AS CENTRAIS EÓLICAS E O APOIO TÉRMICO
O lóbi eólico gabou-se de que o país tinha sido abastecido vários dias só com fontes renováveis de eletricidade, mas esqueceu-se de explicar o brutal esforço imposto às centrais térmicas…O professor Clemente Pedro Nunes e a sua equipa do IST foram ao site da REN e analisaram o que se passou entre 9 e 10 de maio deste ano. A produção eólica foi largamente excedentária nesses dias, pagando a rede por ela cerca de 90€/MWh, para depois se vender o excesso a Espanha por menos de 10€/MWh. A diferença pagámo-la nós nos famosos CIEG, cuja fatura passou, em 10 anos, de 500 para 2500 milhões de euros, com um consumo praticamente estagnado! Mas como não se sabia a priori se haveria vento, a central a carvão de Sines arrancou às 06h00 da manhã de 9 de maio e manteve-se sempre a funcionar até à meia-noite de 10 de maio por razões de precaução e sempre abaixo do mínimo técnico de funcionamento, o que significa operação altamente ineficiente e com uma emissão de CO2 para a atmosfera! A norte, a central a gás da Tapada do Outeiro, pelas mesmas razões de ser um backup térmico face à intermitência do vento, andou nos dois dias no regime de “para arranca”. Estas situações retratam bem a necessidade de a energia eólica ter, devido à intermitência do vento, o apoio das centrais térmicas, funcionando em situação de péssima eficiência energética e simultaneamente de grande desgaste de material devido a esses regimes do “para arranca”. Esta questão do apoio das centrais térmicas à produção de origem renovável já se colocou, aliás, no início da eletrificação do país através das centrais hidroelétricas, mas foi numa perspetiva anual de regularização entre anos secos e anos húmidos. Com efeito, já na altura se tinha percebido que em anos secos teria que haver uma produção térmica que compensasse a fraca produção hídrica devida a esse ano seco. Mas a intermitência do vento vem dar uma importância e um dramatismo acrescido ao apoio térmico, pois que as centrais térmicas têm que ter uma capacidade de produção que diariamente compense essas variações de potência, da ordem dos milhares de MWs, da entrada e saída da rede das eólicas devido à intermitência do vento. Se não houvesse esse apoio térmico, teríamos, fatal e inevitavelmente, apagões na rede elétrica! Acontece que a produção eólica é proporcional ao cubo da velocidade do vento, o que leva a que com pequenas variações dessa velocidade haja em pouco tempo grandes variações de eólica a entrar e a sair da rede! A REN, para evitar então apagões, tem feito autênticos milagres e tem que recorrer às centrais térmicas, que estão lá para funcionar quando não há vento, compensando essa volatilidade da eólica! Mais uma evidência do exagero de quase 6000 MW de eólica instalada com feed in tariffs. Aliás, a nossa rede necessita apenas nas horas de menor consumo, as chamadas horas de vazio, de uma potência de 3900 MW. Portanto, quando há vento, mesmo que se desligassem todas as outras centrais do sistema, a produção eólica com esses 6000 MW instalados seria largamente excendentária ao consumo que só exigia os tais 3900 MW. Mas como os espanhóis estarão na mesma situação e não precisarão de importar a nossa energia, ou a exportamos para Espanha a preço quase nulo, ou armazenamos esse excesso de energia em centrais de bombagem, que não produzem energias, mas apenas acumulam essa energia excedentária. Assim, muitas das novas barragens anunciadas não vão produzir eletricidade, apenas acumular o excesso de eólica!