TEIXEIRA DOS SANTOS

“NÃO HÁ HIPÓTESE DE EVITAR MAIS SACRIFÍCIOS PARA OS PORTUGUESES”

Fernando Teixeira dos Santos, 59 anos, natural da Maia. É ele o ministro de Sócrates que conduziu as finanças do País desde 2005, logo após a demissão de Campos e Cunha. Desde 1965, ele é o ministro com mais tempo de cargo. Quando o primeiro-ministro o foi buscar à CMVM, Teixeira dos Santos estaria longe de imaginar todas as dificuldades por que teria que passar na pasta das Finanças. A crise internacional e do País colocou-o no centro do furacão. Tem sido ele o portador de todas as más notícias para os portugueses e aquele que, dia após dia, lhes foi pedindo mais sacrifícios. Com eleições antecipadas à porta, garante que sai de consciência “tranquilíssima” e não tem dúvidas de que o PS é que está melhor preparado para continuar a governar o país. Esta instabilidade política associada “à inexistência de um programa de ajustamento orçamental”, após o chumbo do PEC 4, irá dificultar ainda mais o recurso ao financiamento e, por isso, o ministro acredita que essas exigências poderão obrigar ao recurso à ajuda externa.

 

Acha que com esta crise política e eleições à porta, o recurso à ajuda externa será inevitável até Junho? Ou a economia tem margem para um governo de gestão continuar a gerar alguma confiança nos parceiros europeus?

A instabilidade política associada à inexistência de um programa de ajustamento orçamental vai agravar as dúvidas das instituições internacionais e dos mercados financeiros quanto à nossa capacidade para cumprirmos os objectivos orçamentais a que nos propusemos. A percepção de risco será maior com reflexos no rating do país e das suas grandes empresas, nos spreads das taxas de juro e na disponibilidade dos investidores em comprarem dívida portuguesa. Temos grandes exigências de financiamento neste primeiro semestre pois há várias amortizações a fazer, e por isso, temo que nos confrontemos com sérias dificuldades neste domínio que poderão obrigar a tal.

 

Um novo Governo tem margem para tomar medidas diferentes das que estão no PEC 4?

O país precisa, como disse, de um programa de ajustamento orçamental e de reformas económicas para ter condições de se financiar. No novo quadro comunitário de governação económica do euro, tais programas têm que ter o apoio, a aprovação, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e dos nossos parceiros. Por isso não vejo grandes hipóteses de evitar mais sacrifícios aos portugueses para ultrapassarmos as actuais dificuldades. Se não forem os deste PEC, que acabou de ser rejeitado, outros serão. (…)