APOSTAR NO DESENVOLVIMENTO
Jorge Coelho, presidente da Comissão Executiva da Mota-Engil acredita que só de forma “articulada” conseguiremos fazer face à crise a que assistimos no último ano.
Com a crise financeira que surgiu há um ano, entende que os países desenvolvidos retiraram ilações? E qual entende ter sido a maior lição para os gestores e empresários?
Recentemente, a convite do American Club, tive a oportunidade de ser orador convidado numa das suas conferências sob o tema global “Problemas Globais – Soluções Globais?”. Nessa ocasião, pude demonstrar, com exemplos concretos a que assistimos nos últimos 20 anos, que a história mostrou, que só de forma articulada entre os principais blocos económicos (materializada na política dos bancos centrais), poderíamos ultrapassar a crise a que assistimos no último ano. Relativamente aos gestores e empresários, penso que a maior lição é a necessidade de qualquer projecto ter uma sustentabilidade sólida e não assente em projecções de risco elevado.
Nesse contexto, como entende o papel do investimento público?
Numa economia aberta como é a nossa, com retracção no investimento e no consumo, e com o sector exportador dependente em larga medida do comércio intracomunitário (com os seus parceiros comerciais como Espanha e Alemanha a atravessarem sérias dificuldades), o investimento público torna-se ainda mais fundamental como instrumento para a alavancagem do crescimento económico nacional. É essencialmente nestas ocasiões que o investimento público tem um papel insubstituível no desenvolvimento das economias. O investimento público tem caído nos últimos anos pelo esforço que existiu ao nível da redução do défice, não sendo sustentável nesta fase, e em função do que todos os países desenvolvidos têm promovido (desde os EUA, passando pelas maiores economias europeias), travar o papel de promotor do crescimento que o investimento público deve assumir. Aliás, não conheço nenhuma economia de nenhum país civilizado onde, neste momento, a estratégia de desenvolvimento não passe por políticas fortes de investimento público. Ninguém está a inventar nada. (…)