a eficiência e reduzem desperdícios.

O impacto do Produtech vai além da tecnologia. Ao unir empresas a projetos como o ENHANCE, o polo reforça a importância da capacitação como alicerce da transformação digital. Este modelo colaborativo posiciona Portugal como líder na adoção de práticas inovadoras que combinam tecnologia de ponta com desenvolvimento de competências. Isto resulta num bom exemplo de como Portugal tem promovido a capacitação para a Indústria 4.0, utilizando a rede de DIH para desenvolver programas de formação alinhados às necessidades reais das empresas. Além de oferecer cursos em áreas estratégicas, como manutenção e gestão de qualidade, promove um ciclo contínuo de feedback entre academia, estudantes e indústria. Os resultados obtidos têm demonstrado o impacto direto que uma força de trabalho capacitada pode ter na competitividade das empresas. Ferramentas de IA permitem reduzir custos, otimizar processos e adotar práticas mais sustentáveis, destacando o papel transformador no apoio à digitalização e ao crescimento económico.

A Indústria 5.0

Neste momento, a Indústria 5.0 surge como uma visão para enfrentar os desafios do futuro, promovendo sustentabilidade e maior centralidade humana nos processos produtivos. Enquanto a Indústria 4.0 foca na automação e digitalização, a emergente Indústria 5.0 expande esta visão ao colocar o ser humano e a sustentabilidade no centro das inovações tecnológicas. Esta nova fase representa uma colaboração mais estreita entre máquinas e pessoas, promovendo personalização, inclusão e práticas éticas. A Indústria 5.0 resulta como resposta a desafios globais, como a sustentabilidade ambiental e a desigualdade económica. Tecnologias como IA explicável, robótica colaborativa e análise avançada de dados desempenharão um papel central. No entanto, a sua implementação requer capital humano capacitado, infraestruturas adequadas e políticas regulatórias claras.

A integração de IA na formação industrial ilustra como a Europa tem liderado esforços para capacitar a força de trabalho e impulsionar a transformação digital. À medida que nos aproximamos da era da Indústria 5.0, a colaboração entre academia, indústria e inovação será essencial para enfrentar os desafios do futuro. Desta forma, reforça-se a importância de combinar tecnologia de ponta com capacitação humana, criando um impacto positivo duradouro na economia e na sociedade. Em Portugal, o Centro de Tecnologia e Sistemas (CTS) do UNINOVA, integrado em iniciativas como o Produtech e ENHANCE representa um exemplo inspirador de como esta visão pode ser concretizada.

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