“UMA CALENDARIZAÇÃO APRESSADA DO AJUSTAMENTO ECONÓMICO PODE LEVAR A UMA RUTURA SOCIAL”
Maria de Belém tornou-se em setembro a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Partido socialista. escolhida por António José Seguro para a nova função, diz-se orgulhosa do convite e reconhece que faltam mulheres nos altos cargos da política e que esse facto prejudica a própria política. atenta à situação difícil do País, chama a atenção para uma “calendarização apressada” das medidas adoptadas para equilibrar as contas públicas e teme que estas conduzam a uma “rutura social e económica” que não é “desejável”. A ex-ministra da saúde olha com preocupação para o sector e para as medidas que o novo Orçamento do estado para 2012 traz incorporadas. Pede atenção especial para aquele que é o direito “primeiro” de cada cidadão: o direito à vida e à saúde.
Foi eleita presidente do ps num momento difícil para o partido.
Qual será a sua principal missão neste primeiro mandato?
A minha missão está definida estatutariamente. Rezam os nossos estatutos que o presidente deve exercer a sua magistratura moral no sentido de garantir o cumprimento dos princípios e valores do Partido Socialista.
E essa carta de princípios e valores é uma carta publicada e conhecida que refere fundamentalmente um ideário assente na importância da solidariedade, da igualdade, da fraternidade e a questão da defesa intransigente da liberdade como um valor associado à democracia e aos ideais democráticos, que o PS deve defender e promover.
É a primeira mulher a exercer o cargo, o que sente em relação a isso?
É a primeira vez que isso acontece. Já outros partidos tiveram mulheres a exercer altos cargos no seu âmbito. Eu própria já fui presidente do grupo parlamentar, embora tivesse optado por que isso fosse uma função transitória na altura mais complexa da instalação do grupo parlamentar após uma derrota eleitoral. Portanto, digamos que é um orgulho para mim própria o facto de ter sido convidada e ter aceitado com todo o gosto esta missão. (…)