MANUEL ALEGRE

“UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEVE SER UMA FONTE DE INSPIRAÇÃO ATRAVÉS DA PALAVRA, DA ACÇÃO”

Manuel Alegre nasceu em 1936 e estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde participou activamente nas lutas académicas. Cumpriu o serviço militar  na guerra colonial em Angola. Nessa altura, foi preso pela polícia política (PIDE). No regresso exilou-se no norte de África, em Argel, onde desenvolveu actividades contra o regime de Salazar. Em 1974 regressou definitivamente a Portugal, demonstrando, nos vários cargos governamentais que tem desempenhado ao longo dos anos, uma  intervenção fiel aos ideais da Liberdade. A sua poesia é um hino à Liberdade e, talvez seja por isso que é lembrada por todos os que lutaram contra a ditadura. É considerado o poeta mais cantado pelos músicos portugueses tendo já conquistado vários prémios.

 

O seu avô materno foi deputado à Assembleia Constituinte em 1911, bem como governador civil de Santarém. Alguma influência?

O meu avô materno, Manuel Alegre, foi uma figura muito influente do Partido Republicano. Mas, o meu avô paterno, Mário Duarte, considerado o maior desportista português, também deixou marcas. Foram ambos importantes.

 

Qual a ideia principal que mais o marcou?

Na política marcou-me sobretudo a ideia de liberdade. O meu avô paterno era monárquico liberal e o meu avô materno foi cabeça de lista do Partido Republicano para Aveiro. Um homem muito influente na Primeira República.

 

E o desporto também fez parte da sua educação desde cedo…

Assim como da dos meus pais e dos meus filhos. Todos fomos internacionais e campeões em várias modalidades. Eu fui campeão nacional e internacional de natação. Os meus filhos dedicaram-se ao râguebi. O meu pai foi um dos grandes atletas do seu tempo.

 

Escritor, poeta, político… Qual a profissão que melhor o define?

O essencial da minha personalidade é a escrita. É ser poeta. Nasci numa ditadura, pertenço a uma geração que foi tocada pela guerra e portanto as circunstâncias fizeram com que tivesse uma intervenção política mais acentuada. Se tivesse nascido noutro país, poderia nem sequer ter-me dedicado à política. Mas, a minha profissão mesmo é escrever. Sou escritor. (…)