”Se algo de bom acontecer, beba vinho para comemorar. Se algo de ruim acontecer, beba vinho para esquecer. Se nada acontecer, é só beber vinho, que acontece alguma coisa.”
Descreve-se como uma pessoa humilde, honesta, que gosta muito de fazer rir os outros e tenta procurar a perfeição em tudo o que faz.
A Região Monção e Melgaço, a Provam, o Alvarinho, foram alguns dos temas abordados na entrevista ao enólogo Abel Codesso.
Um enólogo de Melgaço com estrela em Monção… será ou é especulação?
Eu acho que a estrela se deve ao trabalho desenvolvido na região, que me viu nascer.
No mundo fora da adega, é conhecido como o enólogo que abre os braços e não esconde os seus segredos. Será a sua personalidade uma das características que o distingue, colocando-o no pódio?
Tudo o que sei devo-o à minha constante busca e espírito irrequieto. As viagens foram muito importantes, mas as pessoas (mentores) foram ainda mais relevantes, pois transmitiram-me muito do seu conhecimento. A minha personalidade ajudou-me muito ao longo da minha vida e da minha carreira, abrindo-me muitas portas e fazendo grandes amigos. Sim, a minha personalidade distingue-me bastante. Tanto é, que não sou capaz de trabalhar com ninguém de quem eu não goste como pessoa. Todos os meus clientes são meus amigos, quando isso deixa de acontecer, a relação laboral termina.
Quais os propósitos da criação da marca Provam: para ajudar ou para mostrar ao mundo que estamos no meio dos melhores?
A marca Provam surge da vontade de 10 amigos, que queriam colocar no mapa a sua terra e os seus vinhos. Hoje, queremos mostrar ao mundo que elaboramos um dos melhores brancos e que viemos para ficar.
Sente que o Alvarinho está no seu expoente máximo ou ainda vamos a meio caminho com algumas coisas a modificar?
Não, mas já foi feito muito trabalho, há um longo caminho a percorrer. Somos uma região jovem, com muitos sonhos por realizar. Temos uma aptidão brutal para elaborar vinhos tranquilos e espumantes de elevada qualidade. Coisas a modificar vão existir sempre, pois o mundo está em constante mutação.
Se pudesse escolher uma região para fazer o vinho que o define como enólogo, qual escolheria, em Portugal ou no estrangeiro?
A região de Monção e Melgaço e a região de Champagne.
O que sente quando falamos de Monção e Melgaço?
Sinto um orgulho enorme e ao mesmo tempo uma vontade de fazer mais e melhor.
De hoje em diante quais os grandes desafios e benefícios que vamos encontrar na produção dos nossos vinhos verdes?
Neste momento temos vinhos verdes de grande qualidade, mas vamos ter que ajustar preços para que os produtores de uva possam viver do seu trabalho dignamente.
Serão os vinhos verdes únicos no mundo, ou será que temos concorrentes que possam almejar esta autenticidade?
São únicos, claramente. A CVRVV (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes) tem feito um trabalho de relevo na promoção e defesa da região.
Quais os próximos passos a dar no mundo da enologia e vínico, para se sentir um homem realizado e com a sensação de dever cumprido?
Quando a região de Monção e Melgaço for reconhecida no mundo como uma das melhores regiões vitícolas e quando conseguir elaborar um espumante que a “mim” me encha as medidas.