ISABEL GUERREIRO

DSC_0055UMA TRADIÇÃO SINGULAR

 

Há quem diga que as Pousadas de Portugal são moradas de sonho e uma viagem pelos tesouros do nosso país, constituindo um forte símbolo do turismo português. Para Isabel Guerreiro, diretora de Zona no Alentejo, as pousadas são uma verdadeira “paixão” e exprimem toda a nossa portugalidade e a essência do que é ser português.

Como tem sido a sua experiência como diretora de Zona das Pousadas de Portugal?

A minha experiência já é vasta, porque antes de estar no Alentejo estive no Algarve. Quando assumi este desafio de diretora de Zona das Pousadas do Alentejo, foi, talvez, um dos maiores desafios que já enfrentei porque vim para uma região que estava a entrar num processo de crise no mercado nacional e, sendo as pousadas do Alentejo fortemente dependentes deste mercado, foi complicado. O difícil nestas funções não foi só o encaixar de novas unidades, foi também tentar adaptar as vendas à realidade que vivíamos na altura, com a necessidade de irmos para fora e de vendermos as pousadas do Alentejo. Foi um desafio completamente aliciante, diferente de todos os outros, em que a componente não só de operação mas igualmente de vendas foi fundamental.

Quais têm sido as principais dificuldades que tem enfrentado?

A recuperação do mercado nacional tem sido, para nós, extremamente difícil porque nos prejudicou bastante as vendas e, automaticamente, os resultados. Por outro lado, revitalizar algumas destas unidades, que estavam um pouco fragilizadas, tem sido um processo complicado.

O que define, na sua opinião, as Pousadas de Portugal?

Eu sou uma apaixonada pelas Pousadas de Portugal. Comecei nelas a minha carreira e é muito difícil conseguir explicar o que sinto, porque vivo esta paixão, mas defino-as como a portugalidade, a nossa essência de ser português, quer em termos de cultura, de património ou de gastronomia.

Qual o perfil dos vossos clientes?

O perfil do nosso cliente é muito variado, pois as nossas unidades também o são. Temos pousadas muito direcionadas para as famílias, como por exemplo a Pousada de Arraiolos. Depois temos pousadas com uma componente mais romântica e onde muitos clientes querem ter um momento único, seja a lua de mel, seja a celebração do casamento ou mesmo uma simples “escapadinha”. Por outro lado, temos unidades que, devido à sua localização, são procuradas essencialmente pela componente histórica, como acontece com a de Évora.

Quais são as pousadas mais procuradas no sul do país? Porquê?

Évora, indiscutivelmente, porque essa cidade soube “vender-se” lá fora. É a pousada que tem mais aceitação, quer em termos nacionais quer internacionais. Estamos, neste momento, no caminho de recuperação das outras.

Na sua opinião existem pousadas a mais em Portugal, ou ainda existe espaço para se apostar em mais unidades?

Neste momento o mais importante é revitalizar as que temos. Temos de criar novas infraestruturas – que é o que estamos a fazer –, criar melhores condições, analisar o potencial que temos e, para já, não considerava abrir mais unidades. A única exceção é a pousada que vamos abrir no Terreiro do Paço, no centro de Lisboa.

A nível de revitalização das pousadas, o que está a ser feito?

Estamos a pegar na nossa portugalidade, na gastronomia, na cultura, no património, e estamos a tentar fazer várias iniciativas que façam com que as pessoas possam voltar a confiar no nosso produto. Porque o produto existe, nós estamos empenhados e temos uma nova estratégia cujo objetivo é posicionar as pousadas onde elas já estiveram e alcançar a recuperação do mercado nacional, bem como de todos os mercados internacionais que estamos a conseguir captar neste momento – praticamente todos estão em subida.

Algumas das pousadas a sul têm um número diminuto de quartos. Acha que se deve manter esta aposta ou, pelo contrário, considera importante aumentar o número de quartos dessas pousadas?

A Pousada do Crato tem 24 quartos e é uma das pousadas mais pequenas. Existe até um projeto do arquiteto Carrilho da Graça para ampliação desta unidade, que não analisámos porque consideramos que a particularidade desta pousada é o facto de ter poucos quartos, é fazer um serviço personalizado. O facto de agora pertencermos à coleção Small Luxury vai dar-nos um branding diferente. Para já, não considero importante aumentar o número de quartos nas pousadas do Alentejo.

Esta entrada na Small Luxury não pode, em determinada altura, fazer com que a procura seja maior do que a oferta?

Adoraria que isso acontecesse. Mas para isso teríamos outras ofertas que a determinada altura poderemos acrescentar a este branding internacional. Dentro do Alentejo temos pelo menos mais uma ou duas unidades que se podem encaixar.

Quantas unidades encaixaram neste branding?

Três unidades: Crato, Amares e Estoi. Apostámos fortemente na imagem destas três unidades, e se a procura for grande por parte deste tipo de cliente, então aí podemos partir para outras unidades.

 

O que podemos esperar, no futuro, das Pousadas de Portugal, nomeadamente daquelas que se localizam no sul do país?

Melhor qualidade de serviço, mais requinte, mais personalização e fazer o cliente sentir-se em casa. Queremos que regressem ao seu quotidiano cheios de experiências diferentes, cheios de storytelling para partilhar.

Que marca quer deixar nas Pousadas de Portugal?

A paixão que tenho pelas pousadas.