LUÍS DE ALMEIDA SAMPAIO

“NA ALEMANHA, A ADMIRAÇÃO POR PORTUGAL E PELOS PORTUGUESES É EVIDENTE

 

Ciente de que o futuro dos portugueses está nas nossas mãos, Luís de Almeida Sampaio, o embaixador de Portugal na Alemanha, contribui ativamente com o seu trabalho para que a “imagem positiva” que os alemães têm dos portugueses se mantenha. Tal como revela, “os interlocutores alemães sabem que Portugal vai vencer, vai ultrapassar as dificuldades do momento presente, vai sair da crise com uma economia mais robusta e competitiva e simultaneamente dar um contributo importante para o aprofundamento da integração europeia”. Contrariando determinadas ideias, o embaixador revela que na Alemanha os portugueses “não são vistos como preguiçosos ou irresponsáveis”, pelo contrário, são vistos como “um povo muito sério e muito trabalhador”. E conclui: “Aliás, os nossos emigrantes na Alemanha são um perfeito exemplo da mais-valia que os trabalhadores portugueses representam.” Luís de Almeida Sampaio destaca ainda, nesta entrevista, as relações existentes entre Portugal e a Alemanha, que considera intensas “e da maior importância política, diplomática, económica, financeira, cultural e social”.

 

Quais são os principais objetivos da sua missão na Alemanha?

O relacionamento entre Portugal e a Alemanha é muito intenso e da maior importância política, diplomática, económica, financeira, cultural e social. Esta importância, que não é de hoje, é porventura agora ainda mais evidente do que no passado devido ao papel central que a Alemanha desempenha no contexto do aprofundamento do processo de integração europeia que vivemos e que determinará o nosso futuro coletivo. Com efeito, a Alemanha não é apenas o principal motor económico do espaço europeu, mas é também, e cada vez mais, o principal ator político numa União Europeia em busca de soluções eficazes e duradouras para a crise multifacetada que atravessamos. É desta perspetiva que vejo o essencial da nossa relação com a Alemanha. A missão do embaixador de Portugal na Alemanha inscreve-se assim na primeira linha do exercício da nossa política externa.

 

Como descreve o último ano enquanto embaixador na Alemanha? Que balanço faz?

Foi um ano de permanente atividade, sempre com a preocupação de valorizar o esforço coletivo que os portugueses têm feito para superar a crise económica e financeira e, por essa via, fazer de Portugal a história de sucesso de que a União Europeia e a Alemanha tanto precisam. Julgo ter sido sempre muito bem compreendido e encontrado, sem exceção, o respeito, o apreço e o apoio que merecemos. Faço, deste modo, um balanço muito positivo.

 

Numa altura em que Portugal se encontra nas mãos de entidades estranhas, devido à nossa situação económica e financeira, o que é que, como embaixador, pode fazer para alterar a imagem do nosso país além-fronteiras?

A imagem de Portugal e dos portugueses é muito boa. Costumo dizer que o único sítio do mundo onde por vezes ouço dizer mal de Portugal é em Portugal. Não é certamente na Alemanha, onde, contrariando ideias feitas que por vezes flutuam em alguma da nossa comunicação social, a admiração por Portugal e pelos portugueses é evidente. Os meus interlocutores alemães sabem que Portugal vai vencer, vai ultrapassar as dificuldades do momento presente, vai sair da crise com uma economia mais robusta e competitiva e simultaneamente dar um contributo importante para o aprofundamento da integração europeia, o único quadro que pode proporcionar uma resposta duradoura para as dificuldades que todos vivemos. O que posso fazer é contribuir para essa imagem positiva de Portugal e é isso que faço, de facto, todos os dias.

 

Considera que o nosso futuro está nas mãos desses países que nos ajudaram?

O nosso futuro está, como sempre esteve, nas nossas mãos. O futuro de Portugal está nas mãos dos portugueses. Somos um povo antigo que já viveu muito e superou outras crises e dificuldades. Estamos coletivamente a demonstrar a nossa determinação e capacidade em novamente vencer. Ao contrário do que tantas vezes aconteceu no passado, desta vez não estamos sozinhos. O contexto internacional moderno é profundamente marcado por interdependências sem as quais não seria possível enfrentar os desafios do mundo global que é o nosso. As nossas responsabilidades no seio da União Europeia, os nossos compromissos com as instituições financeiras internacionais, o nosso papel económico à escala mundial, etc., exigem partilha de objetivos, respeito pelos compromissos assumidos, coordenação com os nossos parceiros. Muito do nosso futuro será vivido em estreita ligação com outros países, outros povos e, nesse sentido, todos dependemos uns dos outros. No caso de Portugal as nossas interdependências vão muito para além do contexto europeu. A nossa língua, que partilhamos com mais de 260 milhões de pessoas, a nossa História, a diversidade dos nossos interesses empresariais, a nossa especial situação geográfica, implicam que estejamos intimamente ligados a um espaço que vai muito para além dos limites definidos pela União Europeia. Nem todos os países europeus gozam da mesma situação, que é também razão de responsabilidades acrescidas, mas justifica a esperança num futuro melhor.

 

Na sua opinião, vamos conseguir sair deste “buraco” económico?

Já estamos a sair do “buraco” económico. Nunca tive dúvidas de que Portugal, enfrentando com seriedade as exigências impostas pela superação da crise e por um rigoroso programa de ajustamento económico e financeiro, iria vencer. E, é importante sublinhá-lo, os nossos amigos alemães também não. A retoma está aí. Os seus primeiros sinais são já visíveis. Importa não “embandeirar em arco” e sobretudo perceber que a nossa credibilidade internacional, designadamente na Alemanha, depende da forma como soubermos manter o rumo que traçamos, cumprir os objetivos do programa, criando as bases para o regresso de um crescimento económico sustentável, gerador de emprego, sempre com a preocupação de nos protegermos de voltar a conhecer situações como esta da qual estamos a sair. É um exercício delicado e extremamente exigente, mas cujo sucesso será devidamente recompensado. A credibilidade económica e financeira irá sendo aferida pelos mercados e a condução política que soubermos fazer dos próximos meses será decisiva. Também aqui é parte integrante da minha missão garantir que na Alemanha tudo isto é bem percebido.

 

Somos comparados à Grécia ou, por outro lado, somos vistos como um povo que sabe dar a volta por cima?

Não gosto de fazer comparações, mas sempre que na Alemanha as comparações são feitas saímos a ganhar. Assumimos as nossas responsabilidades desde o princípio, pondo em prática medidas que, independentemente da gradação ou momento de aplicação das mesmas, todos sabemos ser indispensáveis para projetar a nossa economia no sentido do crescimento em bases sólidas. Na Alemanha, insisto, é consensual que somos um povo que sabe “dar a volta por cima”. De resto, acredito pessoalmente que, embora de forma porventura diferente, todos os países europeus sob programa de assistência ou em situação de crise mais grave conseguirão superá-la. Nem outra opção é compatível com o projeto europeu, que seria seriamente afetado com o fracasso económico e financeiro de um dos seus membros. Desejo, também em nome da solidariedade europeia e da preservação do nosso destino comum, que a Grécia e os gregos saiam da crise como nós estamos a fazer.

 

Depois de todo este processo de intervenção em Portugal ficámos a perceber que, na Alemanha, somos vistos como um povo que não trabalha, que tem imensos feriados ao longo do ano e que nada faz para mudar. Concorda? O que há a fazer para alterar esta situação?

Não concordo. Tenho infelizmente que repetir muitas vezes, sobretudo para audiências portuguesas expostas a certa comunicação social que critica a Alemanha e os alemães e que nos vitimiza, que essa suposta imagem não corresponde à realidade. A crise económica e financeira recente tem razões que estão hoje perfeitamente identificadas. Com maior ou menor incidência neste ou naquele país, ela resultou da convergência de desequilíbrios do sistema bancário e financeiro, do acumular do excesso de despesa pública e da inadequação do tecido empresarial público e privado aos desafios da competitividade. No nosso caso foi essencialmente provocada pelas duas últimas ordens de razões. É exatamente isso que estamos a corrigir. É isso que transmito quotidianamente na Alemanha. O resto é acessório, embora seja também minha obrigação dizer em Portugal que na Alemanha os portugueses não são vistos como preguiçosos ou irresponsáveis. Pelo contrário, somos vistos como um povo muito sério e muito trabalhador. Aliás, os nossos emigrantes na Alemanha são um perfeito exemplo da mais-valia que os trabalhadores portugueses representam. Não há nenhum sentimento negativo na Alemanha em relação a Portugal e aos portugueses. Digo-o permanentemente e com convicção.

 

A Alemanha é um dos principais parceiros comerciais de Portugal. Esse facto torna o seu trabalho mais difícil? Sente que tem uma responsabilidade acrescida?

Torna o meu trabalho mais fácil. Partimos efetivamente de uma base de relacionamento comercial muito importante. Há que desenvolvê-la. É evidente que há muito por fazer, que há muito para fazer, no entanto a internacionalização das empresas portuguesas, designadamente no espaço europeu e também na Alemanha, prossegue a bom ritmo e as nossas exportações aumentam. Agora é também para a atração do investimento direto estrangeiro que devemos orientar a nossa ação. E isso aplica-se também à Alemanha. Temos em Portugal, como é sabido, importantes investimentos alemães. A Siemens está presente há mais de cem anos, a Bosch, a Volkswagen, etc., são muito relevantes no contexto da nossa economia. É fundamental que, connosco, essas grandes empresas comuniquem mais e melhor a outras empresas alemãs que não estão, ou ainda não estão, instaladas em Portugal, por que razão aqui investem, aqui produzem, aqui têm padrões de excelência, lucros muito interessantes, numa palavra, não querem ir embora. Estou convencido de que a história de sucesso que estamos a construir em Portugal, no contexto mais geral de uma melhoria da situação económica internacional, imporá às empresas alemãs que ainda não investem em Portugal a consideração estratégica de colocar o nosso país no respetivo “radar”.

 

Quais são, na sua opinião, os melhores setores para se investir em Portugal?

Vou procurar dar uma resposta tão exaustiva quanto possível. Diria que os mais relevantes são o automóvel e a aeronáutica; as tecnologias da informação e comunicação; a saúde, as ciências da vida e a farmacêutica; a floresta, polpa e papel; a indústria química e petroquímica; o setor mineiro; o têxtil, o vestuário, o calçado e a moda; os materiais de construção; as energias renováveis; o setor dos serviços empresariais e financeiros; os moldes; a metalomecânica; o turismo, em todos os seus subsetores: cultural, lazer, natureza, gastronomia, etc. Está em preparação, na sequência das recentes visitas do ministro da Economia à Alemanha, uma grande missão de potenciais investidores alemães a Portugal. Estes setores, todos ou grande parte, serão objeto de especial atenção nessa ocasião.

 

Como podemos reforçar as nossas exportações para a Alemanha?

Sem surpresa, os principais setores exportadores portugueses coincidem essencialmente com aqueles clusters de investimento ou potencial investimento, e nunca é demais repetir que o crescimento das exportações portuguesas foi mais elevado do que o crescimento das exportações da Alemanha, França, Espanha ou Itália, por exemplo, entre o segundo trimestre de 2011 e o segundo trimestre de 2013, para referir apenas números exatos de que disponho, atingindo naquele segundo trimestre de 2013 o valor recorde de 41,1% do nosso PIB. Este número, para o qual, evidentemente, o mercado alemão também em muito contribuiu, é tanto maisrelevante quando comparado com 2004 ou 2009, por exemplo, anos em que as nossas exportações não ultrapassaram 28% do nosso PIB. Claro que é também assinalável a diversificação consistente dos mercados para os quais exportamos, sendo que entre 2000 e 2012 as exportações portuguesas para fora da União Europeia passaram de 17,8% para 29% do total das nossas exportações. Se faço esta referência, é para sublinhar que também na Alemanha, junto dos nossos interlocutores alemães, encontro sempre a exata perceção de que Portugal é uma ponte, porta e chave para mercados extraeuropeus que ninguém conhece porventura como nós e em relação aos quais o apetite pelo estabelecimento de parcerias com as nossas empresas é, por muito boas razões, crescente. Há efetivamente a consciência na Alemanha, porventura de forma mais aguda do que é comum encontrarmos entre nós, de que a posição geográfica periférica de Portugal no contexto europeu, acentuada pelos sucessivos alargamentos da União Europeia para norte e para leste, é uma fonte de oportunidades e uma plataforma de afirmação dos nossos interesses estratégicos, e não uma fatalidade, um fado, que nos condenasse perpetuamente a um menor desenvolvimento.

 

Como é que a comunidade portuguesa é vista? Qual a dimensão e importância desta comunidade?

A comunidade portuguesa na Alemanha, composta por aproximadamente 120 mil pessoas, é bem vista e respeitada, integrada e sem problemas. Quando comparada com outras comunidades imigrantes, é de relativa pequena dimensão (há vários milhões de turcos a viver na Alemanha, por exemplo) e é uma comunidade de cidadãos europeus, da União Europeia, o que torna naturalmente ainda mais fácil o quotidiano dos nossos compatriotas que na Alemanha vivem e trabalham.

 

Enquanto embaixador de Portugal na Alemanha, qual é a sua relação com a comunidade lusa? De que modo se aproxima e como se relaciona com os imigrantes?

Tenho, com orgulho, uma relação muito próxima com a nossa comunidade na Alemanha. Não só a Embaixada em Berlim está em permanente contacto e estreita coordenação com os Consulados de Portugal na Alemanha, como me desloco por todo o lado. A comunidade portuguesa, apesar de dispersa por todo o território alemão, tem algumas zonas de maior concentração, que coincidem, grosso modo, com as regiões onde temos consulados-gerais que articulam o meu diálogo com os portugueses residentes na Alemanha.   A comunicação social, como, por exemplo, o conhecido jornal Portugal Post, e as redes sociais são também essenciais nesse contacto que procuro que seja permanente com a nossa comunidade. Não me competirá a mim avaliar, mas julgo termos motivos para satisfação nesta matéria. Por outro lado, iniciámos em 2013 a descentralização das celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na Alemanha. Pela primeira vez saímos da capital e comemorámos com a nossa comunidade o 10 de Junho em Düsseldorf, na Renânia do Norte-Vestefália, região onde se concentra o maior número de portugueses. Este ano, 2014, fá-lo-emos em Hamburgo, cidade onde a presença portuguesa é antiquíssima e importantíssima, e aproveitaremos essa ocasião única para organizar um congresso internacional alusivo aos 50 anos do tratado que deu o primeiro enquadramento jurídico à emigração portuguesa para a Alemanha nas últimas décadas. As celebrações do Dia de Portugal e dos 50 anos da comunidade portuguesa na Alemanha transformarão Hamburgo, para além do seu bairro português mencionado em todos os guias turísticos, durante vários dias numa cidade portuguesa. É um projeto que acarinho especialmente e que dedico em primeiro lugar à nossa comunidade.

 

A cultura portuguesa não é muito conhecida na Alemanha, o que está a ser feito para alterar esta situação?

A Alemanha é um país de cultura de uma riqueza e densidade impressionantes, com difícil paralelo no mundo. Os alemães estão permanentemente abertos e ávidos a absorver cultura. Por isso, tudo o que de qualidade lhes oferecemos é um sucesso garantido. Eu não diria que a cultura portuguesa é pouco conhecida na Alemanha. A nossa cultura, nas suas mais variadas manifestações, carrega a nossa História e o nosso engenho e criatividade. Ela é muito apreciada na Alemanha. Claro que há muito a fazer para uma adequada promoção cultural portuguesa na Alemanha, como de resto em todo o mundo. É uma tarefa permanente, um desafio empolgante que também depende, e muito, dos meios financeiros postos à respetiva disposição. A minha embaixada tem feito tudo o que está ao seu alcance para contribuir para esse objetivo. Para dar apenas um exemplo, decorre neste momento em Berlim uma emblemática exposição da obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira intitulada Do Traço ao Espaço.

 

Como mantemos vivas as tradições portuguesas na Alemanha?

As comunidades portuguesas na Alemanha têm um riquíssimo programa, muitas vezes informal, de atividades culturais, recreativas, gastronómicas, etc., que se produz ao longo do ano em tantas atividades de associações, grupos, coletividades, clubes, que preservam bem vivas as nossas melhores tradições. Não há festa portuguesa sem a nossa cozinha, os nossos vinhos e a nossa música e dança tradicionais. Mas também há, cada vez mais, eventos promovidos por portugueses onde pontua a nossa literatura, e as literaturas de língua portuguesa, a divulgação da nossa música contemporânea, da nossa pintura, das nossas artes performativas, da nossa arquitetura e da nossa História. E não apenas em meios intelectuais ou académicos. Há associações, como a Berlinda, que, para além de uma assinalável ação social, chegam a muitos milhares de portugueses e alemães, com atividades culturais de grande nível.

 

De que modo os portugueses que moram na Alemanha podem contribuir para tornar os nossos produtos mais atraentes?

Os portugueses que vivem e trabalham na Alemanha são excelentes embaixadores da promoção dos nossos produtos, reforçando a imagem de qualidade de que estes gozam no mercado alemão. É difícil torná-los ainda mais atraentes.

 

Falou, em algumas entrevistas, em diplomacia económica. O que é?

A diplomacia económica é colocar no centro da nossa atividade diplomáticaa proteção dos interesses económicos portugueses e a promoção das nossas empresas, bens e serviços. A diplomacia não pode deixar de ser económica. O tempo que vivemos, o mundo global em que operam as empresas, está profundamente marcado pela atividade económica. “We live in financial times.” A diplomacia não pode ignorá-lo, tem que se inscrever nele de forma proativa, antecipando as dificuldades e os desafios e contribuindo para o nosso sucesso coletivo nos planos económico e financeiro. É claro que a diplomacia foi sempre económica, porque os interesses políticos, diplomáticos e mesmo culturais tiveram sempre, necessariamente, implicações de natureza económica. A novidade é que agora os embaixadores, pessoalmente, e todas as respetivas equipas, e não apenas, como no passado ainda recente, os adidos económicos e comerciais, estão diretamente envolvidos na proteção e promoção diária daqueles interesses. E isto só é possível mediante a estreita articulação entre os setores público e privado, os vários departamentos do Estado, as empresas e as associações empresariais, quer em Portugal quer no estrangeiro. É por isso que a coordenação, por exemplo, da atividade das embaixadas com a AICEP e com o Turismo é absolutamente vital para o sucesso da nossa ação diplomática económica. Creio que em Berlim estamos a estabelecer um paradigma também nesta matéria.

 

Falam de si como o “embaixador da mudança”, porquê?

Quando se iniciam funções como as minhas há sempre a pretensão, porventura desculpável, de querer fazer mais e melhor. De guardar tudo o que está bem e melhorar o que for possível. É isso que me motiva todos os dias e que talvez justifique esse simpático título que um jornal me deu.

 

Nas últimas eleições alemãs o resultado da CDU foi, na sua opinião, apenas mais uma vitória para o partido ou, pelo contrário, revelou-se um triunfo para Angela Merkel enquanto pessoa?

As últimas eleições federais foram muito uma vitória pessoal da chanceler Angela Merkel. Ela é, para a larga maioria do eleitorado alemão, a referência, o símbolo e a garantia da estabilidade. É também a perspetiva de solução da crise europeia preservando, simultaneamente, um aprofundamento da integração do projeto europeu e os interesses da Alemanha e dos alemães. Por outro lado, as últimas eleições abriram a porta a um extraordinário exercício de responsabilidade política e cívica na Alemanha com as bem-sucedidas negociações para um Governo de “grande coligação” entre a CDU/CSU e o SPD, ou seja, de forma exemplar, os partidos alemães cujas famílias políticas coincidem com os nossos partidos do chamado “arco da governação” souberam colocar o interesse coletivo à frente e acima do interesse partidário, numa demonstração do traço idiossincrático que para mim é o mais evidente no povo alemão: o primado do interesse comum sobre o interesse individual, a certeza de que o que nos une é muito mais importante do que o que nos divide.

 

Como foram recebidas as declarações de José Sócrates relativamente à relação da Alemanha com Portugal em todo este processo de recuperação económica? O parceiro alemão sempre apoiou Portugal?

Tenho a certeza que os principais responsáveis políticos portugueses, independentemente das suas eventuais filiações partidárias ou inclinações ideológicas, sabem muito bem como a Alemanha sempre apoiou Portugal em todo o processo que conduziu ao programa de ajustamento económico e financeiro e julgo também que têm informação suficiente para saber como a Alemanha continua a desempenhar um papel relevantíssimo no atual contexto. Nem outra coisa poderia ser. O lugar e as responsabilidades dos sucessivos Governos alemães no quadro europeu implicam, independentemente da cor política da respetiva composição, uma estreita coordenação das matérias económicas e financeiras com parceiros como Portugal, que foi e é muito intensa e que exige um grau elevado de confiança e respeito mútuos. É assim com os atuais Governos dos dois países, tal como foi assim durante a constância do anterior Governo português e do anterior Governo alemão.

 

Como é viver em Berlim? Qual é a sua relação com a cidade? Foi uma adaptação fácil?

Berlim é uma cidade fascinante que eu já conhecia, mas onde nunca tinha vivido. Há muitas “Berlins” em Berlim, muitos centros e, nesse sentido, é uma cidade muito diferente de outras grandes capitais do mundo. Berlim é profundamente cosmopolita, com uma vida social e cultural vibrante. Costumo dizer, a título de exemplo, que há mais galerias de arte contemporânea em Berlim do que em Nova Iorque. Curiosamente algumas das mais reputadas galerias de arte contemporânea em Berlim são animadas por artistas portugueses ou propriedade de portugueses. Berlim é também, claro, a capital política da Alemanha e é, portanto, o palco de todos os grandes acontecimentos políticos. A minha vida passa muito, necessariamente, pela Chancelaria Federal, pelo Bundestag, pelos

diferentes ministérios do Governo Federal, etc.

 

Quais os costumes alemães que mais aprecia? De que menos gosta?

Aprecio especialmente os mercados de Natal e toda a atmosfera que envolve esse período de festas. Nessa matéria os alemães ganham-nos aos pontos. Depois, novamente, o peso da História, os seus locais de referência, os museus e a presença, eu diria a omnipresença, da música. Nada se faz, nada se passa na Alemanha sem música. As celebrações religiosas transformam-se em concertos e não há solenidade que não tenha o seu quarteto de cordas ou o seu coro. Como aprecio especialmente as salsichas da Turíngia, as famosas Rostbratwurst, diria que a única coisa que aprecio menos na Alemanha são as outras.

 

De que tem mais saudades?

Da nossa luz. Sempre que me desloco a Lisboa e passeio ao longo do rio perto de minha casa, em Belém, não deixo de repetir de mim para mim, esperando que os meus amigos alemães não me oiçam: “a Alemanha não tem isto”.

IN DEUTSCHLAND IST DIE BEWUNDERUNG PORTUGALS UND DER PORTUGIESEN OFFENSICHTLICH

 

Im Bewusstsein, dass die Zukunft der Portugiesen in ihren eigenen Händen liegt, trägt Luís de Almeida Sampaio, Botschafter von Portugal in Deutschland, mit seiner Arbeit aktiv dazu bei, das positive Bild, das die Deutschen von den Portugiesen haben, aufrecht zu erhalten. Die „deutschen Gesprächspartner wissen“, verrät er uns, dass„ Portugal es schaffen wird, die gegenwärtigen Schwierigkeiten zu überwinden, aus der Krise mit einer robusteren und wettbewerbsfähigeren Wirtschaft hervorzugehen sowie gleichzeitig einen wichtigen Beitrag zur Vertiefung der europäischen Integration zu leisten.“ Bestimmten Vorstellungen zum Trotz offenbart uns der Botschafter, dass die Portugiesen in Deutschland „nicht als faul oder verantwortungslos angesehen werden.“ Im Gegenteil, sie werden als ein „sehr ernst zu nehmendes und fleißiges Volk wahrgenommen.“ Er kommt zu dem Schluss: „Übrigens sind unsere Emigranten in Deutschland ein perfektes Beispiel für die Vorzüge der portugiesischen Beschäftigten.“ Luís de Almeida Sampaio hebt außerdem in diesem Interview die Beziehungen zwischen Portugal und Deutschland hervor, die er für eng hält sowie “von höchster politischer, diplomatischer, wirtschaftlicher, finanzieller, kultureller und sozialer Bedeutung.“

 

Was sind die wichtigsten Ziele Ihrer Mission in Deutschland?

Die Beziehungen zwischen Portugal und Deutschland sind sehr eng und von höchs­ter politischer, diplomatischer, wirtschaft­licher, finanzieller, kultureller und sozialer Bedeutung. Diese Bedeutung ist zwar nicht neu, aber möglicherweise heute noch au­genscheinlicher als in der Vergangenheit, wenn man die zentrale Rolle betrachtet, die Deutschland im Rahmen der Vertiefung des europäischen Integrationsprozesses spielt, welchen wir durchleben und der unsere kol­lektive Zukunft bestimmen wird. Deutsch­land ist in der Tat nicht nur der wichtigste Wirtschaftsmotor des europäischen Raums, sondern ist auch immer mehr der haupt­sächliche politische Akteur in einer Europä­ischen Union, die sich auf der Suche nach effizienten und nachhaltigen Lösungen für die derzeitige multidimensionale Krise be­findet. Vor diesem Hintergrund sehe ich den Kern unserer Beziehung zu Deutschland. Die Mission des Botschafters von Portugal in Deutschland steht somit an vorderster Front unserer Außenpolitik.

 

Wie würden Sie dieses Jahr als Bot­schafter in Deutschland beschreiben? Wie fällt Ihre Bilanzaus?

Es war ein anhaltend arbeitsreiches Jahr. Ein ständiges Anliegen war es, die kollektiven Anstrengungen der Portugiesen zur Über­windung der Wirtschafts- und Finanzkrise zu würdigen und auf diesem Weg Portugal zu einer Erfolggeschichte zu machen, die die Europäische Union und Deutschland so sehr benötigen. Ich glaube, dass der Respekt, die Wertschätzung und die Unterstützung, die wir verdienen, immer ausnahmslos angetroffen und gut verstanden wurden. Ich ziehe darum eine sehr positive Bilanz.

 

Was können Sie zur Korrektur des Portugal-Bildes imAusland tun, be­sonders in einer Zeit, in der sich Portu­gal wegen seiner wirtschaftlichen und finanziellen Lage in den Händen frem­der Institutionen befindet?

Es besteht ein sehr gutes Bild von Portugal und den Portugiesen. Gewöhnlich sage ich, dass der einzige Ort auf der Welt, an dem ich die Leute manchmal schlecht über Portugal reden höre, Portugal selbst ist. Und auf jeden Fall nicht in Deutschland, wo – entgegen vor­gefasster Meinungen, die ab und zu in unseren Medien kursieren – die Bewunderung Portu­gals und der Portugiesen offensichtlich ist. Mei­ne deutschen Gesprächspartner wissen, dass es Portugal schaffen wird, die gegenwärtigen Schwierigkeiten zu überwinden, aus der Krise mit einer robusteren und wettbewerbsfähige­ren Wirtschaft hervorzugehen sowie gleichzei­tig einen wichtigen Beitrag zur Vertiefung der europäischen Integration zu leisten. Denn nur dieser Rahmen kann eine dauerhafte Antwort auf die Probleme ermöglichen, mit denen wir derzeit alle konfrontiert sind. Mir ist es möglich, zu diesem positiven Bild Portugals beizutragen. Und genau dies tue ich praktisch jeden Tag.

 

Glauben Sie, dass unsere Zukunft in den Händen derjenigen liegt, die uns geholfen haben?

Unsere Zukunft liegt – so wie es schon immer war – in unseren eigenen Händen. Die Zukunft Portugals ist in den Händen der Portugiesen. Wir sind ein altes Volk, das schon viele Krisen und Schwierigkeiten durchlebt und gemeistert hat. Wir zeigen nun gemeinsam unsere Ent­schlossenheit und Fähigkeit, es abermals zu schaffen. Doch anders als so oft in der Vergan­genheit stehen wir dieses Mal nicht alleine da. Der moderne internationale Kontext ist von tiefen Verflechtungen geprägt, ohne die es nicht möglich wäre, den Herausforderungen unserer globalen Welt zu begegnen. Unsere Verantwor­tung innerhalb der Europäischen Union, unsere Vereinbarungen mit den internationalen Finan­zinstitutionen, unsere globale wirtschaftliche Rolle, usw. erfordern gemeinsame Ziele, Res­pekt gegenüber den getroffenen Abmachungen und Koordinierung mit unseren Partnern. Ein Großteil unserer Zukunft wird in einem en­gen Bezug zu anderen Ländern und anderen Völkern stehen. In diesem Sinne sind wir alle voneinander abhängig. Was Portugal anbe­trifft, gehen unsere Verflechtungen weit über den europäischen Zusammenhang hinaus. Unsere Sprache, die wir mit mehr als 260 Mil­lionen Menschen teilen, unsere Geschichte, die Vielfalt unserer unternehmerischen Inter­essen sowie unsere besondere geographische Lage bringen es mit sich, dass wir engstens mit einem Raum verbunden sind, der weit über die von der Europäischen Union bestimmten Grenzen hinaus geht. Nicht alle europäischen Länder haben diesen Vorteil, der zwar auch eine größere Verantwortung in sich birgt, aber der auch die Hoffnung auf eine bessere Zu­kunft begründet.

 

Werden wir Ihrer Meinung nach aus diesemwirtschaftlichen Tal heraus­kommen?

Wir sind schon dabei, aus diesem Tal heraus­zukommen. Ich habe niemals daran gezweifelt, dass Portugal – das den Anforderungen, die die Überwindung der Krise und ein rigoro­ses wirtschaftliches und finanzielles Anpas­sungsprogramm auferlegen, mit einer großen Ernsthaftigkeit begegnet – es schaffen würde. Und unsere deutschen Freunde, das ist wich­tig zu erwähnen, haben genauso wenig daran gezweifelt. Der Aufschwung steht vor der Tür. Die ersten Anzeichen dafür sind schon sichtbar. Man sollte jedoch auf dem Teppich bleiben und vor allem verstehen, dass unsere internationale Glaubwürdigkeit, insbesondere in Deutschland, davon abhängt, inwiefern wir es verstehen, den eingeschlagenen Kurs zu hal­ten, die Ziele des Programms zu befolgen, um damit die Grundlage für die Rückkehr zu ei­nem nachhaltigen Wirtschaftswachstum zu le­gen, das Arbeitsplätze schafft. Dabei sollte auch stets angestrebt werden, sich vor einer Wie­derholung der Situation, aus der wir gerade herauskommen, zu schützen. Es handelt sich um eine heikle und extrem anspruchsvolle Aufgabe, deren Gelingen allerdings gebührend belohnt werden wird. Die wirtschaftliche und finanzielle Glaubwürdigkeit wird immerzu von den Märkten gemessen werden und die poli­tische Führungskraft, die wir in den nächsten Monaten aufbringen, wird entscheidend sein. Auch hierbei ist es wesentlicher Bestandteil meiner Mission, sicherzustellen, dass all dies in Deutschland gut verstanden wird.

 

Werden wir mit Griechenland vergli­chen oder eher als ein Volk betrach­tet, dass es versteht, das Ruder her­umzudrehen?

Ich ziehe nur ungern Vergleiche, aber immer wenn diese in Deutschland angestellt werden, gehen wir als Gewinner aus ihnen hervor. Wir haben unsere Verantwortung von Anfang an wahrgenommen und Maßnahmen in die Praxis umgesetzt, von denen wir alle – unab­hängig vom Grad und Zeitpunkt ihrer Anwen­dung – wissen, dass sie unabdingbar sind, um unsere Wirtschaft auf einen soliden Wachs­tumspfad zu bringen. Es herrscht in Deutsch­land allgemein die Auffassung vor – und darauf lege ich großen Wert – dass wir ein Volk sind, welches es versteht, das Ruder herumzudre­hen. Weiterhin glaube ich persönlich, dass – auch wenn womöglich auf jeweils andere Art und Weise – alle europäischen Länder, die einem Rettungsprogramm unterworfen sind oder sich in einer schwierigen Krise befinden, es schaffen werden, diese Situation zu über­winden. Und eine andere Lösung wäre mit dem europäischen Projekt auch nicht zu ver­einbaren, welches vom wirtschaftlichen und finanziellen Scheitern eines seiner Mitglieder ernsthaft getroffen werden würde. Ich wün­sche mir, auch im Namen der europäischen Solidarität und im Sinne der Aufrechterhal­tung unserer gemeinsamen Bestimmung, dass Griechenland und die Griechen die Krise ge­nauso wie wir hinter sich lassen.

 

Nach demlangen Interventions­prozess in Portugal sind wir nun zu der Erkenntnis gelangt, dass wir in Deutschland als Volk betrachtet werden, das nicht arbeitet, unheimlich viele Feiertage über das Jahr verteilt hat und nichts tut, umdaran etwas zu ändern. Stimmen Sie zu? Was ist zu tun, umdiese Situation zu korrigieren?

Ich stimme nicht zu. Leider muss ich oft – besonders gegenüber portugiesischen Zuhörern, die bestimmten Medien, welche Deutschland und die Deutschen kritisieren und uns als Opfer darstellen, ausgesetzt sind – wiederholen, dass dieses angebliche Bild nicht der Wirklichkeit entspricht. Die jüngste Wirtschafts- und Finanzkrise hat inzwischen eindeutig identifizierte Ursa­chen: Sie ging hervor – mit stärkerer oder schwächerer Ausprägung je nach betrach­tetem Land – aus dem Zusammenwirken von Ungleichgewichten des Finanz- undBankensystems, der Anhäufung übermäßi­ger öffentlicher Ausgaben sowie aus der Unzulänglichkeit des öffentlichen und priva­ten Unternehmensgefüges gegenüber den Herausforderungen der Wettbewerbsfä­higkeit. In unserem Fall waren es vor allem die beiden letzteren Gründe. Genau daran arbeiten wird gerade. Und genau das bringe ich tagtäglich in Deutschland zum Ausdruck. Alles andere ist nachrangig, obwohl es auch meine Pflicht ist, in Portugal zu sagen, dass die Portugiesen in Deutschland nicht als faul oder verantwortungslos angesehen wer­den. Ganz im Gegenteil: Wir werden als ein sehr ernst zu nehmendes und fleißiges Volk wahrgenommen. Übrigens sind unsere Emigranten in Deutschland ein perfektes Beispiel für die Vorzüge der portugiesischen Beschäftigten. In Deutschland gibt es über­haupt gar keine negative Empfindung gegen­über Portugal oder den Portugiesen. Dies sage ich sehr häufig und mit Überzeugung. Wenn man sich die Geschichte Deutsch­lands seit 1945 vor Augen hält, werden wir uns bewusst, dass Anstrengungen, Opfer und die Fähigkeit, Schwierigkeiten zu über­winden, keine Phänomene sind, die dem kol­lektiven Bewusstsein der Deutschen fremd sein würden. Diese Perspektive kommt da­her stets zum Tragen, wenn die Deutschen die Anstrengungen, Opfer und Schwierigkei­ten der anderen bewerten. Ich füge hinzu – nochmals entgegen einer Vorstellung, die ich oft geschrieben sehe –, dass den Deutschen sehr wohl bewusst ist, welche Bedeutung die internationale Solidarität bei der Über­windung ihrer eigenen Schwierigkeiten hat und wie diese Solidarität entscheidend dafür war, dass zerstörte Deutschland in eine der wohlhabendsten und tolerantesten Gesell­schaften unserer Zeit zu verwandeln.

 

Deutschland ist einer der wichtigs­ten Handelspartner Portugals. Er­schwert diese Tatsache Ihre Arbeit? fühlen sie sich dadurch noch mehr in der verantwortung?”

Dadurch wird meine Arbeit einfacher. Wir haben in der Tat sehr wichtige Handelsbe­ziehungen als Ausgangsbasis, die es weiter zu entwickeln gilt. Auch wenn es natürlich (noch) viel zu tun gibt, schreitet die Inter­nationalisierung der portugiesischen Un­ternehmen, insbesondere im europäischen Raum und auch in Deutschland, in einem gu­tem Tempo voran. Unsere Exporte steigen. Daneben müssen wir unser Handeln heute auch auf die Förderung der ausländischen Direktinvestitionen richten und dies gilt auch für Deutschland. Wie bekannt ist, ha­ben wir bedeutende deutsche Investitionen in Portugal. Siemens ist seit mehr als ein­hundert Jahren präsent; auch Bosch, Volks­wagen, etc. sind für unsere Wirtschaft sehr wichtig. Dabei ist es maßgeblich, dass diese großen Firmen mit uns zusammen besser und häufiger anderen deutschen Unter­nehmen, die nicht oder noch nicht in Por­tugal ansässig sind, berichten, aus welchem Grund sie hier investieren, produzieren und hier nach höchsten Standards wirtschaften und höchst ansehnliche Gewinne einfah­ren, kurzum, warum sie dem Standort treu bleiben. Ich bin überzeugt, dass die Erfolgs­geschichte, die wir in Portugal begründen, zusammen mit einer allgemeinen Verbesse­rung der internationalen wirtschaftlichen Lage, die deutschen Unternehmen, die noch nicht in Portugal investieren, zu der strate­gischen Überlegung veranlassen wird, unser Land auf ihren Radarschirm zu setzen.

 

Welche Wirtschaftsbereiche eignen sich Ihrer Meinung nach ambesten für eine Investition in Portugal?

Ich werde versuchen, so umfassend wie mög­lich hierauf zu antworten. Als Wichtigste wären hier zu nennen: Automobil- und Luft­fahrtindustrie; Informations- und Kommu­nikationstechnologien; Gesundheit, Lebens­wissenschaften und Pharma; Forstwirtschaft, Papier- und Zellstoffindustrie; Chemie und Petrochemie; Bergbau; Textilien, Bekleidung, Schuhe und Mode; Baumaterialien; Erneu­erbare Energien; Wirtschafts- und Finanz­dienstleistungen; Formenbau; Metallindustrie; Tourismus, in allen seinen Teilsektoren: Kultur, Freizeit, Natur, Gastronomie, usw. Im Nach­gang der jüngsten Besuche des Wirtschafts­ministers in Deutschland ist derzeit die Reise einer hochkarätigen Delegation potenzieller deutschen Investoren nach Portugal in Vorbe­reitung. Diese Sektoren, alle oder eine großer Teil von ihnen, werden bei dieser Gelegenheit besondere Aufmerksamkeit erhalten.

 

Wie können wir unsere Exporte nach Deutschland steigern?

Es überrascht nicht, dass die wichtigsten portugiesischen Exportsektoren weitge­hend mit den oben genannten (potenziel­len) Investitions-„Clustern“ übereinstim­men. Man kann in diesem Zusammen­hang nie oft genug wiederholen, dass das Wachstum der portugiesischen Exporte in den letzten Jahren höher war als das Ex­portwachstum Deutschlands, Frankreichs, Spaniens oder Italiens: Als Beispiel sei hier­für – um lediglich einige exakte Zahlen zu nennen, die mir vorliegen – der Zeitraum zwischen dem zweiten Quartal 2011 und dem zweiten Quartal 2013 genannt, in dem die Ausfuhren im Verhältnis zu unserem BIP den Rekordwert von 41,1% erreich­ten. Dieser Wert – zu dem der deutsche Markt natürlich ebenfalls in hohem Maß beigetragen hat – ist noch umso höher ein­zuschätzen, wenn man ihn beispielsweise mit den Jahren 2004 und 2009 vergleicht, in denen unsere Exporte nicht über 28% des BIP hinausgingen. Ein weiteres augen­fälliges Merkmal ist selbstverständlich die kontinuierliche Diversifizierung unserer Exportmärkte: Zwischen 2000 und 2012 sind die portugiesischen Ausfuhren in Re­gionen außerhalb der EU von 17,8% auf 29% angestiegen. Ich erwähne diese Tat­sache um hervorzuheben, dass ich auch in Deutschland und bei unseren deutschen Gesprächspartnern stets dem eindeutigen Verständnis begegne, dass Portugal „eine Brücke, ein Tür und Schlüssel“ für außer­europäische Märkte ist, welche womöglich niemand so gut kennt wie wir und in de­ren Hinblick aus sehr guten Gründen ein wachsendes Bedürfnis zur Gründung von Partnerschaften mit unseren Unterneh­men besteht. In Deutschland ist man sich in Wahrheit darüber im Klaren, vielleicht in noch eindeutigerer Art und Weise wie es oft bei uns anzutreffen ist, dass die pe­riphere geographische Lage Portugals im europäischen Rahmen – noch verschärft durch die sukzessiven Erweiterungen der EU nach Norden und Osten – zahlreiche Chancen und eine Plattform zur Behaup­tung unserer strategischen Interessen bie­tet und nicht ein Verhängnis, ein Schicksal darstellt, das uns auf ewig zu einer geringen Entwicklung verurteilen würde.

 

Wie wird die portugiesische Gemein­schaft angesehen? Welche Grösse und Bedeutung hat die portugiesische Gemeinschaft?

Die portugiesische Gemeinschaft in Deutsch­land besteht aus ca. 120.000 Personen. Sie wird respektiert, ist gut angesehen und inte­griert, ohne jegliche Probleme. Sie ist relativ klein im Vergleich zu anderen Migrantenge­meinden (z.B. leben viele Millionen Türken in Deutschland). Die Tatsache, dass es sich um eine Gemeinde europäischer Bürger, der EU, handelt, macht natürlich den Alltag unserer in Deutschland arbeitenden und lebenden Landsleute noch einfacher.

 

Wie ist Ihr Verhältnis zu der portu­giesischen Gemeinschaft als Botschaf­ter von Portugal in Deutschland? Wie nähern Sie sich ihr und welche Beziehung bauen Sie zu den Immigran­ten auf?

Ich bin stolz darauf, ein sehr enges Verhält­nis zu unserer Gemeinschaft in Deutsch­land zu haben. Die Botschaft in Berlin steht nicht nur in ständigem Kontakt und enger Abstimmung mit den Konsulaten von Por­tugal in Deutschland, sondern ich reise auch überall persönlich hin. Die portugiesische Gemeinde – auch wenn sie über das gesam­te deutsche Staatsgebiet verteilt ist – ist in einigen Gegenden stärker konzentriert, in denen wir im Allgemeinen mit Generalkon­sulaten vertreten sind, die meinen Dialog mit den in Deutschland lebenden Portu­giesen herstellen. Die Medien, wie z.B. die bekannte Zeitung Portugal Post und die so­zialen Netzwerke, spielen ebenso eine tra­gende Rolle bei der Unterhaltung eines von mir gewünschten permanenten Kontakts mit unserer Gemeinschaft. Eine Bewertung steht mir nicht zu, aber ich meine, dass wir in dieser Sache Grund zur Zufriedenheit haben. Außerdem haben wir 2013 die Fei­erlichkeiten des Tages von Portugal, Camões und der Portugiesischen Gemeinschaft in Deutschland erstmals dezentral begangen. Zum ersten Mal haben wir die Hauptstadt verlassen und den 10. Juni mit unserer Ge­meinschaft im nordrhein-westfälischen Düs­seldorf gefeiert, wo die größte Anzahl von Portugiesen konzentriert ist. In diesem Jahr 2014 folgt Hamburg, eine Stadt mit einer sehr alten und hochbedeutenden portugie­sischen Präsenz. Wir werden diese einmali­ge Gelegenheit dazu nutzen, einen internati­onalen Kongress zum Thema des 50jährigen Jubiläums jenes Vertrags auszurichten, der den ersten gesetzlichen Rahmen der por­tugiesischen Emigration der letzten Jahr­zehnte nach Deutschland gebildet hat. Die Feierlichkeiten rund um den Portugal-Tag und die 50 Jahre der Portugiesischen Ge­meinschaft werden Hamburg – über das in allen Reiseführern erwähnte portugiesische Stadtviertel hinaus – für einige Tage in eine portugiesische Stadt verwandeln. Es handelt sich um ein Projekt, das mir ganz besonders am Herzen liegt und das ich in erster Linie unserer Gemeinschaft widme.

 

Die portugiesische Kultur ist nicht so gut bekannt in Deutschland. Was wird dafür getan, diese Situa­tion zu ändern?

Deutschland ist ein Kulturland von beein­druckendem Reichtum und Dichte, es gibt kaum etwas Vergleichbares auf der Welt. Die Deutschen sind ständig offen für und hungrig nach Kultur. Aus all diesen Gründen ist die Qualität, die wir Ihnen anbieten, gleichbe­deutend mit einer Erfolgsgarantie. Ich würde nicht sagen, dass die portugiesische Kultur in Deutschland wenig bekannt ist. Unsere Kultur, in ihrem mannigfaltigen Ausdruck, ist Vermittler unserer Geschichte, unserer Er­findungsgabe und unserer Kreativität. Sie wird in Deutschland hoch geschätzt. Selbst­verständlich gibt es viel zu tun für eine an­gemessene portugiesische Kulturförderung in Deutschland, genauso wie im Übrigen auf der ganzen Welt. Dies ist eine dauerhafte Aufgabe, eine aufregende Herausforderung, die auch – und in hohem Maß – von den je­weilig zur Verfügung stehenden finanziellen Mitteln abhängt. Meine Botschaft hat ihren Möglichkeiten entsprechend immer alles ge­tan, um zu diesem Ziel beizutragen. Es findet derzeit in Berlin – um nur ein Beispiel zu nen­nen – eine symbolträchtige Ausstellung des Werks des Architekten Álvaro Siza Vieira mit dem Titel „Von der Linie zum Raum“ statt, deren Realisierung neben der klassischen Unterstützer nur durch die außergewöhnli­che Zusammenarbeit mit Turismo de Portu­gal möglich war, das gut verstanden hat, wie nötig es ist – womöglich mehr als je zuvor –, Synergien zugunsten des Portugal-Bildes in Deutschland zu entwickeln.

 

Wie halten wir die portugiesischen Traditionen in Deutschland amLeben?

Die portugiesische Gemeinschaft in Deutsch­land verfügt über ein überaus reichhaltiges – oft informelles – Programm mit kulturellen, freizeitorientierten, gastronomischen etc… Aktivitäten, die im Verlauf des Jahres von einer Vielzahl von Vereinen, Gruppen, Gesellschaf­ten, Clubs, durchgeführt werden und damit unsere besten Traditionen bewahren. Es gibt keine portugiesische Feier ohne unsere Kü­che, unsere Weine sowie unsere traditionelle Musik und Tanz. Es gibt aber auch zuneh­mend von Portugiesen organisierte Veran­staltungen, in denen unsere Literatur und die Literaturen der portugiesischen Sprache, die Verbreitung unserer Gegenwartsmusik, un­serer Malerei, unserer darstellenden Künste, unserer Architektur und unserer Geschichte im Vordergrund stehen. Und das nicht nur in akademischen oder intellektuellen Kreisen. Vereine wie Berlinda – neben ihren bemer­kenswerten sozialen Aktionen – erreichen viele Tausende Portugiesen und Deutsche mit hochwertigen kulturellen Aktivitäten.

 

Wie können die in Deutschland woh­nenden Portugiesen dazu beitragen, un­sere Produkte attraktiver zu machen?

Die Portugiesen, die in Deutschland leben und arbeiten, sind hervorragende Botschaf­ter unserer Produkte und stärken damit das Qualitätsimage, das diese auf dem deutschen Markt haben. Es ist schwierig, sie noch attrak­tiver zu machen als sie schon sind.

 

In einigen Interviews haben Sie von Wirtschaftsdiplomatie gesprochen.

Was meinen sie damit?

Die Wirtschaftsdiplomatie nimmt den Schutz der portugiesischen Wirtschafts­interessen und die Förderung unserer Unternehmen, Güter und Dienstleistun­gen in den Fokus unseres diplomatischen Handelns. Die Diplomatie muss eine wirt­schaftliche Ausrichtung haben. Die Zeit, in der wir leben, die globale Welt, in der unsere Unternehmen agieren, ist zutiefst von wirtschaftlichen Aktivitäten geprägt: „We live in financial times.“ Die Diploma­tie darf dies nicht ignorieren, sie muss sich hier proaktiv einfügen, die Schwierigkeiten und Herausforderungen voraussehen und zu unserem gemeinsamen wirtschaftlichen und finanziellen Erfolg beitragen. Natür­lich hatte unsere Diplomatie schon im­mer eine wirtschaftliche Dimension, denn die politischen, diplomatischen und sogar kulturellen Interessen führten stets und notwendigerweise zu wirtschaftlichen Aus­wirkungen. Die Neuigkeit ist nun, dass die Botschafter persönlich mit ihren gesamten Teams – und nicht nur, wie bis noch vor kurzem, die Handels- und Wirtschaftsat­tachés – unmittelbar am täglichen Schutz und Förderung dieser Interessen beteiligt sind. Dies macht eine enge Abstimmung zwischen dem öffentlichen und privaten Sektor, der vielen Ressorts des Staates, der Firmen und der Wirtschaftsverbände, so­wohl in Portugal als auch im Ausland, zwin­gend erforderlich. Vor diesem Hintergrund ist z.B. die Koordinierung der Aktivitäten der Botschaften mit aicep und Turismo de Portugal absolut unerlässlich für den Erfolg unseres Handelns in der Wirtschaftsdiplo­matie. Ich glaube, dass wir auch in dieser Hinsicht in Berlin ein Best Practice-Beispiel etablieren.

 

Sie werden der „Botschafter des Wandels“ genannt, warum?

Wenn man ein solches Amt antritt, geschieht dies immer mit der – vielleicht entschuldba­ren – Absicht, mehr und besser arbeiten zu wollen. Beizubehalten, was sich bewährt hat und zu verbessern, was möglich ist. Dies treibt mich jeden Tag an und rechtfertigt eventuell diesen sympathischen Titel, den eine Zeitung mir verliehen hat.

 

War das Ergebnis für die CDUbei den letzten deutschen Bundestagswahlen ihrer Meinung nach lediglich ein Sieg für die Partei oder drückte es vielmehr einen persönlichen Triumph für Ange­la Merkel aus?

Die letzten Bundestagswahlen waren in hohem Maß ein persönlicher Sieg der Bun­deskanzlerin Angela Merkel. Sie ist für die Mehrheit der deutschen Wähler ein Vor­bild, Symbol sowie eine Stabilitätsgarantie. Auch steht sie für eine Lösungsperspekti­ve der europäischen Krise, die die weitere Vertiefung der Integration des europäi­schen Projekts mit der Wahrung der Inte­ressen Deutschlands und der Deutschen verbindet. Auf der anderen Seite waren die letzten Wahlen ein Türöffner für ein außergewöhnliches ziviles und politisches Verantwortungsbewusstsein in Deutsch­land, das sich am Erfolg der Verhandlungen zur Bildung einer Großen Koalition zwi­schen der CDU/CSU und der SPD gezeigt hat. Damit haben es die deutschen Par­teien – deren politische Familien mit de­nen unserer Regierungs- und potenziellen Regierungsparteien übereinstimmen – auf vorbildliche Weise verstanden, das kollek­tive Interesse vor und über das Parteienin­teresse zu stellen. Hier wurde der für mich offenkundigste Wesenszug des deutschen Volkes demonstriert: Das Primat des Ge­meininteresses über die Individualinteres­sen und die Sicherheit, dass das, was ver­bindet, viel wichtiger ist, als das, was trennt.

 

Wie wurden die Aussagen von José Sócrates bezüglich der Beziehungen Deutschlands zu Portugal in diesemProzess der wirtschaftlichen Erho­lung aufgenommen? Haben die deut­schen Partner Portugal immer unter­stützt?

Ich bin mir sicher, dass die Hauptverant­wortlichen der portugiesischen Politik, unabhängig von ihrer etwaigen parteipoli­tischen Zugehörigkeit oder ideologischen Prägung, sehr gut wissen, wie Deutsch­land Portugal im gesamten Prozess, der zum wirtschaftlichen und finanziellen An­passungsprogramm geführt hat, immer unterstützt hat. Sie sind glaube ich auch ausreichend informiert, um zu wissen, dass Deutschland im aktuellen Kontext wei­terhin eine Schlüsselrolle spielt. Anders könnte es auch gar nicht sein. Die Stellung und die Verantwortung der aufeinander folgenden deutschen Regierungen im euro­päischen Rahmen bringt – unabhängig der politischen Richtung und der entsprechen­den Zusammensetzung – eine enge Koor­dinierung in Wirtschafts- und Finanzfragen mit Partnern wie Portugal mit sich, die sehr intensiv war und ist und welche einen ho­hes Maß an gegenseitigem Vertrauen und Respekt erfordert. So ist es im Fall der aktuellen Regierungen der beiden Länder und so war es zu den Zeiten der vorhe­rigen portugiesischen Regierung und der vorherigen deutschen Regierung.

 

Wie ist es, in Berlin zu leben? Wel­chen Bezug haben Sie zu der Stadt? War es leicht, sich einzugewöhnen?

Berlin ist eine faszinierende Stadt, die ich zwar bereits kannte, aber in der ich noch nie zuvor gelebt hatte. Es gibt viele „Berlins“ in Berlin, viele Zentren. Sie unterscheidet sich dadurch sehr von anderen großen Hauptstädten der Welt. Berlin ist zutiefst kosmopolitisch und verfügt über ein pulsierendes soziales und kulturelles Leben. Zum Beispiel erwähne ich oft, dass es in Berlin mehr Galerien moderner Kunst gibt als in New York. Interessanterwei­se werden einige der renommiertesten Gale­rien zeitgenössischer Kunst in Berlin von por­tugiesischen Künstlern bespielt oder gehören Portugiesen. Berlin ist natürlich auch die poli­tische Hauptstadt Deutschlands und deshalb Bühne aller großen politischen Ereignisse. Ich verbringe notwendigerweise viel Zeit mei­nes Lebens im Kanzleramt, im Bundestag, in den verschiedenen Ministerien der Bundes­regierung, etc. Berlin ist eine Stadt der Poli­tiker und der Politik, was man sofort in den Restaurants um den Potsdamer Platz oder der Friedrichstraße sieht. Aber zu anderen Stunden des Tages, während der Wochenen­den und an anderen Orten der großen Stadt, gehört Berlin den Künstlern, den Intellektu­ellen, den jungen Studenten, der Geschäfte und dem Leben der Bohème. Berlin hat alles und das „Gewicht“ der Geschichte. Manch­mal, bzw. meistens, ein sehr großes Gewicht. Aber Deutschland ist nicht nur Berlin. Ganz im Gegenteil. Die große Finanzwelt ist nicht in Berlin, die bedeutenden Industrien nicht und auch viele der großen Zeitungen nicht, etc. Botschafter in Deutschland zu sein bedeutet, ständig unterwegs zu sein, vor allem aufgrund der durch und durch dezentralisierten, föde­ralen Struktur des Landes. Eine effiziente und konsequente diplomatische Tätigkeit macht somit viele Reisen erforderlich.

 

Welche deutschen Gebräuche schät­zen Sie ammeisten? Welche amwenigs­ten?

Ich schätze besonders die Weihnachtsmärkte und die gesamte Atmosphäre, die diese feier­liche Zeit umgibt. In dieser Hinsicht gewinnen die Deutschen nach Punkten gegen uns. Dann sei noch einmal das Gewicht der Geschichte und ihre Bezugsorte erwähnt sowie die Mu­seen und ferner die Gegenwart, oder besser die Allgegenwart, von Musik. In Deutschland läuft nichts ohne Musik. Religiöse Feste ver­wandeln sich in Konzerte und es gibt keine Feierlichkeit, die nicht ihr Streichquartett oder ihren Chor hätte. Da ich besonders die Thüringer Bratwürste mag, die berühmte Rostbratwurst, sind die anderen Würstchen das Einzige, von dem ich sagen würde, dass ich es weniger schätze in Deutschland.

 

Was vermissen Sie ammeisten?

Unser Licht. Immer wenn ich nach Lissabon komme und entlang des Flusses in der Nähe meines Hauses in Belém spazieren gehe, sage ich immer wieder zu mir selbst – in der Hoff­nung, dass meine deutsche Freunde mich nicht hören – „in Deutschland gibt es das nicht.“