PELA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
Jorge Sampaio, o terceiro português a ser agraciado com um dos mais distintos galardões do palco internacional – Prémio Norte-Sul – atribuídos aos que protegem os direitos humanos, defendem os princípios democráticos e estreitam as relações Norte-Sul, falou à FRONTLINE do seu percurso até aqui e das metas que ainda pretende atingir. Em relação ao estado actual do País, o ex-Presidente da República, que é, actualmente, o Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações e o Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para a Luta Contra a Tuberculose, afirma que “não existe uma fórmula mágica para resolver uma crise financeira desta envergadura”, mas acredita que foram tomadas as “medidas certas”.
O seu percurso profissional sempre se pautou pela apologia dos princípios democráticos. O que o moveu?
A convicção de que estava do lado certo e de que a democracia é, segundo a fórmula bem esgalhada de Churchill, “a forma de governo menos imperfeita jamais experimentada”.
Desde cedo também defendeu os direitos humanos. É uma área pela qual sempre teve um interesse particular?
Sim, é verdade. Talvez o deva, antes de mais, muito especialmente ao meu pai, que era um intransigente defensor da igualdade de direitos em matéria de saúde, por exemplo. Depois, é óbvio que o curso de Direito foi, só por si, uma ocasião única para consolidar o meu interesse e apetência para a questão dos direitos, porventura de um ângulo mais jurídico, mas também para a sua realização prática e concreta. Daí à militância cívica e à política foi um pequeno passo!
Já entregou o Prémio Norte-Sul, e agora vai recebê-lo. Como se sente?
Do outro lado do espelho!
Alguma vez pensou em receber este prémio?
Confesso que não, foi uma total surpresa.
Acha que poderá servir de alavanca às suas actuais funções?
Penso que sim. Aliás, a circunstância de Sua Majestade, a rainha Rânia ser também contemplada, por causa da sua notável acção em prol do diálogo de culturas, empresta a este galardão um verdadeiro toque de “Aliança das Civilizações”. (…)