FRANCISCO RODRIGUES DOS SANTOS

O CDS PRECISAVA DE UMA NOVA ENERGIA, QUE DEVOLVESSE A ESPERANÇA AOS PORTUGUESES E FIZESSE OS ELEITORES VOLTAR A ACREDITAR – Define-se como alguém que ama profundamente Portugal e que, desde pequeno, foi educado para servir o seu país e proteger os que mais precisam, não tivesse sido aluno do Colégio Militar. Para o partido que agora lidera defende que, mais do que procurar ideias para os votos, o CDS tem de ter a responsabilidade de procurar votos para as suas ideias. Na avaliação política do atual Executivo opta por acentuar a tónica de que este é o momento de estreitarmos os laços entre todos os portugueses e de promover uma verdadeira união nacional, sem aproveitamentos políticos que ninguém compreenderia. Quanto ao futuro, o maior empenho terá de ser na recuperação da economia nacional, porque, no presente, fica uma forte mensagem de esperança e união, bem como o apelo a todos para que acatem as instruções que foram comunicadas pelas autoridades competentes. 

A primeira pergunta é imperativa. Portugal vive hoje uma situação de exceção e de incerteza sem histórico e precedentes. Já expressou publicamente o apoio do CDS ao atual Governo neste contexto. Até onde está disposto a ir? Naturalmente, até onde for preciso para salvaguardar o interesse nacional. O que está em causa é a proteção da vida das pessoas e da sua saúde, e o que se espera do Governo, num momento único como este, é que atue com firmeza e determinação, que tenha capacidade de liderança e proceda preventivamente, e que adote todas as medidas musculadas que se mostrem necessárias. Esta é uma luta de todos, que só venceremos juntos e unidos. Tenho afirmado que o Governo não está só. O CDS apoiará, sem hesitações, todas as soluções que salvaguardem o interesse nacional, que protejam as pessoas e a economia, por mais difíceis que sejam. Limitar a circulação das pessoas, condicionar o trânsito com o estrangeiro, fazer controlos sanitários em todas as fronteiras, determinar o isolamento compulsivo de quem regressa a Portugal, encerrar todos os espaços públicos não essenciais, são respostas urgentes que, apesar de alterarem drasticamente a nossa maneira habitual de viver, são infelizmente fundamentais e a única forma de, dentro de pouco tempo, podermos regressar à normalidade do convívio familiar e das nossas atividades profissionais. De resto, tenho proposto, desde a primeira hora, a adoção de várias medidas que considero essenciais, quer para conter a pandemia e reduzir as cadeias de transmissão, quer para assegurar o funcionamento da economia, quer para proteger a população mais idosa e desfavorecida, quer ainda para apoiar o setor social, que se vê atualmente sem meios para ajudar a ajudar. 

O partido também já se pronunciou sobre um conjunto de medidas que defende para enfrentar esta situação, nomeadamente no apoio à terceira idade? Como sintetiza todo este quadro de medidas? Sabendo que Portugal tem cerca de 280 mil idosos a viverem sozinhos – dos quais, estima-se que mais de 100 mil vivem no limiar da pobreza e perto de 50 mil em situação de grande vulnerabilidade, seja por isolamento seja por doença, física ou psíquica –, temos uma enorme preocupação com as condições em que estas pessoas enfrentam a crise. Cuidar de quem cuidou de nós e dar prioridade a quem mais precisa tem de ser tarefa de todos, e o CDS, como partido humanista que é, não podia deixar de estar na linha da frente desta batalha. É essencial que a nenhum idoso faltem cuidados de saúde, alimentos, medicamentos, artigos de higiene ou outros bens essenciais, mas também o conforto e os afetos de que, afastados das suas famílias, se veem privados. O pacote de respostas sociais que apresentámos resulta da identificação, pela rede de autarcas do CDS, das necessidades mais prementes sentidas pelos nossos idosos, bem como do seu esforço na mobilização dos recursos disponíveis para as pôr em prática. Por se tratar de medidas de proximidade, podem mais facilmente ser adotadas pelo poder local, designadamente pelas juntas de freguesia. A título de exemplo, destaco, em primeiro lugar, a necessidade de serem identificados todos os idosos que vivem em situações de fragilidade, ou por estarem sozinhos, ou por estarem isolados, ou por estarem doentes, ou por não disporem de recursos económicos suficientes para obter bens essenciais. Só através dessa identificação exaustiva é possível não deixar ninguém para trás. Para assegurar que não lhes falta nada, defendemos a criação de um programa de recolha e entrega domiciliária de alimentos, medicamentos e artigos de higiene; o apoio às deslocações essenciais através de um transporte porta a porta; a articulação com os estabelecimentos de restauração local para, numa rede de cozinhas comunitárias, assegurarem a confeção e distribuição de refeições; a imposição de horários específicos de atendimento nos serviços essenciais. Por fim, defendemos o intenso reforço das campanhas de divulgação e informação sobre os comportamentos adequados e responsáveis a adotar, única forma de sensibilizar os mais velhos, que são os que maior risco correm, para a necessidade de se protegerem. 

No dia em que a crise acabar vamos passar a viver num Portugal diferente? Que desafios nos coloca o futuro próximo? – É cedo para saber o que vai mudar nos nossos hábitos e que marcas sociais esta crise vai deixar, mas acredito que, como sempre sucede a seguir a momentos difíceis, nos reergueremos e ficaremos mais fortes. Já os seus efeitos na economia são inevitáveis, pelo que o grande desafio tem de ser recuperá-la e, creio, isso será tanto mais difícil quanto menos atuarmos agora para nos prepararmos para o que aí vem. Neste momento, o mais urgente é garantir que as pequenas e médias empresas, em que assenta o tecido empresarial português, consigam sobreviver e manter os postos de trabalho. Isso implica que o Estado disponibilize imediatamente um conjunto de apoios destinados a proteger o emprego e a proporcionar às empresas um “choque de tesouraria”, uma vez que não podem depender nem da evolução da situação nem de burocracias inúteis. Se não atuarmos já, estaremos a condenar milhares de famílias à pobreza. A criação do Gabinete de Crise proposto pelo CDS, onde tenham assento os partidos com representação parlamentar e os principais representantes dos grandes setores económicos e da concertação social, seria uma excelente forma de consensualizar caminhos e dar provas de que sabemos pôr as nossas diferenças de parte quando é o interesse nacional que está em causa. 

Retornemos à política e ao país “normal”. Quem é Francisco Rodrigues dos Santos? – É alguém que ama profundamente Portugal e que, desde pequeno, foi educado para servir o seu país e proteger os que mais precisam. Primeiro em casa, numa família inspirada em valores cristãos, depois no Colégio Militar, a seguir na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e mais tarde na Juventude Popular. Todas estas instituições foram muito importantes na minha formação: incutiram-me espírito de serviço, ensinaram-me o valor do trabalho, do mérito, da exigência e do esforço, e incentivaram-me a ajudar os mais frágeis e tentar fazer do mundo um lugar melhor. É isso que, reconhecendo também as minhas fragilidades e limitações, procuro diariamente, dedicando o meu esforço e a minha perseverança a este desígnio maior chamado Portugal. 

O que o motivou a avançar para a liderança do CDS? Depois do pior resultado eleitoral da sua história, entendi que o CDS precisava de uma nova energia, de ser capaz de produzir um “efeito novidade”, que devolvesse a esperança aos portugueses e fizesse os eleitores voltar a acreditar no CDS. Propus um partido das mensagens claras, dos valores constantes, das pessoas e das liberdades. Acredito que emprestarei coerência, previsibilidade e segurança à palavra do CDS, e que é possível recuperar o seu estatuto de âncora da direita no regime, de fronteira de todos os extremismos e de porto seguro dos valores da democracia-cristã. Tenho procurado fazê-lo através de uma renovação de pessoas e de mentalidades, com a ajuda de uma nova vaga de protagonistas políticos de todas as idades, de gente nova e de nova gente, mas contando também com os de sempre, de quem o partido sempre gostou, assentando a minha intervenção numa agenda focada, preocupada em dar respostas aos problemas dos portugueses. 

Assumiu a herança política de Assunção Cristas, uma herança muito criticada. Qual vai ser o seu caminho político? Tenho dito que o partido não pode cair na tentação de renunciar ao que é, impedindo que o identifiquem. Quando se deixa de perceber a sua marca distintiva e o eleitor passa a tomar o CDS por indiferente e, consequentemente, por inútil. Sendo inútil, deixa de merecer, naturalmente, a confiança dos eleitores. Um partido que pretende agradar a todos tem certamente nessa estratégia o caminho certo para não agradar a ninguém. O nosso caminho só pode ser o de tornar o CDS a morada da direita popular, dos moderados reformistas, dos responsáveis inconformados, dos governantes cumpridores e dos patriotas sonhadores. Somos um partido com projeto, com alma e com raízes, e para recuperar a nossa importância eleitoral não temos de mudar de sítio nem querer ser quem não somos. Seremos fiéis à nossa matriz histórica, onde está o quadro e assinatura das propostas concretas que temos de oferecer a Portugal. Mais do que procurar ideias para os votos, o CDS tem de ter a responsabilidade de procurar votos para as suas ideias. Vamos afirmar-nos como um partido de direita, da direita das pessoas, humanista e personalista, que põe o Homem no centro da ação política e que, por isso, defende intransigentemente a dignidade da pessoa humana, as suas liberdades e o seu desenvolvimento social e afetivo no espaço da família. Recuperaremos o nosso orgulho, mostraremos que somos dignos da confiança dos nossos eleitores. 

Tem sido recorrente falar-se numa crise que atravessa a direita em Portugal. Reconhece-a? Apesar de existirem hoje mais um milhão e duzentos mil eleitores, os partidos do arco da governabilidade à direita do Partido Socialista perderam perto de 400 mil votos e é hoje claro que, para a direita voltar ao Governo, não basta ganhar eleições, é ainda necessário eleger a maioria dos deputados. Os próximos ciclos eleitorais representam uma oportunidade de crescimento e de afirmação que nenhuma força política que combata o socialismo pode desprezar. Mais do que federar, fundir ou coligar-se, o centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador, e os partidos têm de se reconciliar com os seus eleitores, consolidando a sua mensagem e procurando apresentar aos portugueses, num permanente diálogo entre si, um projeto autêntico e mobilizador, capaz de vencer eleições. No caso das eleições autárquicas, em listas comuns, sempre que isso sirva o melhor interesse das populações e sempre que isso permita vencer a esquerda; nas presidenciais, procurando unir em lugar de fragmentar; nas legislativas, construindo uma proposta de compromissos que ofereça aos portugueses uma solução de governo. Em todos os casos, a responsabilidade é enorme e exige que todos saibamos estar à sua altura, sob pena de, perdidos em agendas particulares e em jogos palacianos, sairmos do próximo ciclo eleitoral mais enfraquecidos do que entrámos. 

No entanto, lidera um partido que praticamente foi erodido do espetro político? Qual será o caminho agora? O CDS é um partido fundador da democracia, com uma história e um património irrenunciáveis e será sempre muito maior do que qualquer resultado eleitoral. O seu papel na mudança e na modernização de Portugal é decisivo. O país reclama soluções concretas e políticas focadas, descomprometidas com os poderes instalados. Exige uma voz forte e rigorosa que, com responsabilidade, ajude a recuperar a confiança dos cidadãos no funcionamento do regime e das suas instituições. Nunca, como hoje, foi tão evidente que só o CDS pode protagonizar esse discurso e essa mudança. Temos de saber mostrar aos que, agora, não votaram CDS, que o CDS ainda é a sua casa, que podem confiar neste partido, e que não os vamos desiludir. Que o CDS saiu forte e unido do último congresso e que todos fazemos falta. Que Portugal não está melhor com menos CDS, bem pelo contrário. Pergunto aos que deixaram de votar CDS: Portugal parece-se hoje mais ou menos com o país onde sonham viver? A mudança do sentido do voto resultou em mais ou menos liberdade? Em mais ou menos respeito pela lei e pelas instituições? Em mais ou menos segurança? Em mais ou menos engenharias sociais? Menos CDS trouxe mais corrupção e menos solidariedade. Menos CDS trouxe mais populismo e menos responsabilidade. Menos CDS trouxe mais carga fiscal e menos qualidade de serviços públicos. Menos CDS trouxe mais Estado e menos credibilidade. Menos CDS trouxe mais socialismo e menos Portugal. Sempre que os portugueses nos confiaram a missão de governar, tivemos a responsabilidade de fazer o que era preciso, mesmo que isso tenha sido particularmente ingrato nalgumas ocasiões e mesmo que o seu preço ainda se esteja a pagar. É esse capital de confiança e credibilidade que o CDS tem de recuperar. 

A chegada ao Parlamento de forças políticas conotadas com radicalismos e populismo motiva-lhe alguma apreensão? É verdade que um certo registo extremista e radical tem subido de tom no discurso político, e que tem sido difícil forjar alianças sólidas que o enfrentem. As vozes de protesto e os populismos, onde quer que se alojem, resultam sempre da fraca solidez do regime, e só podem ser combatidos pelos partidos que, em lugar de alimentar e amplificar os descontentamentos, se põem do lado das pessoas, lhes falam com verdade e realismo e lhes oferecem soluções equilibradas. Cabe ao CDS o papel de assegurar que, à direita, assim é. Se não nos encarregarmos de fazer a história da direita em Portugal, outros – porventura vindos das franjas, numa lógica antissistema – a farão por nós, ou “ela mesma se fará”, dispensando o nosso contributo. Seremos a força tranquila, mas implacável, contra o socialismo, o extremismo e o populismo, e afirmar-nos-emos como garantia segura da prosperidade e liberdade. Mais do que procurar ganhar eleições, o CDS propõe-se governar para as próximas gerações. Algumas dessas forças disputaram com o CDS o seu eleitorado tradicional, e estou convencido de que uma parte do seu sucesso se deveu não tanto às suas propostas “inovadoras”, diferenciadas ou radicais, mas antes à forma como agarraram bandeiras que o CDS ou abandonou ou deixou de defender com eficácia. A reafirmação e o reposicionamento do CDS que venho defendendo, numa linha de fidelidade aos seus valores de sempre, focado na sua matriz, não renunciando à sua identidade e procurando crescer da direita para o centro, permitirá o reencontro desse eleitorado com o partido. 

Depois da geringonça o PS governa agora sozinho, mas o panorama não aparenta ter mudado muito. Que avaliação faz do atual Executivo? Quanto ao atual contexto, chegará o dia em que saberemos se não devíamos ter tomado há mais tempo as decisões que, reativamente, estão agora a ser adotadas, e teremos tempo para dirimir responsabilidades e apurar negligências. Este é o momento de estreitarmos os laços entre todos os portugueses e de promover uma verdadeira união nacional, sem aproveitamentos políticos que ninguém compreenderia. Mas é muito importante que o Governo responda o quanto antes às angústias e às incertezas do momento presente. Incerteza das pessoas sobre se manterão os seus empregos, sobretudo os precários; incerteza sobre como pagarão as suas contas se não puderem trabalhar; incerteza dos que, sem aviso prévio, se veem impossibilitados de regressar a Portugal. E angústia de tantos empresários que encerram os seus estabelecimentos, que não têm como pagar salários, que não vão conseguir pagar aos bancos e que procuram do Estado as explicações que tardam em chegar. É fundamental que garanta às forças de segurança, às Forças Armadas e aos profissionais de saúde as condições de absoluta segurança e salubridade para o desempenho da sua missão, pois sem eles e sem o seu esforço heroico não venceremos esta batalha. É fundamental que reforce a capacidade de testar o vírus e de identificar todos os infetados e que assegure, de forma exemplar, o controlo da entrada em Portugal de quem vem de zonas de elevado risco, impondo quarentenas obrigatórias e verificações sanitárias. Quanto ao mais, e no geral, como disse, há excesso de socialismo em Portugal. A esquerda não consegue responder às principais preocupações de quem quer oferecer um futuro digno aos seus filhos; de quem quer conciliar a vida familiar com a vida profissional; de quem trabalha sem qualquer segurança no esquema dos falsos recibos verdes e teme o desemprego; de quem precisa de celeridade na entrada no Serviço Nacional de Saúde; de quem exige do Estado o acesso à educação em condições de igualdade e não aceita estar limitado pelo seu código postal; de quem trabalha diariamente com afinco e sente que há mais incentivo à preguiça do que ao trabalho; de quem arrisca e investe, e vê o Estado a criar permanentes obstáculos ao seu sucesso; de quem se sente asfixiado com a brutal carga fiscal que suporta; de quem desespera anos por uma decisão judicial; de quem sente diariamente as assimetrias regionais em que assenta o nosso modelo de organização territorial; de quem tem orgulho nas tradições, na História e na cultura portuguesas; de quem, por ser idoso, se sente desamparado e desprotegido; de quem reclama dos políticos mais do que silêncio ou umas palavras vagas no combate à corrupção. É por isso que defendemos um pacote de políticas de apoio à família, em linha com o que se faz em países que apresentam maiores índices de desenvolvimento humano; um projeto de revisão constitucional que reforme o atual sistema político e eleitoral, que garanta efetiva representatividade e que devolva aos eleitores a última palavra na escolha dos seus deputados; uma proposta de alteração ao sistema fiscal, que, por um lado, incentive as famílias e as empresas a fixarem-se nas regiões mais desfavorecidas, que promova a coesão territorial e que, por outro, equilibre em definitivo a relação entre quem tem o dever de pagar impostos e quem tem o poder de os cobrar; a construção de um documento que garanta uma ação concertada na área do ambiente e garanta aos nossos filhos e netos o equilíbrio natural do planeta; a elaboração de um novo contrato social que seja um testemunho de confiança e solidariedade entre gerações; a defesa de uma reforma equilibrada do nosso sistema de Justiça, que ponha fim aos privilégios dos mais poderosos. 

E da renovação da liderança de Rui Rio à frente do PSD? Não me cabe pronunciar-me sobre as escolhas internas dos outros partidos. Mantemos com o PSD uma relação institucional muito sólida, própria de um parceiro com quem já fomos chamados a governar por diversas ocasiões, e pessoalmente tenho uma relação muito cordata com o Dr. Rui Rio, por quem tenho sincera estima. Tive já oportunidade de lhe transmitir, enquanto presidente do CDS, que entendo que os dois partidos têm de ter a capacidade de apresentar aos eleitores soluções de compromisso e um verdadeiro caderno de encargos que lhes permita derrotar a esquerda, e isso, naturalmente, implica capacidade de diálogo e vontade de estabelecer pontes. Assim sendo, é evidente que o CDS não pode desperdiçar o capital acumulado de diálogo com o PSD, que tem sido um parceiro preferencial e o interlocutor natural, e creio que, com respeito pelo caminho e pela afirmação individual de cada um dos partidos, esse entendimento é comum.  

Qual será o seu próximo grande desafio? Neste momento, estou absolutamente empenhado no combate a esta crise, e farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a salvar vidas, para conter a pandemia e para acudir a quem mais precisa. Por isso me alistei como voluntário das Forças Armadas, respondendo à chamada e oferecendo-me para integrar as ações que vão desenvolver em apoio da população no combate ao Covid-19. Entendo que devo dar o exemplo, passar das palavras aos atos e demonstrar a minha disponibilidade para servir os portugueses e honrar Portugal. Findo este momento de emergência nacional, procurarei, com o mesmo espírito, através da intervenção política do CDS, ajudar a recuperar a economia nacional, propondo medidas de estímulo à produção nacional, de recuperação do emprego, de criação de riqueza e defendendo uma reforma fiscal ao serviço do crescimento económico. Prosseguirei ainda firmemente o meu combate pela defesa da dignidade dos mais idosos, a quem muitas vezes faltam recursos económicos, apoio familiar ou o acesso a cuidados de saúde básicos, através de um novo contrato social, que garanta a confiança e a solidariedade entre os mais novos e os mais velhos, que combata o abandono e a exclusão dos idosos, em especial dos mais pobres, e que assegure o conforto e a segurança na doença e na velhice. Não desistirei do combate à eutanásia, que vejo não como questão partidária, mas como questão civilizacional – que nos convoca a refletir sobre o valor da vida e os limites da ação do Estado, e para a qual o CDS se manterá a voz dos que acreditam que a morte não é solução para a vida.  

Que mensagem gostaria de deixar aos portugueses neste período particularmente difícil? Antes de mais, quero recordar os que partiram, vítimas deste inimigo impiedoso e implacável, e endereçar às suas famílias as minhas mais sentidas condolências, bem como deixar uma palavra de ânimo aos que estão doentes, assegurando-lhes que estamos com eles e que nos bateremos afincadamente para garantir que não faltarão meios humanos e materiais ao Serviço Nacional de Saúde para poder tratá-los. Aos profissionais de saúde, aos membros das forças de segurança, das Forças Armadas e da Proteção Civil, aos inúmeros voluntários que por todo o ps se mobilizaram para ajudar e, em geral, a todos os que estão na primeira linha desta batalha, quero expressar a minha profunda gratidão por, em circunstâncias tão difíceis quanto estas, se arriscarem a fazer o que é preciso para salvar Portugal. Aos portugueses em geral quero deixar uma forte mensagem de esperança e união, bem como apelar a que acatem todas as instruções que foram comunicadas pelas autoridades competentes. Juntos, ultrapassaremos mais depressa este período crítico e voltaremos brevemente a abrir a porta de nossas casas, a abraçar os nossos amigos, pais e avós. Nesse dia olharemos para trás com a consciência de que tudo fizemos para derrotar o coronavírus, que fomos responsáveis e que nos reerguemos enquanto povo, mais unidos e cientes do que nos aproxima uns dos outros. Façamos, pois, o que for preciso para dar tudo a Portugal. Pelo nosso Portugal que nos pede que somemos o melhor de cada um de nós. Pelo nosso Portugal que se levantará, uma vez mais, com o esforço de todos nós.