“PORTUGAL VAI CONTINUAR NA RIBALTA PELA ORIGINALIDADE DOS SEUS VINHOS” – Com mais de 500 referências, cerca de 650 milhões de garrafas e mais de 2100 vinhos medalhados com Ouro e Prata, Osvaldo Amado é há 25 anos Enólogo Chefe/Chief Winemaker. Fascinado pela sua profissão, para Osvaldo o mais importante é a produção de vinhos “equilibrados e harmoniosos e que satisfaçam cada público-alvo”. “Cabe ao enólogo tirar partido das uvas que estão ao seu dispor, criando um estilo de vinho que seja notório”, conclui.
Quando nasceu a paixão pelo vinho?
Filho entre nove irmãos, tinha o sonho de ser piloto-aviador. O abandono do curso na escola de Tires ficou a dever-se ao reduzido orçamento familiar e à dificuldade em conseguir pagar os estudos. A opção foi o ingresso na atual Escola Superior Agrária, em Coimbra, por se vislumbrarem muitas ofertas de trabalho. Após a conclusão do curso, que implicava um estágio obrigatório realizado entre a Estação Vitivinícola da Beira Litoral e as Caves Messias, senti-me tão fascina-do que não resisti ao convite do então diretor da Estação Vitivinícola da Beira Litoral, Eng.º Dias Cardoso.
Como foi o início no mundo dos vinhos?
Diria que o início do mundo dos vinhos foi bastante interessante e muito fascinante. Iniciar a atividade na Estação Vitivinícola da Beira Litoral despertou em mim o “bichinho” da experimentação e do rigor. Sendo 2020 a minha 33.ª vindima em Portugal, a que podemos acrescentar as realizadas em Espanha, Itália, África do Sul e Brasil, confesso que ainda hoje me sinto fascinado pela profissão e ainda saio de casa com a emoção do meu primeiro dia de trabalho.
O que têm de especial as suas vinhas?
Eu diria que todas as vinhas são especiais. Quando assim não acontece é porque alguma questão técnica correu menos bem. Costumo dizer com frequência que todos os terroirs são excelentes. A qualidade intrínseca da casta e o estado sanitário da uva são muito importantes, mas cabe ao enólogo tirar partido das uvas que estão ao seu dispor, criando um estilo de vinho que seja notório a partir dessas mesmas uvas.
Como caracteriza os seus vinhos?
Diria que tenho vinhos para todos, nos segmentos de mercado. O meu objetivo é que eles sejam os melhores em cada segmento. Resumindo, tanto na linha económica como nos topos de gama, pretendo é que eles sejam equilibrados e harmoniosos e que satisfaçam cada público-alvo.
Consegue destacar três nomes da sua panóplia de vinhos?
É muito difícil escolher três vinhos para quem já elaborou mais de 500 referências, cerca de 650 milhões de garrafas e tem mais de 2100 vinhos medalhados com Ouro e Prata. Seria injusto comigo mesmo porque me revejo em todos os que faço ou já fiz e para com os próprios vinhos. Confesso que tem sido um desafio permanente produzir o Cabriz Colheita Selecionada Tinto. Tem sido uma luta difícil mas fascinante manter anos e anos este vinho entre os melhores da WS (Wine Spectator), WE (Wine Enthusiast) e WA (Wine Advocate). Dirijo uma palavra de apreço a todos os meus colegas que me têm acompanhado nesta tarefa.
Que projetos tem para o futuro?
Continuar a fazer vinhos que satisfaçam o público-alvo de cada segmento.
Em que ponto coloca Portugal no mundo dos vinhos?
Portugal vai continuar na ribalta pela originalidade dos seus vinhos. As nossa castas são de facto fantásticas e originam vinhos distintos. Pena o atual momento que veio interromper um ciclo que tem sido crescente nos últimos 5/7 anos. Já agora, cá vai um abraço de solidariedade para todos, já que todos nós estamos a ser vítimas desta pandemia que receio provo-car efeitos irreparáveis em muitos de nós