No setor da Saúde, na sua opinião, em que medida poderemos considerar as tecnologias de informação como fator crítico de mudança?
As tecnologias de informação são fatores críticos de mudança em todos os setores: são reestruturantes, fazem surgir novos produtos e novos serviços e também novas formas de praticar a gestão e a interação entre todas as partes envolvidas. As profundas mudanças na nossa sociedade, após a Segunda Guerra Mundial, ocorrem a uma velocidade nunca perspetivada, exatamente devido à evolução das tecnologias em geral e das tecnologias de informação em particular. Em qualquer país, a junção das potencialidades das telecomunicações com as capacidades brutais dos dispositivos computacionais revoluciona o quotidiano dos cidadãos. Todos sabemos que o setor da Saúde assenta em enormes quantidades de informação (clínica, administrativa, financeira…) e, por conseguinte, as tecnologias de informação já existentes ou emergentes (cloud, big data processing, dispositivos móveis, integração e interoperabilidade de equipamentos médicos e fluxos de informação, business intelligence tools, nova Internet…) vão necessariamente transformar o modelo atual de funcionamento do setor.
A aposta numa nova arquitetura dos sistemas de informação, no setor da Saúde, pode contribuir para melhorar a eficiência e a qualidade?
As arquiteturas dos sistemas de informação viabilizam o potencial das tecnologias de informação, permitindo e facilitando um acesso e utilização – ajustado, útil, oportuno e correto – da informação por todos os que têm autorização para lhe aceder. O que é determinante numa arquitetura é a simplicidade, a inteligência e a robustez da sua estrutura. Só desta forma se assegura a adesão aos sistemas de informação do momento e igualmente se assegura a acomodação com integração dos novos sistemas de informação.
É possível, no contexto atual, assegurar um adequado alinhamento estratégico entre a utilização dos sistemas e das tecnologias de informação e a reforma estrutural das organizações?
O ponto de partida de qualquer transformação organizacional – reformas mais ou menos profundas – é sempre um dado a que não se pode fugir. Só quando se fazem nascer novas organizações é que se tem este ponto de partida mais aliviado. As reformas estruturais das organizações não se fazem sem transformações profundas nos sistemas de informação. Assim, constitui um desafio de mudança, inovação e êxito para as organizações saberem hoje desenhar o alinhamento entre estas três partes: 1) estratégia da reforma estrutural; 2) estratégia da evolução dos sistemas de informação para acomodar progressivamente a reforma estrutural em marcha; e ainda 3) estratégia de fazer acontecer esta mudança por “ondas” de viabilidade e visibilidade.
Como antevê o papel das tecnologias de informação na sustentabilidade global do sistema de saúde?
Os sistemas e as tecnologias de informação trazem às organizações capacidade para obterem maior excelência nas suas operações (mais eficácia, mais eficiência e mais qualidade), novos produtos e serviços, novas perspetivas de gestão, novos profissionais, novas forças decorrentes das interações com os parceiros, assim como para decidir com base em conhecimento. O setor da Saúde necessita de usar e saber usar as capacidades dos sistemas de informação de forma sustentável, para deles retirar as mais-valias possíveis em cada passo da mudança e transformação decorrentes das estratégias delineadas para o setor. Sem estratégia, sem objetivos, sem planificação e sem liderança, os sistemas de informação não trazem mais-valias.