HELP FLASH

A HISTÓRIA DO DISPOSITIVO. Como uma ideia brilhante mudou o paradigma da segurança rodoviária

Já muitos portugueses conhecem o Help Flash, as suas características e a forma como este mudou o paradigma da segurança rodoviária em Espanha e como está a fazer o mesmo em Portugal. O que a maioria não saberá é como é que surgiu a ideia de um dispositivo que permitisse aos condutores evitar sair dos seus veículos sem antes sinalizar de forma segura e eficaz o incidente.

Como todas as histórias sobre uma ideia “brilhante”, esta também é longa, cheia de voltas e reviravoltas, anedotas e noites passadas em claro. Hoje decidimos lançar alguma luz sobre como o dispositivo luminoso de emergência V16(*) foi criado na Galiza.

As ideias são como as cerejas, uma leva à outra

Acontece, frequentemente, que as sementes das grandes invenções nascem da tentativa de resolver um problema diferente daquele que acabam por solucionar. Algo semelhante aconteceu com o nascimento do Help Flash. A inspiração surgiu a Jorge Torre, criador dos dispositivos Help Flash V16, quando reparou nos carros de polícia descaracterizados. Em caso de emergência, os agentes tinham de colocar uma luz no tejadilho do veículo para os identificar como uma força de segurança em ação. Uma das principais falhas deste dispositivo era a necessidade de estar ligado ao isqueiro do carro.

Outro grande problema com esta luz de emergência era o facto de se ativar automaticamente assim que era ligada ao isqueiro, o que poderia, inadvertidamente, encadear por momentos os ocupantes do veículo

A tomada de consciência destes problemas ajudou Jorge Torre a conceber um sistema que permitisse à polícia sinalizar a sua presença de forma mais conveniente e rápida. E depois veio a questão que revolucionou tudo: e se todos os automóveis pudessem ter uma luz semelhante para situações de emergência? Em Espanha, no final dos anos 90, o número de acidentes causados por ter de sair do carro, montar o triângulo e andar dezenas de metros para o colocar na estrada tinha-se tornado uma realidade alarmante.

O que poderia substituir os triângulos de emergência?

Todos sabemos por experiência própria ou até apenas por imaginar a situação, que colocar corretamente o triângulo de emergência nunca foi uma tarefa fácil. Ainda menos em autoestradas, cruzamentos, túneis, pontes, rotundas ou se o condutor tiver problemas de mobilidade. Já não chegava a questão de ter uma avaria ou um acidente, havia ainda a necessidade de sair do veículo e pôr a sua segurança em risco.

Foi assim que Jorge Torre concretizou a ideia de um dispositivo luminoso semelhante ao utilizado nos carros das forças de segurança. Para o desenvolver, seria necessário modificar a sequência e a cor do flash, eliminar o cabo e substituí-lo por um sistema de alimentação autónomo, elaborar um sistema de fixação às zonas metálicas que resistisse às intempéries e conceber um dispositivo que fosse intuitivo, fácil de usar, autónomo e suficientemente compacto para ser transportado no porta-luvas de um carro ou até mesmo numa moto!

Desenvolvimento das luzes V16: que características tinham de reunir?

Mas este dispositivo que veio alterar os regulamentos rodoviários em Espanha e melhorar a segurança nas estradas, não foi projetado de um dia para o outro.

A verdade é que passei vários anos dedicado a desenvolver uma solução viável”, explica o seu criador, “combinando e adaptando as soluções existentes no mercado, pesquisando por conta própria as soluções LED que surgiram, entretanto, e outras soluções eletrónicas para obter a máxima eficácia de todas as tecnologias existentes através de uma simples bateria“. Eis as conclusões que Torre assumiu sobre as características que um novo dispositivo de sinalização teria de reunir.

  • Destinado a condutores comuns. O dispositivo luminoso tinha de ser de simples utilização, para que pudesse ser ativado intuitivamente numa situação de emergência.
  • Ativação automática por contacto. Jorge Torre estava ciente de que “a solução para o automatismo devia, necessariamente, envolver forças magnéticas, pelo que excluiu um interruptor e optou pela ativação automática no contacto com uma superfície metálica. O local ideal para a sua instalação? O tejadilho do veículo, uma vez que não só evitava que o condutor tivesse de sair do mesmo e retirar o cinto de segurança, como também assegurava uma boa visibilidade, pois era o ponto mais alto onde podia ser colocado. A investigação de Torre sobre tecnologia magnética levou-o a desenvolver o primeiro atuador de indução magnética totalmente automático do mundo, cuja primeira versão foi patenteada em Espanha em 2005, mas que hoje tem formatos novos e muito mais evoluídos sob a forma de dispositivos complexos de conectividade magnética com múltiplas aplicações tecnológicas.
  • Autonomia e luminosidade reconhecível. Para Jorge Torre, era também claro que o dispositivo tinha de emitir uma luz que pudesse ser vista a uma grande distância, ser reconhecível e não dependesse do estado do próprio veículo para garantir a ativação automática.

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