“ESTÁ A SURGIR UMA NOVA GERAÇÃO DE POLÍTICOS QUE PODERÁ TRAZER UMA NOVA VISÃO”
Considerado a grande revelação da última campanha eleitoral do PSD, Carlos Moedas conseguiu, ao fim de muito tempo, ganhar um deputado para o PSD em Beja e agora aparece como o braço direito de Passos Coelho no Governo. O novo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro afirma que Portugal está perante “uma crise complexa, com múltiplas causas”, porém, e na sua opinião, o programa do actual Governo coloca o nosso país “no caminho certo”. Carlos Moedas acredita ainda que a juventude dos ministros é um dos “pontos mais fortes” do Governo, uma vez que este representa “uma nova geração que chega à política”.
Afinal quem é Carlos Moedas?
Sou um alentejano, nascido e criado em Beja. Desde muito novo queria conhecer o mundo e em 1993, era então aluno do IST, descobri que havia o chamado Programa Erasmus, que poderia mudar a minha vida. Na altura, muitos professores do Técnico mostraram reticências, mas houve dois – o professor Quintela e o professor Ribeiro de Sousa – que me deram todo o apoio e reuniram o corpo docente do 5.º ano, que aprovou a minha ida para Paris. Foi essa pequena decisão de embarcar num programa de intercâmbio, ainda pouco conhecido, que me levou para fora do País durante 11 anos. O Programa Erasmus abriu-me o espírito e aos 22 anos entrei na École Nationale des Ponts et Chaussées, onde acabei o meu curso de Engenharia. Em seguida ingressei no Grupo Suez, onde trabalhei durante anos na área da gestão de projectos. Era muito novo e trabalhava num ambiente totalmente francês. Não foi fácil, mas aprendi a respeitar os nossos emigrantes e as minorias em geral.
Ser diferente implica ser 10 vezes melhor do que os outros para chegar ao mesmo sítio. Sair do nosso país, enfrentar o desconhecido, lutar para vencer num país que não é o nosso, tem um valor inestimável. Gradualmente, comecei a interessar-me cada vez mais pelas áreas de finanças e economia e em 1998 conheci a minha mulher – francesa –, que me incentivou a concorrer a um MBA. Foi aí que dei o passo maior da minha vida profissional: demiti-me sem garantias de voltar a arranjar um emprego e concorri para o MBA da Universidade de Harvard. Parti para os EUA, onde passei os dois melhores anos da minha vida nessa extraordinária universidade. Um ambiente único, no qual aprendi que o risco é positivo, que só progredimos verdadeiramente quando tomamos riscos. E essa é uma das grandes diferenças da cultura americana para a europeia. Os americanos tendem a ter menor medo do risco do que nós, europeus. Dois anos passados, fui convidado para trabalhar em Londres, no Banco de Investimento Goldman Sachs. Aí conheci um grande homem e economista chamado António Borges, com quem trabalhei durante alguns anos. (…)