A SURPREENDENTE VISITA DO PAPA BENTO XVI A PORTUGAL
Portugal ficou petrificado de 11 a 14 de Maio. O Papa Bento XVI surpreendeu tudo e todos com a sua simpatia, amabilidade e polidez na atitude, e com a sua profundidade, fortaleza e audácia, nos discursos que nos dirigiu. Acima de tudo demonstrou um grande respeito, preocupação e carinho por Portugal e pelo seu povo, referindo-se várias vezes à “Gloriosa Nação”.
Os portugueses revelaram genuinamente a sua hospitalidade e a sua alegria em receber não só o chefe da religião maioritária, mas também o chefe do Estado que, em 1179, pelas mãos do Papa Alexandre III, reconhecia a independência de Portugal e Dom Afonso Henriques como seu rei. A nossa ligação ao Vaticano e ao Cristianismo revela-se mais do que uma ligação espiritual, é também uma ligação de génese, cultural e identitária. A história de Portugal esteve assim sempre marcada pela matriz cristã que serviu de farol para todas as iniciativas de grande envergadura nacional, como a formação e definição do território português, passando pelas descobertas e expansão ultramarina. Mas esta matriz também ficou bastante presente na vida das famílias, que coincidiram desde sempre as suas reuniões e encontros com as festas litúrgicas, nomeadamente o Natal e a Páscoa. De facto, Portugal é neste aspecto não só conhecido como país em que as relações familiares são mais intensas, como também em que se dedica maior cuidado a estas festas, nomeadamente na gastronomia.
Um pouco de História
O Papa referiu-se a Portugal como a “nação fidelíssima” à Igreja, no duplo sentido de guardiã da Fé e da nossa identidade. Portugal ficou mundialmente conhecido pela sua contínua ligação e respeito à Santa Sé, nomeadamente no período da Expansão, a instituição que então servia de plataforma ao diálogo das nações e que foi impulsionadora e depositária dos novos espaços e saberes que o País mostrava. Ela foi o centro de confluência de novos mundos, povos, saberes, montra da criação que se revelava. Ficaram famosas as embaixadas de Dom Manuel I, que davam a conhecer a Roma o exotismo de África, Oriente e Brasil, nas suas gentes, produtos e animais, como o elefante e o rinoceronte, desconhecidos de então, oferecidos ao Papa Leão X. Este, percebendo e reconhecendo a importância da missão que Portugal tinha para a Europa e para o Mundo, atribuiu uma festa litúrgica do Anjo Custódio de Portugal, para que este defendesse sempre a nossa pátria, festa que ainda hoje se celebra no dia 10 de Junho. Dom João V, rei que, com a ajuda da Santa Sé, efectivamente restaurou a acreditação da independência de Portugal na Europa e no mundo, ficou também conhecido pela magnificência da embaixada que enviou ao Vaticano. (…)