EUROPA COM ESCOLHA
Por estes dias a União Europeia (UE) respira melhor, vencidas que foram as principais ameaças populistas e antieuropeias em países como a França, a Holanda ou a Áustria, para exemplificar apenas com os combates com maior visibilidade. A vitória de partidos e candidatos pró-europeus, nesses países e nalguns outros, abriu caminho para um regresso à normalidade, ou seja, para retirar da primeira linha da cena política a dicotomia entre pró-europeus e antieuropeus e colocar à boca de cena a dicotomia democrática natural entre a visão conservadora e a visão progressista para o futuro da Europa. A não aprovação pelo Parlamento Europeu, no seu plenário de julho, de nenhuma das resoluções apresentadas pelos vários grupos políticos sobre o programa da Comissão Europeia para 2018 foi a marca de água e o canto do cisne da grande coligação informal que se formou durante alguns anos para barrar o caminho aos antieuropeus. Uma grande coligação conseguiu esse objetivo maior de travar a deriva populista e nacionalista, mas em simultâneo teve efeitos colaterais muito negativos na estagnação da UE e no congelamento de algumas das políticas que são determinantes para o seu futuro. A partir de agora, ainda que com as fronteiras variáveis próprias da dinâmica democrática, os europeus sabem que se quiserem manter tudo como está devem votar nos conservadores do PPE (Partido Popular Europeu, onde se integram o PSD/PPD e o CDS/PP) e se quiserem ver a UE progredir devem optar pelas alternativas social-democratas e democratas radicais oferecidas pelo grupo S&D (Socialistas e Democratas em que se integra o PS). Nas margens destas opções têm ainda as alternativas liberais e ecologistas pró-europeias. Ficar tudo como está, todos sabemos o que significa de assimetrias, desigualdades e injustiças relativas. A UE precisa de um novo impulso progressista que promova a convergência e mobilize os europeus para enfrentar os novos desafios globais e melhorar a qualidade de vida e as oportunidades no território europeu. A visão progressista para o futuro da UE inclui pilares concretos de ação política, reforçando a dimensão social do projeto europeu, promovendo o investimento estratégico no desenvolvimento sustentável, completando a União Económica e Monetária, dando prioridade à justiça fiscal, reforçando a segurança e a defesa comum, dotando a UE de recursos orçamentais próprios e adotando uma estratégia focada nas pessoas e no combate às alterações climáticas nas negociações políticas e comerciais globais. Quebrada a grande coligação informal desenhada para proteger a europa dos ataques antieuropeus, os seus cidadãos são chamados a escolher democraticamente o rumo para o futuro do projeto europeu. Está restabelecida a normalidade. Que escolham em consciência.