“A MEDTRONIC FAZ INVESTIGAÇÃO EM TODO O MUNDO E NA ÁREA DOS DISPOSITIVOS MÉDICOS É A EMPRESA QUE MAIS CONTRIBUI PELA SUA DIMENSÃO E DIVERSIDADE”
Com uma trajetória multifacetada, que inclui a passagem por vários setores, Luís Lopes Pereira, atual diretor-geral da Medtronic Portugal, conta com uma vasta experiência na área da Saúde.
Como líder global em tecnologia médica, a Medtronic enfrenta desafios constantes para manter a sua posição de vanguarda. Com um foco contínuo na inovação, a empresa procura melhorar a saúde e a qualidade de vida dos doentes, ao mesmo tempo que responde às expectativas dos financiadores e prestadores de saúde em todo o mundo. “A Medtronic é, de facto, líder mundial em tecnologias médicas, com um volume de vendas anual superior a 30 mil milhões de dólares, ou seja, quase o dobro da segunda maior empresa no setor e muito superior a muitas empresas farmacêuticas”, sublinha o diretor-geral.
Apresentando um portefólio diversificado, que abrange áreas como Cirurgia, Cardiologia, Neurociências e Diabetes, entre outras, a Medtronic está na vanguarda dos avanços médicos revolucionários. Desde pacemakers do tamanho de um grão de arroz até soluções robóticas para a cirurgia da coluna, os seus produtos estão a redefinir os padrões de cuidados de saúde em todo o mundo. Além disso, a empresa está comprometida em promover a educação e a formação contínua dos profissionais de saúde, garantindo que as suas inovações alcançam o máximo impacto.
QUAL FOI O SEU PERCURSO PROFISSIONAL ATÉ AQUI E COMO SURGIU A OPORTUNIDADE DE INTEGRAR A MEDTRONIC?
Depois de uma experiência como bancário, iniciei o meu percurso na área da Saúde, nos laboratórios Abbott, onde percorri localmente uma carreira de Marketing e Direção de Negócio, tendo posteriormente evoluído para uma carreira internacional como diretor–geral da empresa na Hungria e, mais tarde,na Noruega, com a mesma função. Essa experiência foi muito enriquecedora, pois a empresa operava em todas as áreas que compreendem o fornecimento de produtos de saúde: medicamentos, dispositivos médicos e diagnósticos.Como diretor-geral, a minha função abrangia todas as áreas de negócio. A paixão pelas Tecnologias Médicas tinha já nascido em Portugal, onde tinha lançado alguns dos produtos que viriam a ser fundamentais para a Divisão Hospitalar da empresa. No início deste século, a introdução de novos fármacos encontrou grandes obstáculos impostos pelas autoridades de Saúde em todo o mundo e, por outro lado, os genéricos vieram revolucionar o mercado, criandoum momento de reorientação no mercado farmacêutico, no que respeita à introdução de novas moléculas. Contrariamente, havia um boom de inovação nas tecnologias médicas, com a Europa a dar cartas especialmente no campo regulamentar, antecipando-se ao mercado americano. Sinceramente, também ajudou o facto de a minha mulher e eu já sentirmos saudades de viver em Portugal, ainda que tenhamos gostado muito da Noruega, onde fomos imensamente felizes e onde concebemos a nossa filha, que viria a nascer já em Lisboa. Quando me convidaram para a Medtronic, tudo se conjugava para eu abraçar esta experiência, que me tem dado muitas alegrias, ao mesmo tempo que me permitiu elevar e diversificar o meu conhecimento na área,aprofundando as minhas capacidades de liderança.
A MEDTRONIC É UMA EMPRESA LÍDER EM TECNOLOGIA MÉDICA. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS E OPORTUNIDADES QUE IDENTIFICA NO SETOR, ATUALMENTE?
A Medtronic é, de facto, líder mundial em tecnologias médicas, com um volume de vendas anual superior a 30 mil milhões de dólares, ou seja,quase o dobro da segunda maior empresa no setor e muito superior a muitas empresas farmacêuticas. A empresa nasceu nos Estados Unidos da América, na década de 50/60 do século passado, inicialmente dedicada à área cardíaca, mas rapidamente se expandiu para outras áreas terapêuticas. A nossa liderança atual tem que ver com a diversidade e transversalidade dentro do mercado hospitalar onde somos, normalmente, um dos três maiores fornecedores, tendo em conta todos os fornecimentos de que precisa um hospital, desde fármacos, hotelaria e tecnologias médicas.
Temos soluções tecnológicas para muitas áreas médicas, comoCirurgia, Cardiologia, Neurociências e Diabetes, entre outras. Os grandes desafios passam por continuarmos a oferecer a melhor inovação, valorizada pela sua eficácia, por melhorar a saúde e a qualidade de vida dos doentes, correspondendo às expectativas dos financiadores e prestadores de saúde no mundo inteiro. Temos aprendido que a eficácia dos nossos produtos se otimiza quando os sistemas de saúde são mais eficientes. Como tal, entrámos também no mercado dos serviços, procurando ajudar os hospitais a aumentar a sua eficiência, com uma nova unidade de negócio denominada Integrated Health Solutions. Quando o processo de diagnóstico de uma doença é célere, os doentes são encaminhados para os departamentos clínicoscertos e o hospital afeta os seus recursos de forma mais económica. Assim, garante-se mais eficiência na sua atividade e, ao mesmo tempo,maior eficácia da atividade clínica. Nesta área, apoiamos os nossos clientes a atingir melhores níveis de eficiência através de diferentessoluções, de onde destacamos as soluções digitais.
No caso de Portugal, além da procura de eficiência, que hoje é uma constante estratégica das administrações hospitalares públicas e privadas, há uma necessidade latente de reequipar os serviços de forma a aumentar as capacidades de diagnóstico e tratamento, que também se traduzem em oportunidades neste mercado. Esta necessidade torna-se mais fácil de satisfazer no mercado privado, que apresenta maior capacidade de investimento, mas o setor público espera uma injeção importante de fundos, que será certamente fundamental para o seu futuro próximo. Dentro deste processo de reequipamento, há uma componente importante de inovação, que passa, não só pelasubstituição de tecnologias existentes, como pela introdução de novas tecnologias, como a cirurgia robótica. Esta área precisa de umaceleramento, de forma a colocar Portugal na corrida, ao lado dos seus pares europeus.
A robótica tornou-se muito importante no processo de aumentar a eficácia cirúrgica, como também na retenção de talento dos médicos mais jovens. Até agora, a robótica tem sido monopólio dos médicos mais experientes, mas a Medtronic tem uma solução que, além de manter o custo cirúrgico mais aproximado ao de um procedimento cirúrgico normal, oferece programas rápidos de adoção para diversas equipas cirúrgicas, democratizando todo o processo de acesso à tecnologia por parte dos profissionais de saúde. Além de uma solução robótica para a cirurgia geral, a Medtronic também dispõe de outra solução robóticaespecífica para cirurgia da coluna.
DE QUE FORMA A MEDTRONIC ESTÁ A CONTRIBUIR PARA A INOVAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE E COMO É QUE ISSO ESTÁ A CRIAR IMPACTO NA VIDA DOS DOENTES?
A Medtronic faz investigação em todo o mundo e na área dos dispositivos médicos é a empresa que mais contribui pela sua dimensão e diversidade. Em Portugal, a realidade é relativamente igual, temos diversos estudos clínicos a decorrer e estamos a trabalhar para introduzir estudos mais complexos para os quais o país oferece capacidade e estrutura intelectual e académica. Gostaríamos que as condições e os estímulos que as autoridades oferecem aos profissionais e às instituições de saúde fossem melhores, com mais incentivos e mais condizentes com a capacidade de resposta que temos. Em todas as áreas terapêuticas temos apresentado inovações, que melhoram significativamente a saúde e a qualidade de vida dos doentes. Temos introduzido novas soluções para a diabetes, nova instrumentação cirúrgica, pacemakers, próteses valvulares, material para a coluna vertebral, dispositivos vários nas neurociências, sistema digestivo e de ORL e outros que beneficiam substancialmente a vida dos doentes. A inovação é uma constante no nosso mercado, que é o mercado mais inovador em termos de introdução de patentes, só ultrapassado pelo mercado do software. O impacto na saúde dos doentes é muito positivo e faz parte do nosso ADN, pois é essa missão que nos faz todos os dias entrar nos blocos operatórios com os profissionais de saúde, para os ajudar a fazer um trabalho cada vez mais eficaz e valorizado.
COMO ESTÃO ORGANIZADAS AS SOLUÇÕES TERAPÊUTICAS QUE DISPONIBILIZAM? E QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS?
Temos cerca de 20 unidades de negócio distribuídas por quatro grandes portefólios: Cardiovascular, Cirurgia, Neurociências e Diabetes. As maiores áreas são as duas primeiras, mas acreditamos que há uma confluência entre todas, através de estratégias de crescimento mais acelerado das áreas com volume de negócios mais pequeno. Apenas como exemplos, diria que a solução tecnológica para a diabetes torna a vida dos doentes bastante melhor, possibilitando a monitorização contínua da glicose e administração adequada de insulina, substituindo a atividade do pâncreas. Introduzimos uma tecnologia de implantação de uma válvula cardíaca por via percutânea, evitando a cirurgia cardíaca. Temos um pacemaker disruptivo, que é 10 vezes mais pequeno doque um pacemaker normal, e que pode funcionar sem a introdução de elétrodos nos vasos sanguíneos, reduzindo substancialmente o risco de vascularização dos mesmos. O mesmo poderia dizer de um cardioversor desfibrilhador implantável também sem elétrodos, uma solução bastante menos agressiva para os doentes com insuficiência cardíaca. Também temos dispositivos que através da estimulação cerebral profunda gerem doenças como o Parkinson e a distonia. Outros, também de estimulação elétrica, gerem a incontinência fecal e urinária. A anestesia foi revolucionada através de um sistema, que monitoriza a profundidade anestésica dos doentes. O nosso robotcirúrgico modular caracteriza-se por se ajustar à realidade das salas de operação. Poderia ficar horas a dar exemplos como estes, de inovação, que de facto impactam a saúde dos doentes de forma muito disruptiva e positiva.
No seguimento do que disse atrás, para nós, os produtos que disponibilizamos no mercado são tão importantes como os colaboradores que escolhemos paraa empresa, onde valorizamos as suas qualidades humanas e técnicas paratrabalharem diariamente com os profissionais de saúde. A formação, não só dos nossos colaboradores como dos profissionais de saúde, é extremamenterigorosa e está na base do nosso sucesso.
QUAIS OS PRINCIPAIS MERCADOS PARA ONDE EXPORTAM?
A participação da indústria portuguesa na cadeia de valor da nossa produção é uma preocupação permanente. Há uns anos, em conjunto com o secretário de Estado da Internacionalização Económica e a AICEP, fomos com representantes de empresas do cluster português dos moldes aos Estados Unidos da América, para visitar a sede da Medtronic e algumas das suas fábricas, de forma a aproximar a empresa de um dos setores mais fortes da nossa economia. A indústria dos moldes em Portugal tem prestígio de qualidade e capacidade de escala mundial, sendo que os dispositivos médicos são uma ótima área para diversificar relativamente à indústria automóvel, cujo futuro apresenta alguns desafios. Esta missão foi consequência de uma missiva do Presidente da República e do Governo de Portugal aos Estados Unidos da América, para aproximar os dois países e mostrar todas as nossas capacidades.
É bastante difícil medir a participação da indústria nacional na nossa produção internacional, mas será mais fácil quando esta produção for mais dirigida ao produto acabado, ou seja, incluindo assemblagem, e não apenas ao produto intermédio. Ainda neste sentido, continuo a tentar atrair a minha empresa para montar uma fábrica em Portugal, para a qual temos das melhores condições de mercado, excluindo a área fiscal.
A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL TEM DESEMPENHADO UM PAPEL SIGNIFICATIVO EM VÁRIAS INDÚSTRIAS. COMO É QUE A MEDTRONIC ESTÁ A USAR A TECNOLOGIA PARA MELHORAR OS PRODUTOS E SERVIÇOS COMERCIALIZADOS?
Muitos dos nossos produtos como os pacemakers, os cardioversores, os estimuladores cerebrais, sistémicos e as nossas soluções para a gestãode diabetes são produtores de informação importante para alimentar o desenvolvimento de novos algoritmos que melhorem o seu desempenho. As soluções robóticas da Medtronic estão associadas a equipamentos de recolha de informação importante para melhorar o seu desempenho constantemente, através do uso de Inteligência Artificial(IA). As próprias soluções de gestão terapêutica, que apresentamos,estão também associadas à IA.
A MEDTRONIC TEM ESPECIAL FOCO NOS DISPOSITIVOS MÉDICOS IMPLANTÁVEIS. QUE AVANÇOS DESTACA NESTA ÁREA E DE QUE FORMA ELES TÊM BENEFICIADO OS DOENTES?
Já dei antes um exemplo de um pacemaker que tem uma dimensão muito pequena e que se implanta sem elétrodos nos vasos sanguíneos, traduzindo uma inovação disruptiva em termos de nanotecnologia, como reduzir os efeitos colaterais nos doentes. Dentro dos dispositivos implantáveis, temos os “não ativos” como os stents, por exemplo, e os “implantáveis ativos”, normalmente ativados por processos de engenharia com energia associada, como os pacemakers cardíacos,para estabilizar a função cardíaca, os neurológicos, para gerir doenças como o Parkinson e a dor crónica, e os pélvicos para gerir incontinênciaurológica e intestinal. Estas tecnologias têm sido alvo de grandes intervenções tecnológicas, com a estratégia de melhorar e aumentar os algoritmos de tratamento, melhoria da performance em termos de tempo e monitorização dos doentes à distância. O objetivo de melhorar a saúde e a qualidade de vida dos doentes e facilitar o trabalho dos profissionais de saúde tem sido alcançado.
Uma outra área que está a revolucionar o segmento do dispositivo implantável refere-se ao diagnóstico de eventos cardíacos e neurológicos, muito importante para antecipar e identificar problemas, de forma a tratar a tempo com recurso à terapêutica indicada. Os pacemakers, em geral, já incluem esta tecnologia, mas mesmo doentes que não precisam de pacemakers podem ser implantados com um registador de eventos, podendo ser monitorizados à distância pelos centros médicos que os acompanham. Estes registadores também têm sido alvo de inovação, quer para aumentar a capacidade e as áreas de atuação, quer diminuindo o seu tamanho, a ponto de serem, neste momento, implantados de forma injetável, sem necessitarem de procedimento cirúrgico.
A COLABORAÇÃO É MUITAS VEZES ESSENCIAL PARA O PROGRESSO. COMO É QUE COLABORAM COM OUTRAS EMPRESAS, INSTITUIÇÕES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA PROMOVER E IMPULSIONAR A INOVAÇÃO NESTA ÁREA?
O nosso departamento médico tem promovido muitos estudos clínicos feitos em hospitais com profissionais altamente competentes, tanto da empresa, como das instituições de saúde. Esta colaboração é feita diretamente com os departamentos médicos e administrações hospitalares e também com as universidades associadas aos hospitais. Temos tentado impulsionar Portugal para um patamar de investigação mais ajustado às competências dos nossos profissionais, mas creio que seria fundamental o país ter maior flexibilidade nos incentivos dados à atividade de Investigação & Desenvolvimento (I&D). Esta área poderia ser uma importante fonte de receitas para todo o setor da Saúde. Juntocom algumas associações, como o Health Cluster Portugal, a CIP e a Apormed, temos desenvolvido projetos que ajudam os governos a repensar esta área, de forma a maximizar a utilização do seu potencial.
A INVESTIGAÇÃO & DESENVOLVIMENTO É FUNDAMENTAL PARA A MEDTRONIC. PODE DESTACAR ALGUNS PROJETOS INOVADORES EM QUE ESTÃO, ATUALMENTE, ENVOLVIDOS?
Já disse anteriormente que além dos nossos produtos e tecnologias, interessa-nos otimizar a eficiência dos nossos clientes, pelo que os projetos de inovação passam não somente pela investigação produzida à volta dos nossos produtos e soluções terapêuticas, como também por processos logísticos e de gestão nas instituições de saúde. Por exemplo, temos introduzido soluções de gestão de lista de espera comoforma de melhorar os tempos de resposta e a experiência dos doentes na admissão e no tratamento cirúrgico. A nossa intervenção passa pela relação e comunicação entre doentes e profissionais de saúde, além da gestão de informação e utilização de IA, para aperfeiçoamento constante na resposta às necessidades dos departamentos hospitalares. De realçar que a introdução de um sistema cirúrgico robótico não se resume à venda de um robot, mas também a toda a gestão à sua volta, que altera as rotinas dos blocos operatórios. São projetos de gestãocomplexos e desafiantes que têm inclusive aproximado os clínicos das administrações hospitalares.
O INVESTIMENTO DA EMPRESA É NACIONAL OU ESTRANGEIRO?
A empresa nasceu nos Estados Unidos, mais concretamente em Minneapolis, nos anos 60 do século passado e mais recentemente mudou a sua sede para a Irlanda. O capital é diverso, estamos localizados em mais de 160 países, temos mais de 90 mil colaboradores, com uma boa percentagem a dedicar-se a I&D. Os colaboradores podem adquirir ações da empresa, com desconto ajustável, até um limite de uma parte do seu salário, para além dos normais incentivos com atribuição de ações e de stock options.
A TELEMEDICINA GANHOU DESTAQUE NOS ÚLTIMOS ANOS. COMO É QUE SE ESTÃO A ADAPTAR A ESTA NOVA REALIDADE? DE QUE FORMA A MEDTRONIC ESTÁ, TAMBÉM, A CONTRIBUIR PARA ESSA NOVA REALIDADE?
Toda a telemonitorização disponibilizada pelas nossas soluções terapêuticas, especialmente dos dispositivos implantáveis ativos e alguns não ativos, nomeadamente, de diagnóstico e gestão da diabetes, permite aos centros médicos evitar a consulta direta, tendo informação concreta nas bases de dados sobre a saúde dos seus doentes. Para nós, a telemedicina já é uma realidade há muitos anos, como tal a adaptação foi natural. Em tempos era mais difícil para os prestadores de saúde contabilizarem e faturarem as consultas por telemedicina, mas este processo tem vindo a ajustar-se e os financiadores de saúde têm-se adaptado e reconhecido a utilidade da telemedicina incluindo, assim,a justa remuneração dos profissionais apoiados pelas nossas soluções.
QUAIS SÃO AS VOSSAS PERSPETIVAS EM RELAÇÃO ÀS TECNOLOGIAS EMERGENTES, COMO, POR EXEMPLO, A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, NO CONTEXTO DA MEDICINA?
Já dei alguns exemplos, mas diria que as tecnologias emergentes estarão sempre ligadas à saúde, direta ou indiretamente. Gosto sempre de introduzir a ficção científica na minha narrativa, para explicar melhor o caminho por onde pretendemos ir. Os filmes e livros de ficção científica abordam frequentemente três áreas: armamento, transportes e tecnologias médicas. Poderia enumerar vários filmes, mas diria que o que se procura nas tecnologias médicas no futuro próximo está ligado ao diagnóstico e à gestão das bases de dados. A robótica é uma área cujo desenvolvimento só poderá ser realidade se houver uma boa gestão de bases de dados, com o apoio da Inteligência Artificial.Associados à robótica, além da IA, temos a realidade aumentada e arealidade virtual. Já fora da ficção, também se tem observado o desenvolvimento de fármacos, cuja administração se completa com tecnologia médica. Por exemplo, a tecnologia do laser com agentes químicos reativos que eliminam células cancerígenas em conjunto.
A EDUCAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE É CRUCIAL. DE QUE FORMA APOIAM A FORMAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM RELAÇÃO AOS VOSSOS PRODUTOS E AVANÇOS TECNOLÓGICOS?
Para introduzir uma tecnologia médica no mercado temos de treinarapropriadamente os profissionais de saúde que vão estar envolvidos com essa tecnologia. Quando a tecnologia é disruptiva, temos de incluir um procter, ou seja, um especialista treinado para treinar os especialistas dentro dos hospitais, o que inclui sempre o seguimento de um número determinado de procedimentos. Após este treino, os profissionais ficam credibilizados nessa tecnologia, sendo exemplo a introdução de válvulas cardíacas percutâneas, que evitam a cirurgia cardíaca, uma vez que são introduzidas com cateterismo. Só após alguns procedimentos com supervisão é que cada cardiologista de intervenção fica independente na execução deste procedimento.
A maior parte dos nossos investimentos de marketing estão associados à formação de profissionais de saúde e dos nossos colaboradores, que são altamente especializados e formados para o seguimento e apoio dos procedimentos médicos.
QUAIS SÃO AS PRIORIDADES ESTRATÉGICAS DA EMPRESA PARA OS PRÓXIMOS ANOS?
A empresa continua a apostar na melhor tecnologia médica para melhorar a vida das pessoas em todo o mundo. Continuará a adaptar-se aos tempos que correm no que respeita à sua organização interna, no sentido de aumentar a agilidade, dando resposta às necessidades dos nossos clientes, procurando sempre melhorar o binómio eficácia/eficiência. Queremos crescer em todas as unidades de negócio,tentando acelerar as mais pequenas como forma de equilibrar o peso de todas as áreas no volume total. A empresa continuará especialmente a manter o enfoque na nossa missão, que move todos os colaboradores no mundo inteiro, diariamente: aliviar a dor, restabelecer a saúde e prolongar a vida.
A DIVERSIDADE E INCLUSÃO SÃO TEMAS CADA VEZ MAIS IMPORTANTES NAS EMPRESAS. DE QUE FORMA ABORDAM ESTE TIPO DE QUESTÕES?
Abordamos os temas de Diversidade e Inclusão com transparência, assertividade e com ações concretas. O nosso compromisso inabalável com a Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) significa zero barreiras à oportunidade na Medtronic e uma cultura onde todos os colaboradores têm o sentimento de pertença, são respeitados e sentem-se valorizados por quem são e pelas experiências de vida. Sabemos que a equidade começa fora do nosso local de trabalho e devemos desempenhar um papel na abordagem das desigualdades sistémicas nas nossas comunidades se quisermos fazer uma diferença significativa na nossa organização. Comprometemo-nos com este trabalho porque sabemos que a DE&I irá acelerar a nossa inovação, melhorar o bem-estar dos nossos colaboradores e ajudar a levar as nossas tecnologias, que salvam vidas a mais doentes, em mais locais em todo o mundo.
Das nossas intenções às nossas ações é um caminho, que se traduz em números. Em 2023, conseguimos que mais de 50% dos participantes em programas de desenvolvimento de carreira fossem mulheres comdiversidade étnica. Durante o mesmo ano, atingimos os 100% de equidade entre diferenças de género e étnica nos EUA.