O TRUNFO DA SEDUÇÃO – Num mundo repleto de soluções focadas apenas no lucro ainda há marcas que, felizmente, tentam fazer com que o consumidor se apaixone por alguns dos seus produtos. O novo BMW Série 8 é um desses casos. Duas décadas depois da sua primeira geração, o número oito está de volta à família da BMW com um modelo totalmente novo. O novo BMW Série 8 tem a missão de fazer com que se apaixonem por ele, mas começou por se apresentar ao mundo num ambiente um pouco diferente do habitual. A sua primeira versão foi a de competição, criada em paralelo com a versão de estrada, mas já focada em provas como as 24 horas de Sebring, onde fez a sua estreia. O BMW M8 GTE nasceu para captar a atenção dos mais apaixonados pela marca, mas também para descobrir se uma versão de estrada iria ser bem aceite. Mas a verdade é que, desde que ouvimos falar em designações começadas com o número oito, ficámos desejosos de conhecer este novo modelo. A primeira geração do BMW Série 8 foi apresentada mesmo no final dos anos 1980, no salão de Frankfurt, e esteve em produção durante os anos 1990. Foi o primeiro BMW a incluir uma motorização de 12 cilindros em V, aliada a uma caixa de velocidades manual, mas também o primeiro a contar com a presença de uma suspensão multibraços no eixo traseiro. O desenho da carroçaria era simplesmente apaixonante, com a ausência do pilar central e com um capot bastante longo que incluía um sistema de faróis escamoteáveis. O Série 8 original é, ainda hoje, um modelo com bastante procura pela sua originalidade, mas também pelo facto de não terem sido produzidas muitas unidades. E é por isso que a curiosidade sobre este novo modelo era tão grande.
Elegância extrema – A imagem de família está de acordo com os modelos mais recentes da marca, mas com este novo coupé a BMW conseguiu algo que não é tão fácil nos dias que correm. Apesar de não contar com linhas demasiado arrojadas e inovadoras, tal como o modelo original na sua época, o novo Série 8 Coupé consegue fazer com que olhemos para trás quando saímos do carro e consegue-nos fazer olhar para ele com mais atenção, com o objetivo de descobrir cada detalhe da carroçaria. A sua elegância extrema confere-lhe uma imagem distinta e sóbria, mas também poderosa e encorpada, e a atenção ao detalhe na elaboração de cada componente passou para um patamar que até está acima do que costumamos encontrar na própria marca. Junto do novo Série 8, as suas linhas quase que nos hipnotizam e nem nos apercebemos muito bem dos seus quase cinco metros de comprimento e dois de largura, mas com a altura de um desportivo, que quase nos obriga a deslizar para o habitáculo. Na parte da frente do novo Série 8 estão os faróis mais esguios de sempre num modelo de produção da BMW, que podem receber a tecnologia de iluminação em laser, em conjunto com o sistema totalmente em LED. O novo desenho dos rins foi também estreado com este modelo e assume uma presença ainda maior na secção dianteira, sendo construídos numa peça única, em vez de em duas paralelas como acontecia até agora. A secção traseira conta com duas óticas horizontais, que parecem servir de encaixe para o topo da tampa da bagageira e a sua considerável asa integrada, que termina da melhor forma a elegância de todo o conjunto. As linhas laterais da carroçaria e o seu formato dão origem a jogos de luz e sombras que ganham ainda mais destaque com as cores novas existentes, tais como o azul Ridge Mountain, o azul Barcelona ou o mais vistoso laranja Sunset.
A bordo do Série 8 – Uma vez a bordo do Série 8, é altura de apreciar uma insonorização bastante cuidada e o tal ambiente de requinte necessário para rivalizar com diversos modelos de topo. É por isso que a escolha dos materiais é das mais cuidadas da marca e que a atenção ao detalhe também chega agora a patamares mais elitistas. No interior do Série 8 conseguem viajar quatro pessoas com uma boa dose de conforto, mas claro que quem é apaixonado por automóveis vai querer sempre ocupar um dos lugares da frente, especialmente aquele que inclui o volante e os pedais. É neste assento que começamos a descobrir muitas das novidades deste modelo, começando pelo novo desenho do painel de instrumentos, totalmente digital, e que viu os tradicionais mostradores redondos substituídos por outros de visual mais moderno. No caso do conta-rotações, do lado direito da instrumentação, o seu movimento passa a ser feito no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Poderá não ser a melhor opção para os mais puristas, mas a verdade é que liberta uma área enorme no centro da instrumentação, que pode ser agora utilizada para um variado leque de opções, tais como o mapa do sistema de navegação ou informações ainda mais detalhadas do computador de bordo. Na consola central marcam agora presença elementos como o comando da caixa de velocidades em vidro, com o número oito gravado no seu interior, sendo que o vidro pode também chegar ao comando rotativo do iDrive e até ao botão destinado a ligar e a desligar o motor. Da (muito) extensa lista de extras disponíveis para o Série 8, destaque ainda para os sistemas de som mais elaborados, destinados aos dias em que o som do motor V8 ou do sistema de escape desportivo já não forem suficientes para lhe melhorar o dia. E é aqui que entram marcas como a Harman Kardon ou a Bowers & Wilkins, com duas propostas capazes de nos encantar os ouvidos e fazer-nos querer chegar propositadamente mais tarde ao destino. Apesar disto, a conectividade com o mundo também é algo que o Série 8 não dispensa, e é por isso que estão disponíveis melhorias de software mais frequentes sem que o utilizador quase dê por isso, ou mesmo uma integração com a sua conta do Office e até do Skype. E se quiser, até a chave do carro poderá ser substituída pelo seu smartphone.
Motorizações disponíveis – Em termos de motorizações, há uma solução para cada tipo de combustível. Na versão 840d está presente a mais recente geração do bloco de seis cilindros em linha da BMW, que já conheceu inúmeras versões e recebeu diversos prémios ao longo dos últimos anos. Trata-se do bloco de 3 litros, que recorre à dupla sobrealimentação para conseguir uma potência máxima de 320 cv e uns poderosos 680Nm de binário, disponíveis em regimes tão baixos como as 1750 rpm. Consegue alimentar o sistema de tração integral do Série 8 da melhor forma e locomover os seus 1905 quilos como se estes tivessem passado por uma enorme cura de emagrecimento e fossem agora muito menos. Além disso, esta motorização ainda tem o dom de conseguir médias de consumo muito comedidas, quando optamos por um ritmo de condução mais moderado, daqueles que nos dão tempo para apreciar a paisagem e deixar os quilómetros passar. Se não for esse o objetivo e o pé direito estiver mais pesado que o habitual, a versão 40d também consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em 4,9 segundos, ao mesmo tempo que nos mostra uma sonoridade muito mais cativante daquela a que estamos habituados a ouvir num motor diesel, graças à presença de um sistema de escape desportivo especificamente afinado para esta versão. Se os diesel não forem mesmo a sua praia e preferir o combustível mais adequado aos grandes desportivos, a proposta da BMW, para já, é a versão M850i que também conta com o sistema de tração integral xDrive, mas tem uma outra surpresa debaixo do capot. Trata-se de um bloco de oito cilindros em V, com 4,4 litros de capacidade e que é assinado pela M Performance. O sistema de sobrealimentação TwinPower Turbo está encaixado entre as duas bancadas de cilindros, tornando esta motorização bastante compacta. Mas não é por isso que apresenta números desinteressantes, bem pelo contrário. A potência máxima alcança os 530 cavalos, enquanto o binário se apresenta com um respeitável valor de 750Nm, disponível de uma forma constante entre as 1800 rpm e as 4600 rpm. Em termos de prestações, a BMW indica-nos que o arranque dos 0 aos 100 km/h demora apenas 3,7 segundos.
Avanço tecnológico – Para colocar tudo isto em estrada da melhor forma possível, seja um circuito, uma estrada de montanha ou apenas o tradicional trajeto junto à costa que adoramos fazer, o Série 8 disponibiliza várias soluções que estão de acordo com o avanço tecnológico de todo o conjunto. Para começar, o sistema de tração integral xDrive está presente de série em todas as versões, mas além das quatro rodas motrizes, o Série 8 conta ainda com um sistema de quatro rodas direcionais. Na versão M850i, o diferencial traseiro desportivo de comando eletrónico oferece uma dinâmica ainda mais apurada e, através de um pequeno motor elétrico, consegue fazer passar potência de uma roda para a outra no eixo traseiro, ajustando a trajetória deste coupé da melhor forma possível, ao mesmo tempo que oferece um nível de segurança mais elevado.
Versões aguardadas – Ao contrário do que aconteceu com o modelo original, produzido nos anos 1990, o novo BMW Série 8 não vai ficar apenas limitado ao formato coupé, uma vez que já são conhecidas mais receitas sobre este mesmo tema. Além do M8 GTE de competição que deu início a esta aventura e da versão coupé que teve a sua apresentação internacional à imprensa em solo nacional, também já se encontra disponível o Série 8 Cabrio destinado a aproveitar o sol e o ambiente que o rodeia da melhor forma possível. Mas a BMW não vai ficar por aqui e o Série 8 também terá a designação GranCoupé na sua gama, um formato elegante com uma carroçaria de quatro portas. E no final, a cereja no topo do bolo é que todos estes formatos vão receber uma versão com a assinatura da M, que estará equipada com um motor semelhante ao que já conhecemos no M5, ou seja, um V8 Biturbo com a potência máxima a rondar os 600 cavalos. O primeiro dos M8 está já previsto para o final do verão, e estamos seguros de que não nos vai deixar menos impressionados do que ficámos com as linhas desta nova geração do Série 8, até porque as suas prestações e desempenho dinâmico também nos vão trazer diversas surpresas e dar origem a sistemas de controlo que têm tudo para nos deixar ainda com um sorriso mais rasgado ao volante.