LUÍS ABRANTES

“O DESAFIO DIÁRIO DE CADA UM DE NÓS NA GENERIS É O DE GARANTIR QUE A NOSSA LIDERANÇA NO MERCADO SE TRADUZ NUM EFETIVO SERVIÇO AOS PACIENTES PORTUGUESES”

PODEMOS AFIRMAR QUE A HISTÓRIA DA GENERIS, QUE ESTÁ A CELEBRAR 20 ANOS, SE CONFUNDE COM A HISTÓRIA DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS NO MERCADO PORTUGUÊS?

A história da Generis nestes últimos 20 anos funde-se em muitos aspetos com a história da Saúde deste país e da indústria de medicamentos genéricos em particular. Há um legado que não deixaremos nunca de respeitar. Um legado que na verdade começou ainda antes do nascimento da Generis, não há 20 mas há 40 anos, e de que muito nos orgulhamos. Tudo isto nasceu da visão de grandes homens com uma enorme capacidade de antevisão, coragem e pensamento estratégico, que permitiram posicionar a Generis na liderança do mercado farmacêutico de medicamentos genéricos (MG). O arranque da Generis coincide com a regulamentação e relançamento dos MG, anseio adiado desde o início dos anos 1990, que viram a luz do dia pouco depois da viragem do século, por imperativo de desenvolvimento do próprio país, que inexplicavelmente ainda não tinha conseguido trazer para o mercado soluções terapêuticas acessíveis, com igual qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos originais. Esta “fusão” é tão mais evidente não só pelo timing, mas sobretudo pela felicidade do nome de marca que foi escolhido: Generis é indubitavelmente a marca de referência dos MG em Portugal!

COMO SURGIU O DESAFIO DE ADMINISTRAR UMA EMPRESA COMO A GENERIS?

O desafio teve tanto de inesperado como de desejado. Efetivamente encontrava-me noutra empresa igualmente de MG e que na altura liderava o mercado português deste tipo de medicamentos já há alguns anos. A perspetiva de um novo desafio profissional colocava-se numa lógica de evolução para funções de gestão mais abrangentes. Acontece que no final de 2019 sou abordado para avaliar a minha disponibilidade. Não pensei duas vezes, considerando que se tratava da Generis, uma referência no mercado farmacêutico em Portugal. Sobretudo porque já na altura estava convicto do potencial da empresa, que entendia estar ainda pouco desenvolvido. Dito isto, o acionista reviu-se na minha visão e o “casamento” consumou-se com naturalidade.

QUE BALANÇO PODE FAZER DESTES 20 ANOS DE ATIVIDADE DA GENERIS? E, DESDE A SUA ENTRADA PARA OS “COMANDOS DA EMPRESA”, QUE BALANÇO FAZ?

A Generis foi criada em 2003 e rapidamente se tornou numa empresa líder em Portugal no mercado de MG. Mais do que isso, a Generis veio trilhar um novo caminho para a saúde em Portugal, melhorando, de forma decisiva, o acesso a terapêuticas seguras, eficazes e mais sustentáveis. A Generis é claramente um player incontornável do mercado farmacêutico em Portugal.Os 20 anos que passaram foram sempre de grande intensidade e de desafios permanentes. Desde a criação da marca, passando pelos primeiros lançamentos de moléculas genéricas, até às transformações corporativas sucessivas, deixando de ser uma organização familiar, até à estrutura acionista atual, os tempos foram sempre de grande dinamismo e inovação. Na última década penso que faltava à Generis o alcançar de certos patamares de reconhecimento e liderança que a organização merecia e cujo potencial revelava. Desde 2020, ano da minha chegada à organização, que temos vindo a somar vitórias, que são tão mais importantes, porquanto se traduzem num melhor serviço à comunidade. Primeiro, a liderança do mercado de MG em volume, seguido em 2021 da liderança do mercado de MG em valor, seguido da liderança do mercado farmacêutico total em volume e a consolidação da Generis enquanto laboratório que mais pacientes trata em Portugal, no mercado ambulatório (farmácia) e no mercado hospitalar. Tudo isto foi acompanhado da nomeação, pela primeira vez, para prémios de reconhecimento por parte das farmácias comunitárias, que muito recentemente se traduziu na distinção como Laboratório do Ano. Tal só foi conseguido através de uma séria transformação e mudança, para o que muito contribuíram todos os elementos da Generis. O trabalho de equipa passou a ser uma prática mais bem conseguida, sempre guiado por uma definição da Missão,Visão e Valores.

ATUALMENTE, AS EXPORTAÇÕES DA GENERIS JÁ CHEGAM AOS 16% DA FATURAÇÃO. SERÁ POSSÍVEL MELHORAR ESSE DESEMPENHO? DE QUE FORMA?

A ambição permanente da Generis é a de melhorar sempre o seu desempenho em todos os segmentos onde atua. O segmento de exportação não é exceção. Temos vindo a explorar novos mercados, em geografias distantes, nomeadamente África, Médio Oriente e América Central, mas também no mercado europeu. Vamos continuar a trabalhar para fortalecer a nossa presença tanto em Portugal como no estrangeiro, sem nunca colocar em causa a disponibilidade do medicamento para os pacientes portugueses.

A GENERIS EXPORTA, ATUALMENTE, PARA QUANTOS PAÍSES? QUER DESTACAR OS PRINCIPAIS?

A Generis exporta para mais de 30 países, sendo que Angola continua a ser o nosso principal mercado, seguido da Dinamarca, Letónia, de Moçambique e Cabo Verde.

QUE INVESTIMENTO ESTÁ PREVISTO EM PORTUGAL E QUE ÁREAS VAI ABRANGER?

Em 2022, a Generis faturou 108 milhões de euros. A unidade fabril representa 40% da sua faturação e tem capacidade para produzir, todos os anos, 30 milhões de embalagens, o equivalente a 1,2 mil milhões de unidades (contemplando comprimidos, saquetas ou cápsulas). Trata-se de uma unidade industrial com 8125 metros quadrados de área útil, divididos entre produção, área de análise, escritórios e zona de armazenamento. Neste ano e nos seguintes, faz parte da estratégia da empresa investir vários milhões de euros em Portugal, nas áreas de capacitação industrial e descarbonização. Significa isto que está previsto investimento na capacidade de embalagem (+8 milhões de embalagens), para que o output seja balanceado com a capacidade de fabrico. Paralelamente está em curso um projeto de instalação de painéis fotovoltaicos em larga escala, que nos permitirá uma maior autossuficiência em termos energéticos.

NESTA LINHA ESTÁ PREVISTO, TAMBÉM, UM REFORÇO DO ATUAL QUADRO DE TRABALHADORES EM PORTUGAL?

Em Portugal, a Generis conta com mais de 300 colaboradores, sendo que também estão previstas novas contratações até ao fim do ano, superando os 10% relativamente aos efetivos atuais.

COMO TEM SIDO O PERCURSO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS EM PORTUGAL E QUE OBSTÁCULOS TIVERAM QUE SER ULTRAPASSADOS? O VALOR DESTES MEDICAMENTOS CONTINUA A SER POSTO À PROVA?

Em Portugal, como um pouco por todo o mundo onde os MG têm feito o seu percurso, as barreiras foram sendo vencidas, nomeadamente a da credibilização destas soluções terapêuticas. Quando os genéricos chegaram a Portugal, houve uma natural fase de adaptação, mas, hoje, este tipo de medicamento é bem aceite pelos portugueses, no geral. Ano após ano, o valor dos MG continua a ser provado e já não existem dúvidas quanto à sua qualidade, eficácia e segurança. Só isso explica que a quota de MG tenha ultrapassado o patamar dos 50%, barreira mítica mas que esperamos poder ser superada de forma significativa nos próximos anos – será um bom sinal para os portugueses.

COMO É FEITO O CONTROLO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS? É SEGUIDO O MESMO PROCESSO DOS MEDICAMENTOS “DE MARCA”?

Os MG não são diferentes de quaisquer outros medicamentos que estão no mercado. Contudo, é certo que ainda existem alguns mitos, sobretudo quanto à ideia de alguma facilidade/rapidez na disponibilização destes medicamentos. Mas a verdade é que, antes de qualquer medicamento genérico chegar ao mercado, é necessário um complexo, dispendioso e moroso processo de Investigação & Desenvolvimento (I&D). Desta forma, há um exigente trabalho para garantir a bioequivalência e biodisponibilidade – os MG não são uma simples cópia dos medicamentos originadores e são todos escrutinados e aprovados pelo Infarmed (entidade reguladora do medicamento), que trabalha em rede integrada com os seus congéneres europeus. É, por isso, importante a sensibilização sobre esta questão junto de diferentes públicos, nomeadamente os profissionais de saúde, tendo em conta que estes medicamentos têm uma qualidade, eficácia e segurança que deve ser transparentemente comunicada a quem os prescreve (classe médica). Também os farmacêuticos são essenciais neste processo, sobretudo do ponto de vista da sustentabilidade dos preços praticados, já que são estes profissionais quem acompanha os utentes de uma forma mais próxima na fase de pós-prescrição.

NA SUA OPINIÃO, OS UTENTES JÁ TÊM, ATUALMENTE, CONFIANÇA NOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS?

Na sua generalidade os pacientes estão suficientemente informados e sensibilizados para a valia dos MG, confiando nos mesmos. Para tal muito têm contribuído os profissionais de saúde e as campanhas de informação levadas a cabo pelo Infarmed, mas que valia a pena retomar, considerando que já há alguns anos que as mesmas foram descontinuadas.

QUAL É A TAXA DE PREFERÊNCIA, ANUAL, POR MEDICAMENTOS GENÉRICOS FACE AOS OUTROS? QUE TIPO DE UTENTE ADQUIRE/ PREFERE ESTE TIPO DE MEDICAMENTOS?

Os últimos dados apontam para ligeiramente mais de 50% das prescrições de MG, o que se traduz numa boa evolução, mas ainda não ao nível dos países mais desenvolvidos da Europa, que superam os 60 a 70%, dependendo dos mercados. Há pois um caminho ainda a percorrer, que esperamos que possa ser alcançado a médio prazo.

QUAL É A RELAÇÃO DA GENERIS COM AS FARMÁCIAS E COMO É ASSEGURADO O ACESSO AO MEDICAMENTO?

A relação da Generis com as farmácias é uma peça fundamental na nossa estratégia. Prova disso são os contactos diários que a nossa equipa comercial faz com as farmácias no continente e nos arquipélagos da Madeira e Açores. Acreditamos que o contacto de proximidade entre a nossa equipa e os nossos clientes é um fator diferenciador. Trabalhar com 2500 farmácias, através dos acordos que temos com farmácias independentes, grupos familiares e grandes grupos, é um desafio diário, mas que tem um objetivo claro: o de assegurar o acesso ao medicamento por parte de todos os utentes. Este circuito só é possível e tem resultados positivos porque construímos com farmácias e distribuidores parcerias sólidas, com visões a longo prazo e que se tornaram sustentáveis. As farmácias são parceiras privilegiadas da Generis, na medida em que constituem o ponto de dispensa final dos medicamentos. A informação é algo que flui numa base regular e diária, sendo que não existe qualquer relacionamento “jurídico” entre a Generis e as suas farmácias parceiras. O elo de ligação são os “armazenistas” ou grossistas, que asseguram o armazenamento e logística de distribuição entre a indústria farmacêutica e as farmácias. Significa isto que é importante que o canal grossista esteja devidamente abastecido para que não haja faltas ou ruturas de medicamentos nas farmácias, e portanto junto dos pacientes portugueses.

EM TERMOS DE POUPANÇA, AO ESTADO, ESTAMOS A FALAR DE QUE VALORES?

Os MG estão no mercado português há pouco mais de 20 anos, com resultados comprovados – dados recentes da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares apontam para uma poupança superior a 7 mil milhões de euros ao Estado e às famílias portuguesas, desde 2003. Os MG demonstram a sua importância já no presente, mas têm potencial para acentuar ainda mais o seu impacto num futuro próximo.A missão da Generis passa por produzir e disponibilizar as melhores soluções terapêuticas, contribuindo para um maior acesso e garantindo sempre os mais elevados padrões de qualidade. Nos últimos anos, as estimativas apontam, com base na nossa quota de mercado, que a Generis tenha ajudado o SNS a poupar 1,4 mil milhões de euros.

A GENERIS JÁ GARANTE MEDICAMENTOS GENÉRICOS PARA TODAS AS ÁREAS TERAPÊUTICAS?

O grande peso do nosso portefólio está concentrado em quatro grandes áreas terapêuticas: sistema nervoso central; sistema cardiovascular; sistema digestivo e metabolismo; sistema músculo-esquelético, representando mais de 80% das nossas vendas muito em linha com o peso que representam para o mercado de MG. O crescimento dessas áreas foi significativo versus 2022, resultado do crescimento de mercado, mas também de lançamentos de novas moléculas nas áreas terapêuticas do sistema digestivo e metabolismo (+17% em unidades) e do sistema músculo-esquelético (+19% em unidades). De referir que a Generis comercializa o maior portefólio de medicamentos em Portugal. Esta métrica aplica-se ao mercado total, não apenas ao mercado de MG, o que se trata de um feito assinalável.

O QUE LEVOU A GENERIS A ESCOLHER PORTUGAL PARA RECEBER O ÚNICO HUB INDUSTRIAL DO GRUPO FORA DA ÍNDIA?

A integração da Generis no Grupo Aurobindo em 2017 já obedecia a uma estratégia industrial, que passava pela Europa, estratégia essa que se mantém válida e reforçada pela localização da Generis no espaço nacional, mas também pela sua localização no espaço europeu. O facto de possuirmos capacidade industrial a nível nacional tem permitido implementar soluções que de outra forma não seriam possíveis, ou que, sendo possíveis, trariam um delay adicional na sua implementação e que portanto não seriam um fator competitivo. É nesse sentido que se enquadram os investimentos que temos vindo a realizar e cuja tendência se irá manter. Capacitação industrial, nomeadamente reforçando o output a nível do packaging, é um dos eixos críticos de investimentos em curso. Outro eixo é o da descarbonização, que por via da renovação de equipamentos de climatização e renovação de ar, muito intensos em termos de consumo energético, tem permitido uma redução de consumos, fator sempre importante em termos de sustentabilidade ambiental mas também económica e social. Acresce a isto o investimento no fotovoltaico, cujo projeto só não foi mais rápido por forma a aproveitar as últimas soluções tecnológicas entretanto disponibilizadas no mercado. Complementando o que foi referido atrás, a sustentabilidade dos investimentos que estão desenhados irá permitir que a es- trutura de custos, nomeadamente variáveis, acompanhe a dinâmica de mercado e permita canalizar recursos para novos lançamentos de produtos, nomeadamente biossimilares, cuja exigência de capital é mais intensiva. Esta é a nossa visão: “reforçar a liderança da Generis no mercado nacional, em número de pacientes tratados, mantendo-se como referência no panorama industrial, e consolidando a nossa posição enquanto parceiro de referência no setor farmacêutico”.

VINTE ANOS DEPOIS, COMO É QUE A EMPRESA SE REINVENTA E DÁ RESPOSTA ÀS NECESSIDADES DO MERCADO?

Até 2025, estimamos lançar 64 moléculas, que passarão a fazer parte do nosso portefólio, disponível para os doentes e profissionais de saúde em Portugal. Vamos lançar cerca de seis moléculas biossimilares até final de 2024 e estamos neste momento a investir mais de 2 milhões de euros na nossa fábrica na Venda Nova (Amadora), com vista à sua “capacitação” e à renovação de equipamentos. Prevemos aumentar a faturação para os 115 milhões de euros este ano e manter crescimentos de dois dígitos até 2025, graças a novos medicamentos biológicos, já que, até ao final de 2024, contamos lançar cerca de seis moléculas biossimilares, o que nos vai potenciar a faturação atual. Nos cinco anos seguintes, prevemos crescer 10% a cada ano. Este investimento na nossa unidade fabril – responsável por 40% da faturação da Generis – pode chegar aos 10 milhões de euros nos próximos cinco anos. A visão da companhia passa por reforçar a liderança no mercado nacional, em números de pacientes tratados, mantendo-se como referência no panorama industrial e consolidando a sua posição enquanto parceiro de confiança no setor farmacêutico. Vamos continuar a trabalhar para fortalecer a nossa presença tanto em Portugal como no estrangeiro, sem nunca colocar em causa a disponibilidade do medicamento para os pacientes portugueses.

ESTÁ PREVISTA A ENTRADA NO MERCADO DOS MEDICAMENTOS BIOSSIMILARES? COMO OLHAM PARA ESTE MERCADO?

Os medicamentos biológicos são, desde há alguns anos, mais uma alternativa, e bastante válida, ao arsenal terapêutico já existente. Representam, no entanto, um investimento importante em I&D que penso não estar ao alcance de todos os players no mercado ou, pelo menos, de forma tão imediata. Desse ponto de vista, considero que será uma vantagem competitiva a curto/médio prazo para a Generis. Contamos lançar seismedicamentos biossimilares até ao final de 2024, o que nos permitirá aceder a um novo segmento de mercado e proporcionar mais alternativas de tratamento, para além do vasto portefólio que já comercializamos. Este movimento vai no sentido de “democratizar” o acesso a medicamentos biológicos, de comprovada eficácia, sendo que tal irá proporcionar uma maior abrangência. Neste campo, a sensibilização dos profissionais de saúde é fundamental, no sentido de termos taxas de penetração mais homogéneas no SNS. Hoje temos grandes disparidades entre as entidades do SNS espalhadas pelo país. Algumas com elevadíssima adesão aos biossimilares e outras com peso quase residual, apesar de os medicamentos biológicos já estarem bem implantados nas mesmas.

QUAIS SÃO, NESTE MOMENTO E, NA SUA OPINIÃO, OS PRINCIPAIS DESAFIOS QUE SE COLOCAM À GENERIS?

O desafio diário de cada um de nós na Generis é o de garantir que a nossa liderança no mercado se traduz num efetivo serviço aos pacientes portugueses. Dito isto, não consideramos que seja um mero chavão mas um sentimento genuíno de responsabilidade, face ao importante peso no mercado nacional do medicamente, não unicamente de genéricos. Proporcionamos o maior portefólio de medicamentos aos nossos pacientes e trabalhamos arduamente para que assim continue a ser. A médio prazo encaramos a entrada no segmento dos medicamentos biossimilares como o nosso maior desafio. Contamos com um vasto portefólio em desenvolvimento por parte do Grupo, que nos permitirá disponibilizar as primeiras soluções terapêuticas até final de 2024. Serão soluções que irão beneficiar numa primeira fase o segmento hospitalar, mas que esperamos se possam estender também num curto es- paço de tempo a soluções em ambulatório. Estamos muito confiantes com a adoção cada vez mais efetiva de medicamentos biosssimilares por parte da generalidade dos nossos profissionais de saúde. Criar um medicamento genérico ou biossimilar conta com o saber pelo caminho já trilhado pelos medicamentos originadores, mas não é possível seguir um processo de simples copy/paste, ao contrário do que se possa pensar. Há processos profundos de I&D para que novas soluções terapêuticas possam chegar aos doentes em perfeita segurança, com qualidade inquestionável e eficácia, assim cumprindo o seu papel.

COMO SE MANTÊM NO MERCADO OS MEDICAMENTOS GENÉRICOS E BIOSSIMILARES?

A inovação nos MG e biossimilares conta com um desafio extraordinário. Quando chegam ao mercado, estas soluções terapêuticas têm preços relativamente baixos e esse, claro, é um dos principais motivos da sua existência, tornando essas terapêuticas acessíveis a um número cada vez mais alargado de pacientes, ajudando à sustentabilidade económica dos sistemas de saúde, fomentando também dessa forma a aposta contínua em medicamentos inovadores. Contudo, é vital que se lute por um equilíbrio também a nível financeiro, para que as moléculas de preço mais reduzido mantenham a sua viabilidade económica e sustentabilidade, sob pena de não suportarem os custos e tempo investido nos processos de inovação que a elas estão associadas. É através dos melhores esforços de milhares de profissionais qualificados e de investimentos significativos, que estas soluções terapêuticas se mantêm no mercado, e tal não está ao alcance de todas as empresas. Uma coisa é certa, com o progressivo envelhecimento da população em Portugal e Europa e a possibilidade de eventos extraordinários que levam a maiores desafios económicos, os MG e biossimilares serão cada vez mais preponderantes. E a inovação continuará a ser o primeiro e último passo desta caminhada rumo ao acesso e à sustentabilidade. Os portugueses podem continuar a contar com a Generis.

QUAL A SUA VISÃO PARA O SETOR DO MEDICAMENTO DAQUI A MAIS 20 ANOS?

O setor do medicamento irá sofrer mudanças estruturais, pela generalização e incremento de soluções ao nível dos medicamentos biológicos, soluções “à medida” do utente, mas também medicina preditiva a nível genético. Algo que já é uma realidade crescente é o repurposing, que permitirá alargar o número de indicações terapêuticas para moléculas já conhecidas. Moléculas relativamente recentes (nomeadamente no caso da diabetes) poderão, a médio/longo prazo, colocar em causa mercados e terapêuticas estabelecidas a nível das estatinas e anti-hipertensores. Dito isto, a futurologia é de difícil aplicação neste setor.

QUE MARCA GOSTARIA DE DEIXAR NA GENERIS?

A Generis já tem a sua “marca” própria. Orgulhar-me-ia deixar um legado de reconhecimento em termos de excelência, profissionalismo e a referência para sempre no setor do medicamento em Portugal: o laboratório mais relevante para todos os portugueses e para o SNS.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *