“O HOTEL PALÁCIO É O EX-LÍBRIS DO ESTORIL”
Corrêa de Barros é, desde 2003, diretor-geral do emblemático Hotel Palácio, no Estoril. Orgulhoso do trabalho que desenvolveu ao longo destes 10 anos, e que passou pela renovação total de “todos os quartos e suítes do hotel, equipando-os com o que de melhor há no mercado e na decoração atual”, este hoteleiro recorda o passado da unidade, revelando que a mesma esteve ligada aos “principais acontecimentos que marcaram a história de Portugal e da Europa, no século passado”. Para Corrêa de Barros, o Hotel Palácio “está de novo no seu apogeu”, e no futuro espera que a unidade possa continuar a “atrair cada vez mais hóspedes que apreciam verdadeiramente esta nossa maneira de estar na hotelaria”, conclui.
Como descreve o Hotel Palácio Estoril? O que o distingue das restantes unidades hoteleiras existentes?
Considero o Hotel Palácio o ex-líbris do Estoril. Desde a sua implantação, ao longo da avenida principal do parque, com uma orientação nascente/poente, que este é um hotel emblemático. Possuindo 32 suítes e 130 quartos, e com capacidade de 320 camas, abriu as suas portas em 1930 e desde então tem sido renovado, tendo sabido adaptar-se, durante quase nove décadas, aos principais requisitos dos hotéis de grande prestígio. Para além da sua situação geográfica, num terreno de grande dimensão e muita privacidade, está ladeado pelo edifício das Termas do Estoril e Banyan Tree Spa e do Palácio Estoril Residências, dos quais é coproprietário e aos quais se encontra ligado por uma galeria subterrânea. No entanto, a grande mais-valia deste hotel são as suas zonas públicas: salas e salões de beleza excecional, criados graças ao génio artístico do grande decorador Lucien Donnat, que, desde os anos 50, transformou os interiores Arte Nova naquilo que eles são hoje.
Sente-se o peso da história neste hotel? É este aspeto que, na sua opinião, melhor define esta unidade?
O Hotel Palácio Estoril esteve, praticamente desde a sua abertura, ligado aos principais acontecimentos que marcaram a história de Portugal e da Europa, no século passado. Foi refúgio de grande parte dos regentes e cabeças coroadas da Europa, dos países invadidos pelas tropas de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Foi quartel-general da espionagem dos Aliados durante este conflito, e subsistiu na Revolução do 25 de Abril e no período conturbado que se lhe seguiu. São também marcos importantes a Assembleia-Geral da Nato, em 1985, e inúmeros acontecimentos político-sociais, que nos escolheram para palco. Graças a este renome, e em conjunto com o Casino Estoril – do qual foi proprietário até aos anos 60 –, foi tema de inspiração de Ian Lancaster Fleming, para a criação do mítico agente secreto 007 – James Bond. Também por esta razão, foi escolhido para, em 1968, ser um dos locais de gravação do único filme desta saga realizado em Portugal, Ao serviço de Sua Majestade, com o ator George Lazenby.
Qual o perfil dos vossos clientes?
Fazemos a distinção entre clientes e hóspedes. Clientes são todas aquelas pessoas que nos visitam para inúmeras atividades, tanto festas de cariz familiar, como reuniões, seminários, conferências, ou, simplesmente para a utilização dos nossos espaços. Hóspedes são aqueles clientes que se hospedam por períodos mais ou menos prolongados e que, de um modo geral, se sentem atraídos por hotéis clássicos, de grande conforto e serviço personalizado. Os escalões etários variam conforme a época do ano ou a motivação da viagem que os traz até ao Estoril.
Quais são as principais apostas desta unidade nos últimos anos?
Nos últimos 10 anos, apostámos em renovar totalmente todos os quartos e suítes do hotel, equipando-os com o que de melhor há no mercado e na decoração atual. Para isso contámos com a experiência da dupla de decoradores ingleses Chrissie Fairlamb – designer de interiores – e Bart Lacey. Preocupámo-nos também em dotar os edifícios contíguos, ligados à saúde e lazer. Para isso apostámos na construção de um ginásio, de 14 salas de massagem, de duas piscinas aquecidas, hammam, sauna e jacuzzi. Renovámos totalmente a área da piscina exterior, assim como o parque de automóveis e respetivo ajardinamento, e construímos uma garagem.
O que leva os clientes a preferirem o Hotel Palácio Estoril? Quais são as atividades mais procuradas?
Somos escolhidos pela nossa localização, no coração do Estoril – inserido na Costa do Estoril –, por sermos um resort cosmopolita que se situa perto de Lisboa, com as suas praias e o Parque Natural de Sintra-Cascais. As atividades pelas quais somos mais procurados são o turismo de lazer, com a utilização de todas as nossas infraestruturas. Destaque para o Golfe do Estoril, que tem um total de 27 buracos e é casa de um dos mais prestigiados clubes de golfe de Portugal, o Clube de Golf do Estoril. O turismo de negócios, hoje definido como MI (Meeting Industry), é outra das nossas grandes apostas, isto devido à nossa capacidade e diversidade de salas, que é um fator de grande atração. A nossa proximidade ao Centro de Congressos do Estoril, onde somos um dos parceiros no fornecimento de serviço de catering, é também um fator determinante para a escolha do Hotel Palácio. A piscina, de dimensões ótimas, também é muito procurada durante a época alta, nomeadamente de maio a outubro. A proximidade ao Autódromo do Estoril, onde se realizam inúmeras provas patentes nos calendários nacional e internacional de automobilismo e motociclismo, atrai igualmente muitos turistas.
Outras atividades, tais como torneios de bridge, inúmeras receções, festas, bodas e outras festas de índole familiar, são também muito importantes para nós.
Em termos de taxa de ocupação, que valores atingiram no ano passado? E este ano, esperam superar esses valores?
As taxas de ocupação dos hotéis de cinco estrelas na Costa do Estoril têm vindo a baixar devido a dois fatores principais: a crise nacional/internacional, por um lado, e a mais que duplicação de oferta de quartos no Estoril e Cascais, nos últimos oito anos, por outro. O crescimento do turismo na Europa, em geral, e em Portugal e na Costa do Estoril, em particular, não tem conseguido satisfazer toda a oferta de grande qualidade desta zona. Se, por um lado, há mais massa crítica no concelho e mais promoção do destino nos diversos mercados que nos procuram – o que faz com que os preços se tenham mantido num nível razoável –, a verdade é que não existe procura suficiente para toda a oferta disponível. As estatísticas oficiais espelham bem os resultados desta zona, que sendo o quarto destino turístico português, devia ser mais bem promovida e cuidada pelos organismos competentes a nível nacional. O ano de 2013 apresenta-se com um número de reservas ligeiramente superior ao ano passado, no mesmo período, mas mesmo assim fica aquém do necessário.
De que países recebem mais turistas?
Os turistas que mais nos procuram são, em primeiro lugar, os portugueses, seguidos pelos espanhóis, britânicos, alemães, franceses, irlandeses, russos, norte-americanos, dinamarqueses e brasileiros. Dos cerca de 45 mil turistas que recebemos no ano passado, 28% são provenientes destes 10 mercados.
De que vêm à procura os turistas quando escolhem o Hotel Palácio?
De uma forma geral, a motivação de um turista rege-se, primeiro, pela procura do destino e seguidamente pelo hotel. No caso do Hotel Palácio, dada a grande notoriedade e a sua antiguidade e fama mundial, esta equação é alterada e podemos regozijar-nos por cada vez termos mais hóspedes que repetem as suas visitas, ano após ano, e alguns mais do que duas ou três vezes por ano. Buscam sobretudo a nossa grande qualidade de serviço, nível de instalações, cuidado, atenção aos detalhes, sem esquecer o fator humano, que é talvez aquilo que nos torna mais procurados. O nosso lema “Grand & Cosy”, que faz parte do atual logótipo do hotel, espelha bem que, sendo uma unidade de média dimensão, conseguimos manter um nível de atendimento a que só alguns conseguem chegar.
Que balanço faz da sua experiência enquanto diretor-geral do Hotel Palácio?
Estou neste lugar desde 2003, embora já fizesse parte dos quadros há bastante mais anos. Posso considerar uma experiência desafiante ter ajudado a manter e a requalificar um hotel emblemático e com tanto peso histórico, em Portugal e na Europa.
Na sua opinião, as redes sociais e a Internet são um meio privilegiado para promover as empresas ligadas ao Turismo?
A Internet é hoje o principal meio que os clientes utilizam para efetuar uma reserva. Cerca de 90 % dos tu ristas individuais chegam até nós através dos diferentes motores de busca e de reserva de quartos. A possibilidade que um potencial hóspede tem de, em qualquer ponto do mundo, poder visualizar a suíte ou quarto que vai ocupar, o restaurante onde vai jantar, a piscina que vai utilizar, veio, sem sombra de dúvidas, revolucionar a forma como eram feitas as reservas anteriormente. As redes sociais estão neste momento a contribuir também, e sobretudo, para a divulgação das nossas atividades e para a comunicação com os nossos hóspedes, clientes e simpatizantes, de uma maneira muito rápida e eficaz.
O que podemos esperar, no futuro, deste hotel?
Penso que o Hotel Palácio está de novo no seu apogeu. A Costa do Estoril, onde estamos inseridos e da qual fomos fundadores, tem-se vindo a requalificar ao longo dos últimos 20 anos, tendo-se tornado numa das mais atrativas regiões turísticas do país. A forte concorrência que se faz sentir nos segmentos da hotelaria de luxo e de cinco estrelas desta região, faz com que o efeito diferenciador, patente no nosso património histórico e até talvez um pouco mítico, continue a atrair cada vez mais hóspedes que apreciam verdadeiramente esta nossa maneira de estar na hotelaria.
Se tivesse que descrever o hotel numa só palavra, o que diria?
Palácio.