“O GRUPO ORIENT-EXPRESS REÚNE UMA COLEÇÃO ÚNICA DE EXPERIÊNCIAS E UNIDADES HOTELEIRAS”
Sandro Fabris é atualmente regional managing director da Orient-Express para a África do Sul e tem como função supervisionar as duas unidades da empresa na região – The Mount Nelson Hotel, em Cape Town, e The Westcliff, em Joanesburgo –, bem como os três campos de safari no Botsuana – Khwai River Lodge, Savute Elephant Camp e Eagle Island Camp. Há mais de 18 anos na Orient-Express, Sandro Fabris passou já por unidades como o Hotel Quinta do Lago, no Algarve, o Lapa Palace, em Lisboa, o Hotel Reid’s Palace, na Madeira, e o Hotel Cipriani, em Veneza. Formado na Hotel Management School, em Lausanne, e descendente de hoteleiros com carreiras internacionais, Sandro Fabris iniciou a sua carreira nesta área como diretor de Comidas e Bebidas no Hotel Ciga’s Excelsior, em Veneza, tendo transitado posteriormente para o Hotel Ciga, em Florença, para a sua reabertura.
Como descreve o grupo Orient-Express? O que o distingue?
O grupo Orient-Express reúne uma coleção única de experiências e unidades hoteleiras, que se espalham por todo o mundo e que se localizam em locais especiais. Cada hotel está decorado individualmente, por isso não existe um estilo único que possa definir a Orient-Express. Assim, cada unidade reflete o ambiente do local onde está inserida. Tudo isto torna este grupo tão especial.
Como descreve as duas unidades hoteleiras pelas quais é responsável: The Mount Nelson Hotel, em Cape Town, e The Westcliff, em Joanesburgo?
The Mount Nelson é uma propriedade icónica no coração de Cape Town. Contando já com 114 anos de história, esta unidade é, em muitos aspetos, bastante semelhante ao Reid’s Palace, na Madeira. Apesar da idade, este hotel é jovem e fresco, e estamos constantemente a investir de modo a manter os quartos e as áreas comuns do hotel atualizadas. Há dois anos atrás, abriu o restaurante Planet, um espaço muito moderno e contemporâneo, que é considerado um dos melhores restaurantes na África do Sul. Pelas suas características foi recentemente distinguido pela revista Hotels como um dos melhores restaurantes de hotel. Recentemente terminou também a reforma de 30 quartos e inaugurámos ainda outro restaurante, o Oásis. Localizado perto da piscina do hotel, vai servir pequenos-almoços e almoços. Este é um restaurante muito simples e agradável, que serve refeições de estilo bistrô e petiscos. Contamos ainda com três campos de safari no Botsuana, que se encontram em três locais muito diferentes. O Eagle Camp (o meu preferido) está localizado no delta do Okavango, numa ilha chamada Xaxaba. Neste campo, todos os safaris são feitos de barco, o que se revela uma experiência única e realmente inesquecível. O Khwai River Lodge está localizado no Parque Nacional de Moremi, mesmo em frente ao rio. Este é um dos poucos campos existentes no Botsuana que realizam safaris noturnos, isto porque são disponi bilizados aos clientes óculos de visão noturna que permitem observar as movimentações dos animais durante a noite. O outro campo é o Savute Elephant Camp e está localizado Chobe National Park, onde existe a maior população de elefantes do mundo. O acampamento situa-se mesmo em frente ao canal Savute, que esteve seco por mais de 40 anos e há dois anos começou a fluir novamente, inundando completamente o Savute Mash e trazendo de volta, a esta área, uma fantástica variedade de vida selvagem. Estou ainda responsável por um operador turístico, que pertence à Orient-Express, e que está sediado em Cape Town.
Qual o perfil dos vossos clientes?
Não há um perfil único para os nossos clientes. Genericamente falando, os clientes da Orient-Express apreciam experiências autênticas, gostam de descobrir locais diferentes e unidades de exceção. Não oferecemos um único quarto igual nas nossas unidades, isto porque gostamos de recorrer a decoradores locais e apostamos sempre em produtos característicos das diferentes regiões.
Quais são as principais apostas destas unidades? Quais são as atividades mais procuradas pelos hóspedes?
Em África, os safaris são a atividade preferida dos nossos hóspedes. Ninguém vem a este continente sem que visite, pelo menos uma vez, um campo de safari. Cape Town é um destino incrível e oferece uma variedade de atividades e experiências, desde mergulho com os tubarões até degustação de vinhos. Existem ainda jardins incríveis e uma enorme beleza natural que vale a pena descobrir. Aqui, o principal desafio é a sazonalidade, uma vez que contamos com muitos visitantes durante o verão e muito poucos no inverno. É ainda bastante complicado encontrar pessoal qualificado.
Em termos de taxa de ocupação, que valores atingiram no ano passado? E este ano, esperam superar esses valores?
O próximo ano ainda está a compor-se, mas temos já mais 9% de reservas comparativamente a este ano. A ocupação é muito variável, oscila entre os 90% em janeiro e os 25% em agosto.
Estão também a sentir os efeitos da grave crise económica que a Europa enfrenta? Em que aspetos?
A crise económica está presente e também a sentimos aqui na África do Sul. Existem alguns mercados, nomeadamente Espanha e Reino Unido, cuja diminuição das reservas foi bastante percetível.
Está a gostar da experiência como regional managing director da Orient-Express para a África do Sul? Que balanço faz?
Faço um balanço muito positivo. É diferente gerir uma unidade ou cinco, que é o que eu estou a fazer atualmente. Sinto um pouco a falta de alguma interação direta com os clientes e do burburinho de um hotel cheio, mas tem sido uma experiência fantástica para mim.
Qual foi o seu percurso profissional até aqui?
Depois de muitos anos em Itália, cheguei a Portugal para assumir as funções de diretor-geral no Hotel Quinta do Lago, no Algarve, em 1995. Passei depois pelo Lapa Palace em Lisboa, entre 2001-2007, e também pelo Reid’s Palace, entre 2008-2010. Mudei-me para Cape Town em 2010. Um dia gostava muito de voltar a Portugal.
Na sua opinião, as redes sociais e a Internet são um meio privilegiado para promover as empresas ligadas ao Turismo?
São o único caminho e a verdade é que as redes sociais serão ainda mais importantes no futuro. Nós, por exemplo, já não imprimimos brochuras e grande parte das nossas reservas são feitas nos nossos sites. Na Orient-Express temos pessoas que se dedicam quase, em exclusivo, às redes sociais.
Quais são as principais falhas que encontra no setor do Turismo na África do Sul? O que é necessário fazer para que sejam alteradas?
A África do Sul está longe de tudo e são precisas, no mínimo, dez horas de voo para aqui chegar. Para além de tudo isto, os voos são muito caros. Mais concorrência nos voos e companhias aéreas que voem diretamente para Cape Town e para a África do Sul ajudaria ao desenvolvimento do turismo aqui.
O que podemos esperar, no futuro, destes hotéis?
Nós continuamos com as remodelações no The Mount Nelson, que estarão concluídas nos próximos três anos. O nosso restaurante Planeta tem sido apontado como um dos melhores restaurantes do hotel e é considerado um dos melhores restaurantes de África do Sul. Os campos de safari serão atualizados e a reforma será concluída no próximo ano, posicionando-os como os melhores campos do Botsuana.
Quais os projetos para o futuro da Orient-Express na África do Sul?
Espero ser capaz de expandir as nossas propriedades em África. Estamos a ponderar apostar em locais como Tanzânia, Moçambique, Zimbabué e Namíbia. No que toca aos hotéis, é importante para nós completar a renovação total do The Mount Nelson Hotel, trazendo a unidade de volta à sua antiga glória.