ALDEIAS DE XISTO

IMG_8531UM MUNDO A DESCOBRIR

Distribuídas pela Região Centro, num território de enorme beleza, as 27 Aldeias do Xisto oferecem experiências realmente únicas. São lugares com cheiro a lenha e pão acabado de fazer, cheios de saberes e tradições, onde o tempo ainda corre ao ritmo da natureza.

Escondidas entre serras de vegetação frondosa, as Aldeias do Xisto são um dos segredos mais bem guardados do nosso país. Neste mundo quase mágico, onde as horas passam mais devagar, vivem populações acolhedoras com tempo para receber bem quem os visita. E também para partilhar as suas histórias, as suas artes e as suas tradições, sem esquecer, claro, a gastronomia cujos segredos vão passando de geração em geração. Este território preservado tem também castelos que parecem ter saído de contos de fadas ou monumentos e museus que testemunham como era a vida há muitos anos atrás. Mas muito do seu encanto está na natureza pura. Nas praias fluviais de água cristalina onde é possível passar momentos de descontração, nas florestas para descobrir a pé seguindo os “Caminhos do xisto” ou nos trilhos de bicicleta definidos pelos Centros de BTT de acordo com vários níveis de dificuldade, que disponibilizam também apoio aos praticantes. Há ainda outras alternativas para os visitantes mais radicais, como a canoagem, a escalada, o rappel ou o slide.  Chamadas “do xisto” por ser esta a pedra usada na construção das casas e a mais abundante na região, as 27 aldeias espalham-se pelas serras da Lousã e do Açor, até perto da serra da Estrela, e são atravessadas e circundadas por uma boa rede viária. As várias tonalidades desta rocha, também usada nos pavimentos das ruas estreitas e sinuosas, misturam-se de forma perfeita com as cores da paisagem natural, oferecendo aos visitantes um cenário magnífico e praticamente inesquecível. De referir que este projeto é realmente único e notável, uma vez que surgiu num dos territórios mais desfavorecidos do interior do país.

Vestígios visíveisAldeia Janeiro de Cima

Existem vestígios de uma ocupação do território das Aldeias do Xisto desde os tempos pré-históricos, seja nas gravuras rupestres, encontradas à beira-Zêzere, na Barroca, ou nos vestígios e achados arqueológicos do período Neolítico ou Bronze I encontrados em Góis. Romanos, bárbaros e árabes também por aqui deixaram os seus vestígios, em algumas pontes, calçadas e nomes de locais. A fixação das populações nas aldeias deu-se por força das atividades pastoris e agrícolas. Mas é na época medieval que se dá o povoamento ou a expansão generalizada das Aldeias do Xisto, algumas por se encontrarem em pontos estratégicos de rotas comerciais, como Sobral de São Miguel, Fajão e Aigra Velha (considerada uma autêntica estação de serviço dos tempos antigos); outras por aquartelamentos de ordens religiosas, como Álvaro; e uma única por decreto régio, como é o caso de Sarzedas, a única destas aldeias com título nobiliárquico. Existem também evidências da época Filipina, numa ponte de Pedrógão Pequeno, e recordações do saque napoleónico. Contudo, as aldeias atravessaram um período de desertificação e abandono em meados do século XX, quando as suas populações partiram em busca de melhores oportunidades. Hoje, assiste-se a um repovoamento e renovação destas comunidades, que as faz revestirem-se de futuro.

Aldeia de GondramazDescobrir o sonho

A rede das Aldeias do Xisto é um projeto de desenvolvimento sustentável, de âmbito regional, liderado pela ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, em parceria com 21 municípios da Região Centro e com cerca de 100 operadores privados que atuam no território. A ADXTUR congrega assim as vontades públicas e privadas de uma região, que se revêm na gestão partilhada de uma marca, na promoção conjunta de um território, na criação de riqueza através da oferta de serviços turísticos e, finalmente, na preservação da cultura e do património do mundo rural beirão. Com o projeto rede das Aldeias do Xisto, esta zona da Região Centro começa a abandonar o estigma da desertificação humana, do flagelo dos fogos florestais, da inércia do setor privado e da falta de identidade regional. Hoje, este território oferece uma marca diferenciadora e com uma identidade vincada, que promove os valores únicos do território, a sua oferta turística e os serviços e produtos dos seus parceiros, através de um calendário de eventos culturais únicos, criativos e diretamente ligados às tradições locais. O contacto direto com as populações e a sua cultura, bem como o pleno usufruto da paisagem natural, são outro dos atrativos destes eventos. Descobrir as Aldeias do Xisto é dar e receber uma palavra de cumprimento dos seus habitantes. Se der mais umas quantas de conversa, receberá em troca uma história de vida. Este é, sem dúvida, um destino com alma.