RENAULT

27344963585_1a26f0371a_oPAIXÃO PELO DESPORTO AUTOMÓVEL

A Renault compreendeu há muito tempo a importância do desporto para um construtor automóvel, por isso mesmo, mantém, há mais de 115 anos, a paixão pelo desporto automóvel. As vitórias têm sido mais que muitas e o sucesso é o único objetivo para a marca.

Louis Renault apercebeu-se, muito cedo, da importância dos feitos desportivos no desenvolvimento da imagem da marca. Assim, no dia 24 de dezembro de 1898, demonstrou a superioridade da sua primeira grande inovação: a transmissão de tomada direta. A sua Voiturette Tipo A foi o primeiro veículo a subir a íngreme rua Lepic, em Montmartre. Incentivada por este sucesso, a Renault aventurou-se na competição automóvel e conquistou uma série de vitórias em Grandes Prémios. O Renault Type K, equipado com o primeiro motor concebido pela Renault, destacou-se, nomeadamente em 1902, no Paris-Vienne. Aliás, a primeira grande vitória da Renault remonta exatamente a esse ano, com o triunfo de Marcel Renault. Três Type K e quatro Voiturettes foram inscritos pela marca para competir, lado a lado, com adversários como o Mercedes do conde Zborowski ou o Panhard de Henry Farman. O percurso incluía vias íngremes e sinuosas, para além de uma terrível passagem pelos Alpes. O sucesso de Marcel Renault, a uma velocidade média de 62,5 km/h, marcou o nascimento de um concorrente muito sério em todas as disciplinas do desporto automóvel. Em 1906, a Renault inscreveu-se no primeiro Grande Prémio da história, que foi disputado nas ruas dos arredores de Le Mans. Com o Type AK, dotado de um chassis leve e de um motor de 12,9 litros e quatro cilindros, o húngaro Ferenc Szisz impõe-se ao fim de mais de 12 horas de corrida, sob um calor sufocante e numa pista quase em estado líquido. De referir que esta vitória contribuiu para aumentar as vendas da marca francesa durante vários anos.

Conquistar recordes26738585163_2c3696364e_o

Durante os anos 1920 e 1930, a Renault concentrou-se nos recordes de velocidade e desenvolveu, em 1926, o espetacular Renault 40CV Type NM. Equipado com um motor de 9,0 litros e um único lugar, uma carroçaria aerodinâmica tipo coupé e rodas visíveis, este automóvel concluiu as 24 horas à velocidade média de 173 km/h. Um número realmente impressionante para um automóvel daquela época. Em 1930, a Renault produziu a gama Nerva e continuou a perseguir recordes nas estradas da Europa e de África. Com as suas curvas inspiradas na aviação e com os seus oito cilindros em linha, o Nervasport falhou por duas décimas de segundo a vitória no Rali de Monte Carlo de 1932. No entanto, impõe-se nos ralis de Monte Carlo e Liège-Roma-Liège, em 1935, e terminou o Rali de Marrocos na segunda posição, atrás do Bugatti. No circuito de Montlhéry, este automóvel revelou-se ainda mais eficaz e, em abril de 1934, um Nervasport especialmente preparado para a ocasião registou vários recordes de resistência em todas as categorias. O design da sua carroçaria veio a influenciar as linhas dos futuros Renault. Concebido após dois anos de testes em túnel de vento, o Étoile Filante pisou os lagos salgados de Bonneville (Utah, Estados Unidos), em setembro de 1956. Dotado de uma soberba cor azul, este automóvel absolutamente invulgar dispunha de um chassis tubular e de duas grandes “asas” semelhantes às de um avião. O revestimento de poliéster escondia uma turbina ultrapotente, que desenvolvia 270 cv às 28 mil rpm, e uma transmissão transfluida. Logo nas primeiras voltas, o seu designer, Jean Hébert, estabeleceu um novo recorde de velocidade nos 308,85 km/h. Um feito que ainda não foi ultrapassado!

26738655023_7bec55fcc4_oRenault Sport

A Renault Sport foi fundada em 1976 e, nesse mesmo ano, foi lançado um programa de desenvolvimento de monolugares. Os Renault com motor sobrealimentado mostraram-se diabolicamente rápidos no Campeonato do Mundo FIA de Sport, com séries de pole positions e melhores voltas da corrida. Em 1978, Didier Pironi e Jean-Pierre Jaussaud arrebataram uma vitória histórica nas 24 Horas de Le Mans. Após este sucesso estrondoso, a Renault pôde então concentrar-se na etapa seguinte: a Fórmula 1.Em 1976, o construtor francês iniciou, discretamente, testes em pista com uma versão 1,5 litros do seu V6. Várias corridas foram programadas para a época seguinte. Isto porque há já alguns anos que o regulamento técnico da disciplina autorizava a utilização de um motor sobrealimentado, mas até então ninguém se atrevera a dar esse passo. Ninguém antes da Renault. Alimentado por um V6 turbo, o RS01 faz a sua estreia no Grande Prémio da Grã-Bretanha de 1977. Confiado a Jean-Pierre Jabouille, a “chaleira amarela” não viu a bandeira de xadrez, mas sem dúvida que marcou os espíritos. Até ao final do ano, seguiram-se outros quatro Grandes Prémios, permitindo à Renault adquirir uma preciosa experiência. A aprendizagem continuou ao longo da época de 1978, até que Jabouille conquistou os primeiros pontos da Renault na F1 – os primeiros com um motor turbocomprimido – qualificando-se em quarto lugar no Grande Prémio dos Estados Unidos. A passagem ao motor com turbo duplo no Grande Prémio do Mónaco de 1979 representou um progresso tangível. A equipa resolveu, finalmente, os problemas dos tempos de resposta, e Jabouille obteve uma primeira vitória histórica em casa, depois de ter partido da pole position em Dijon. Continuamente na senda dos ralis, a marca sagrou-se campeã do mundo de construtores, em 1973. Em 1977, Guy Fréquelin sagrou-se campeão de França de ralis, com o Alpine A310 Grupo 5.

Investimento na Fórmula 1

27247456182_f693592de1_oO investimento da Renault na Fórmula 1 começou a dar frutos e, em 1983, a marca ocupou a segunda posição no pódio do Campeonato do Mundo com Alain Prost, vencedor de quatro Grandes Prémios. No mesmo ano, a Renault tornou-se, pela primeira vez, fornecedora de motores de uma segunda escuderia, associando-se à Lotus. Outros acordos para o fornecimento de motores foram, em seguida, celebrados também com a Ligier e Tyrrell. No Grande Prémio de Portugal, de 1985, Ayrton Senna obteve a sua primeira vitória na F1 com um V6 Renault. No final de 1985, a equipa de fábrica cessou as suas atividades para se concentrar no seu papel de fornecedora de motores. A Renault voltou oficialmente à Fórmula 1 no final dos anos 1980, desta vez em parceria com a Williams. Desde a primeira campanha, a nova equipa alcançou duas vitórias em Grandes Prémios, a que se seguiram outros dois em 1990. Nigel Mansell, que conhecia os motores Renault desde a sua passagem pela Lotus, juntou-se à equipa no final do ano. Seguiu-se um extraordinário período de sucessos e, no fim do ano de 1991, a equipa Williams-Renault era já o alvo a abater. Mansell destacou-se na temporada de 1992 e ofereceu o seu primeiro título mundial à Renault. O antigo piloto da Renault Alain Prost juntou-se à Williams em 1993 e também ele voltou a erguer a taça antes de se retirar. Outras épocas de grande sucesso se seguiram, em 1996, com Damon Hil, e em 1997, com Jacques Villeneuve.  A Williams-Renault foi também uma união Campeã do Mundo de Construtores em 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997. Em 1995, a Renault reforçou o seu envolvimento, celebrando uma nova parceria com a escuderia Benetton. Michael Schumacher obteve o título mundial de pilotos, ao mesmo tempo que a Benetton se impôs nos construtores. Com as suas duas equipas clientes, a Renault conquistou seis títulos mundiais consecutivos, entre 1992 e 1997. Entre 1995 e 1997, a marca do losango venceu 74% das competições disputadas. A Renault retirou-se oficialmente da disciplina no final da temporada de 1997.  A Williams, a Benetton e, mais tarde, a nova escuderia BAR passaram a utilizar motores de origem Renault sob as designações Supertec, Mecachrome e Playlife.

27274794601_6e0c5bbe3e_o(1)O regresso à F1

A ausência oficial da Renault nas grelhas de partida não durou muito e, no início de 2001, a marca anunciou a compra da escuderia Benetton para regressar como construtor. Durante essa temporada, a Renault foi a fornecedora de motores dos carros saídos de Enstone, até que a estrutura renasceu, no ano seguinte, sob o nome de Renault F1 Team. Em 2003, Fernando Alonso conquistou na Malásia a primeira pole position da equipa. O jovem espanhol conseguiu ainda melhor na Hungria, onde assina o primeiro sucesso do Renault F1 Team. No ano seguinte, Jarno Trulli ofereceu a vitória à Renault na mais prestigiada prova automobilística: o Grande Prémio do Mónaco. Em 2005, Alonso foi a figura do momento, uma vez que se tornou Campeão do Mundo de Pilotos enquanto a Renault se impôs nos construtores, com oito vitórias do espanhol e do seu companheiro de equipa Giancarlo Fisichella. Apesar da importante revolução tecnológica que representou a passagem do V10 para o V8, a Renault continuou a sua história de sucesso em 2006. Com oito vitórias em Grandes Prémios, a Renault disputou com a Ferrari a conquista de títulos, mas a capacidade de inovação da marca francesa traz-lhe uma nova dobradinha. Em 2007, a Renault assinou uma parceria com a Red Bull Racing e os monolugares azuis não tardaram a revelar-se extremamente eficientes. Em 2010, Vettel conquistou, finalmente, o título e tornou-se o mais jovem campeão do mundo da história da disciplina. A escuderia Red Bull-Renault arrebata o título de Construtores.

Uma nova aventura27345087945_f02305afba_o

O ano de 2014 foi um ano de revolução na Fórmula 1 com um avanço radical na tecnologia de motores. O novo grupo propulsor da Renault na F1 combinou a arquitetura da antiga geração de motores sobrealimentados com potentes motores elétricos e uma série de sofisticados sistemas de recuperação de energia que reduzem o consumo em 40%. A Renault continuou a fornecer a Red Bull Racing e a sua escuderia-irmã, a Toro Rosso, bem como a Lotus F1 Team. Depois de reanalisar profundamente a sua estratégia, a marca anunciou, no final de 2015, o seu regresso à alta competição como construtor. Com uma história tão longa quanto rica, sem dúvida que os sucessos do passado são uma extraordinária fonte de inspiração e de motivação para as atuais equipas.