PRIME BOOKS
ALEXANDRE MIGUEL MESTRE. Natal de 1979, invasão de tropas da União Soviética ao Afeganistão. A détente parece ceder a um clima agudo de Guerra Fria. Jimmy Carter, Presidente dos Estados Unidos da América, reage. De entre outras medidas de retaliação, uma tem impacte no desporto: o boicote aos Jogos Olímpicos de Moscovo, a realizar no Verão de 1980. Sá Carneiro, primeiro-ministro de Portugal, deparou-se com um difícil dilema: por um lado a solidariedade para com os aliados norte-americanos, e o contexto dos compromissos no quadro da NATO, para além do respeito pelo Direito Internacional Público vigente; por outro lado, e já com base no Direito do Desporto (Lex Sportiva), em particular a Carta Olímpica, havia que não defraudar os direitos e os interesses do Comité Olímpico Português, dos atletas nacionais e mesmo dos cidadãos portugueses interessados em seguir os Jogos Olímpicos pela televisão. Esta obra, assente nas fontes, procura desvendar como Sá Carneiro deu simultaneamente resposta aos desígnios de política interna e externa do país e à autonomia do Movimento Olímpico. Nesse contexto, identificam-se os fundamentos da decisão oficial do Governo de Sá Carneiro e efeitos nos agentes desportivos, na opinião pública, na (já tensa) relação com o Presidente da República, general Ramalho Eanes, no Parlamento, e até no Movimento Sindical. Mas esta é a última parte do livro. Antes, ainda na vertente do político, analisa-se como o deputado Sá Carneiro encarou o desporto.