ANDRÉA NATAL

“O COPACABANA PALACE É UM OÁSIS NA CIDADE  E UM BELO REFÚGIO”

 

Andréa Natal assumiu, recentemente, as funções de gerente geral do Copacabana Palace. Revelando que este é um cargo “muito exigente”, conta-nos que tem uma equipa “muito boa” que permite que seja feito um ótimo trabalho.Para a gerente geral, o hotel clássico, que celebra este ano 90 anos, “é um oásis na cidade”, talvez por isso seja capaz de atrair tanta gente jovem, que procura um serviço diferenciador. De modo a estar pronto para receber dois grandes eventos, como o Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos, o Copacabana Palace investiu cerca de 12 milhões de euros na renovação de vários espaços. O próximo grande projeto é o Teatro, que será uma sala multifuncional capaz de receber “temporadas de teatro, de música e também congressos e convenções”, conclui Andréa Natal.

 

Como é ser-se gerente geral de um hotel mítico como o Copacabana Palace e suceder a uma figura tão emblemática como Philip Carruthers?

É muito bom porque este é um hotel onde tudo acontece, é como se fosse uma cidade ou uma casa, nós não fechamos, estamos abertos 24 horas. Temos uma equipa muito grande, dividida em três turnos – manhã, tarde e noite –, com quase 600 funcionários. É uma superestrutura, uma equipa de manutenção imensa, uma equipa de segurança enorme, comparada com outros hotéis no Brasil e no exterior. O cargo de gerente geral é muito exigente porque temos não só de tratar da parte operacional, como fazemos um grande trabalho de relações públicas, pois todos os cariocas, todos os brasileiros, se sentem donos deste hotel. Todos querem participar no que acontece no hotel e querem opinar, então, temos de ter um cuidado muito grande, que outros hotéis não têm, com a sociedade, com os brasileiros. Temos uma equipa muito boa a dar suporte em todas as áreas, para que consigamos fazer um trabalho bem feito.

 

Como define o Copacabana Palace?

Como um respeitável senhor de 90 anos – que comemoramos este ano. Mas muito atualizado, preocupado com o conforto, com a qualidade do serviço. É um hotel muito clássico, um palácio, é o único palácio que se encontra aberto e a funcionar no Rio de Janeiro, no qual se descobre todo o tipo de clientes, desde os muito jovens aos mais velhos. O Copacabana Palace é uma unidade que apesar de ter 90 anos atrai muita gente jovem.

 

O Copacabana Palace celebra, a 13 de agosto, 90 anos. Têm algum evento preparado?

Queremos realizar um evento parecido com o que fizemos na reinauguração do prédio principal. Queremos criar uma agenda onde possamos ter, durante dois ou três dias, visitas ao hotel. O Copacabana Palace é muito desejado por todos, pelo que iremos ter a colaboração de um historiador e agendar visitas. As pessoas vão poder ligar para o hotel e agendar uma visita guiada para conhecer a unidade, até nos bastidores.

 

O que distingue o Copacabana Palace das outras unidades hoteleiras de cinco estrelas existentes no Rio de Janeiro?

O que nos diferencia é o espaço que ocupamos. Este é um hotel praticamente horizontal. Temos campos de ténis, dentro da zona Sul, uma piscina semiolímpica, alguns serviços que outros hotéis não conseguem ter porque a sua estrutura é outra.

Quando sobrevoamos a praia de Copacabana, vemos este edifício maravilhoso, com uma fachada linda, bem conservada. O que mais nos diferencia, além deste produto, são os investimentos que são feitos incessantemente, desdeque a Orient-Express comprou o hotel, não só no produto como na mão de obra. Investimos muito na formação de novas equipas. Temos bastantes portugueses nos restaurantes, na área de guest relations, e o nosso atual gerente operacional é também português. A equipa está sempre em renovação, estamos sempre a contratar novos profissionais. Também  temos pessoas que já estão cá há muito tempo, mas que continuam a receber formação e a prestar um bom serviço.

 

O que mais aprecia nesta unidade?

Sempre que viajo para a Europa, visito vários hotéis, alguns até mais antigos do que o Copacabana. E embora sejam unidades de luxo, quando volto, normalmente no inverno, entro no Copa e sinto que estou num oásis. Considero este espaço muito especial porque nos remete para outros lugares. Estamos no Rio de Janeiro e a desfrutar de um ambiente muito europeu. Este é um oásis na cidade. O Copacabana Palace é um grande e belo refúgio.

 

Com a sua promoção a gerente geral, tem início um novo ciclo nesta unidade hoteleira. Que novidades podemos esperar?

Desde que a Orient-Express comprou o Copacabana Palace, a pessoa que esteve sempre presente em todos os processos foi Philip Carruthers. Sinto-me muito o braço direito dele, sempre o acompanhei muito na parte operacional. Hoje estou a avançar para o outro lado, com uma nova equipa. As novidades vão surgir, contudo muitas coisas vão ser mantidas porque é assim que deve ser. Outras, como é natural, requerem mudança. Vamos fazer algumas alterações na equipa, nós queremos atrair os brasileiros e os jovens. Queremos que eles continuem a descobrir o Copa como destino no Rio de Janeiro.

 

Em 2014 o Rio de janeiro vai receber um dos eventos mais importantes no que ao futebol diz respeito. O que é que o Copacabana fez para se preparar para receber o Mundial de Futebol? O que falta ainda fazer?

O Copa apoia todos os grandes eventos. Quando a cidade foi candidata a receber os Jogos Olímpicos, todas as decisões foram tomadas aqui dentro e o projeto de candidatura do Rio de Janeiro para receber os Jogos Olímpicos foi apresentado também aqui. A FIFA elegeu a nossa unidade como o FIFA Family Hotel e durante todos os jogos do campeonato do mundo, a FIFA vai estar estabelecida aqui. Para nós este é um evento muito importante, uma vez que os brasileiros adoram futebol. Acho que vão ser dias e dias de festa na cidade.Durante esse período, temos o hotel praticamente todo ocupado. Vamos receber executivos, e o nosso trabalho vai ser acomodá-los, preparar alguns eventos paralelos – que vão acontecer aqui no hotel – e prestar um bom serviço.

 

O mesmo se vai passar durante os Jogos Olímpicos?

Sim, exatamente.

 

O processo de remodelação do Copacabana já está concluído? O que falta ainda fazer? Falamos de que valores, em termos de investimento?

No ano passado investimos 30 milhões de reais, cerca de 12 milhões de euros, na reforma de 60 quartos. Todo o 1.º andar e o 2.º, e parte dos 3.º e 4.º andares, onde existiam salas de banho que ainda não tinham sido remodeladas, sofreram alterações. O 6.º andar, por seu lado, foi todo decorado. Ou seja, no Prédio Principal, ou foram feitas obras de reforma ou de decoração.

O nosso próximo grande projeto é fazer o Teatro, a grande obra desde a geração Guinle. Esta é a única área que nunca foi alterada desde a compra do hotel. Nós temos um projeto pronto e devemos conseguir realizá-lo em 2015.

 

Isso é mais uma questão social do que propriamente um negócio…

Nós apoiamos muito a área cultural do Brasil como um todo e queremos voltar a ter o teatro, mas queremos que esta seja também uma sala multifuncional. Queremos ter temporadas de teatro, de música e também receber congressos e convenções.

 

Como vê a tentativa de compra do Copacabana Palace por parte do indiano Ratan Tata?

Isso são especulações, contudo houve uma tentativa mais agressiva ultimamente.

 

Houve uma OPA hostil em bolsa?

Sim, é verdade.

 

Este negócio poderá vir a realizar-se?

Não.  O hotel não está à venda.

 

Mas fez subir as ações…

Ele queria oferecer 11,8 quando as ações estavam a 6.

 

A cadeia Orient-Express está cotada em bolsa. O que mudou?

Nós temos mais acionistas, mas acho que para a nossa rotina, como hoteleiros, não mudou muito. Existem conferências de três em três meses, nas quais participam banqueiros e qualquer pessoa pode ouvir a conference call da Orient-Express. Existem muitas pessoas interessadas em saber como vai a saúde da companhia, que vai muito bem.

 

Este hotel é um dos mais importantes no panorama do grupo Orient-Express. O que é que isto representa para si?

Os três primeiros meses do ano são muito importantes para nós, isto porque alguns hotéis estão fechados e o peso cai muito sobre os nossos resultados aqui no Brasil, que nesses meses são muito bons. Então a nossa responsabilidade é muito grande, somos um hotel muito rentável, sempre. A nossa contribuição é muito grande.

 

Para si o Copacabana é…

Para mim o Copa é parte integrante da minha vida. Estou aqui há 17 anos. Tenho um carinho muito grande pelo hotel e pela sua história. Esta unidade é, para mim, motivo de orgulho.