“ESTAMOS CONSTANTEMENTE ATENTOS À INOVAÇÃO E À EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA MÉDICA”
Os Centros de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, geridos pelo antigo bastonário da Ordem dos Médicos, são já uma referência nacional em termos de inovação, qualidade e rigor. Com cerca de 200 postos de colheita em Portugal, aí é possível executar “todos os exames possíveis”. Em entrevista à FRONTLINE, Germano de Sousa falou ainda de outros temas como o estado do Sistema Nacional de Saúde, as listas de espera ou a contratação de médicos estrangeiros. Independentemente de tudo isto, o patologista clínico acredita que em Portugal os profissionais da saúde prestam “um bom serviço”.
Qual é o estado da Saúde em Portugal?
Eu diria que a Saúde em Portugal está bem e recomenda-se. Foram, ao longo do tempo, criadas condições para que os indicadores da saúde dos portugueses fossem idênticos à média europeia, sendo mesmo superiores em alguns aspectos. Desde a longevidade às doenças cardíacas ou às doenças oncológicas, ou no que à mortalidade infantil respeita, que é hoje a mais baixa do mundo. Assim funcionassem tão bem a Justiça, a Educação e a Economia. Seríamos outro país…
Como vê o Serviço Nacional de Saúde?
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido o grande obreiro da qualidade da saúde. Sou indiscutivelmente um defensor do Serviço Nacional de Saúde. Defendo um país solidário em que os que mais podem pagam, através dos impostos, por eles e pelos que não podem ou podem pouco. E que uns e outros tenham idêntico acesso a cuidados de saúde. Sem discriminações para ninguém. Garantir e proteger a essência do SNS como símbolo de coesão e solidariedade nacionais torna-se fundamental, em especial nestes difíceis tempos que Portugal atravessa.
A grande questão é a sustentabilidade económica do SNS. De ano para ano revela-se mais problemático manter a qualidade e os serviços prestados pelo SNS. O envelhecimento crescente da população, o elevado preço das novas tecnologias e novos medicamentos, o aumento das doenças crónicas, as consequências da obesidade crescente, etc., vão dificultar cada vez mais a sustentabilidade do SNS. Há que encontrar novas soluções para o seu financiamento e para o seu modelo de funcionamento…
Temos pois um futuro bem difícil?
O PIB médio da saúde europeu em 2003 era de 8,6% e em 2020 seria de cerca de 10,3%. Em Portugal, considerando o crescimento do PIB e a recessão prevista para os próximos anos, a continuar com este modelo de gestão, esses gastos serão quase insustentáveis: de 9,6% do PIB em 2003 passar-se-á para 12%, ou até mais em 2020. (…)