QUETZAL
SIMÃO LUCAS PIRES – Os contos de A Trombeta Vaga provam que o mais distraído dos autores está atento aos pormenores e faz deles arte, desde o primeiro livro. E a Quetzal orgulha-se de ser a casa de estreia de Simão Lucas Pires, cuja ses- são de lançamento decorre a 18 de fevereiro no festival Correntes D’Escritas, na Póvoa de Varzim, com apresentação de Bruno Vieira Amaral.
É esse olhar que se descobre no conjunto de histórias e personagens que ocupam vários tempos e espaços, em A Trombeta Vaga, onde encontramos homens a cair de ribanceiras em câmara lenta; a incendiar campos minhotos e a própria alma; a ob- servar velhos desconhecidos no jardim do Príncipe Real; a sonhar com supermerca- dos de bizarras ressonâncias metafóricas; à espera do autocarro, numa tarde de in- verno aparentemente normal; a passar férias em idílios estivais no Oeste, que aca- bam por tornar-se objeto da ira divina.
São retratos de solitários a quem a vida, em momentos de especial arrebatamento, parece querer dizer alguma coisa.