AUSTERIDADE SIM, MAS MAIS DEVAGAR!
A terceira edição das Conferências do Estoril ficou marcada pela defesa das medidas de austeridade que a Europa tem vindo a aplicar, mas com a certeza de que elas têm que ser aplicadas num ritmo mais lento, a bem das populações.
“Global Economy: Prospects and Challenges” (“Economia Global: Perspetivas e Desafios”) foi o tema das conferências do Estoril nesta terceira edição que decorreu no início de maio. Patrocinadas pelo Banco Mundial e coorganizadas por diversas universidades europeias, de Israel, Estados Unidos e Brasil, estes encontros contaram com mais de 80 oradores convidados, entre os quais o primeiro-ministro português, Passos Coelho; o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy; o ex-presidente sul-africano Frederik de Klerk; o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e a ativista de direitos humanos iraniana distinguida em 2003 com o Nobel da Paz, Shirin Ebadi. A aplicação de um imposto sobre os depósitos bancários no Chipre, a sustentabilidade das finanças públicas portuguesas, o desemprego, a falta de solidariedade europeia e a necessidade de continuar a aplicar medidas de austeridade mas de forma mais lenta foram alguns dos temas que marcaram as intervenções dos políticos e líderes internacionais presentes neste evento promovido pela Câmara Municipal de Cascais. O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, aproveitou para dramatizar a importância do período pós-troika e insistir num consenso em torno dos objetivos que Portugal tem pela frente nos próximos meses e anos, acreditando que só assim o país pode ter “uma relevância internacional muito maior do que a dimensão da nossa economia ou a nossa demografia permitiriam alcançar”. Confiante de que Portugal não está condenado a ser vítima da globalização e pode assumir um protagonismo na Europa e no mundo, Passos Coelho apelou ao “apoio dos que gozam hoje de uma posição mais forte aos que estão numa posição mais vulnerável”, considerando que só assim a União Europeia terá sucesso. “A tarefa europeia de Portugal consiste em conciliar o respeito escrupuloso das regras gerais e dos tratados com uma maior flexibilidade para a promoção do crescimento, de reindustrialização e do emprego”, prosseguiu. E para Portugal não há segundas oportunidades: “Se porventura falharmos, então o projeto europeu sofrerá um revés de consequências imprevisíveis”, alegou. (…)