A CRISE DA MEIA-IDADE NOS QUADROS SENIORES EM PORTUGAL
Os quadros com mais de 45 anos, quando perdem os empregos, terão que equacionar oferecerem-se como consultores seniores experts nas áreas que dominam ou oferecerem-se para funções de Interim Management, cujas oportunidades estão a crescer consideravelmente nos principais centros de decisão da Europa.
E se de repente se começar a aperceber de que a sua empresa o deixou de convocar para as reuniões em que habitualmente participava ou que lhe estão a subtrair responsabilidades que passaram a ser assumidas por um colega ou mesmo pela sua chefia. Entre muitos outros, estes serão, no imediato, dois dos “sintomas” que o deverão alertar para a necessidade de iniciar a procura proativa de um novo desafio profissional em Portugal, ou mesmo nos principais centros de decisão das multinacionais no estrangeiro. A opinião é expressa por Jorge Fonseca, partner e fundador da GEORGE Recruiters and Career Change Consultants, dedicada à assessoria de executivos e parceira do Grupo Rumos, empresa de referência nas áreas da educação e formação em Portugal. Para Jorge Fonseca, o retrato da situação que atinge hoje um número substancial de quadros seniores está claramente identificado – agravado em Portugal pela crise financeira dos últimos anos –, e muitos dos atingidos são também todos aqueles que estagnaram na carreira e não anteveem perspetivas de evolução na sua atual empresa ou área de atividade: “em economias estagnadas, cujo PIB cresce abaixo dos 5% ao ano, geram-se muito poucas oportunidades de evolução profissional, o que obriga a maioria dos profissionais ambiciosos a terem que equacionar mudar de empresa sempre que ambicionam ter aumentos salariais expressivos (>10%) e/ou promoções a posições de maior responsabilidade. Mesmo as promoções já quase não geram aumentos salariais minimamente expressivos. A única possibilidade é a mudança de empresa e, por vezes, de país ou zona geográfica. Adicionalmente, a globalização está a levar um crescente número de multinacionais a reduzir o headcount e a acabar com muitas posições que antes eram exercidas em Portugal e a centralizá-las em shared services sedeados num qualquer país da europa (por exemplo: funções de finance & accounting, helpdesk & tecnologias, recursos humanos, marketing, etc.)”.
Como perspetivar então o futuro?
Se a crise dos últimos anos afetou em grande escala os quadros seniores, está o panorama a mudar? Como em tudo, não há respostas certas nem erradas, avança Jorge Fonseca, centrando a questão num foco muito objetivo: “os quadros com mais de 45 anos, quando perdem os empregos e/ou começam a sentir-se estagnados, terão que equacionar oferecerem-se como consultores seniores experts nas áreas que dominam ou oferecerem-se para funções de Interim Management (projetos com a duração de três meses a dois anos), cujas oportunidades estão a crescer consideravelmente nos principais centros de decisão da Europa (República da Irlanda, Reino Unido, Luxemburgo, …). Adicionalmente, os quadros seniores deverão cada vez mais procurar estar update nas suas áreas de expertise, tendo em conta as novas tendências do mercado (Digital/ Mobile Marketing, novas tecnologias, e-Commerce, …), através da frequência de ações de formação de curta duração e da leitura contínua de revistas e livros da sua especialidade, como fazem há muitos anos os mais reputados médicos especialistas”.
Ciclo de mudança
E é neste ciclo de mudança que faz todo o sentido falar de Career Change, adianta Jorge Fonseca, visto que os programas da GEORGE Career Change Consultants permitem reduzir e otimizar substancialmente os tempos de procura de novos desafios profissionais em Portugal e no estrangeiro. Na realidade, a clara maioria dos profissionais que procuram um novo desafio não tem perceção da real dinâmica dos mercados de trabalho a que se candidatam, a que funções se devem candidatar e quem contactar, de forma a conseguirem as tão desejadas entrevistas nas empresas que previamente idealizaram. Nos dias de hoje, dado o elevado número de profissionais desempregados e insatisfeitos, a publicação de um qualquer anúncio gera centenas de respostas, o que reduz consideravelmente a hipótese de ser contactado por essa via para uma primeira entrevista (em 600 a 700 respostas a um anúncio, apenas 10 a 15 CV serão contactados para uma possível entrevista). Tudo isto sem esquecer que, contrariamente ao que a maioria das pessoas pensa, as empresas de recrutamento e headhunting preenchem um pequeno número das vagas disponíveis no mercado, em especial vagas de empresas multinacionais, com processos de seleção muito standard.