«QUEREMOS UM SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE EQUITATIVO E UNIVERSAL»
Um ano depois de assumir a pasta da Saúde, Ana Jorge quer deixar o seu cunho no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A ministra pediatra, que fala baixinho, é hoje peremptória sobre o caminho a seguir. Orgulha-se de medidas que implementou e não perde de vista as que faltam implementar. A meses das eleições legislativas, Ana Jorge assegura a continuidade das reformas. Porque acredita que o SNS, 30 anos depois da sua criação, “continua a ser o garante da universalidade e da equidade do acesso à Saúde”.
Um ano depois de ter tomado posse como ministra da Saúde, que balanço faz?
O balanço é bastante positivo. Sou uma profissional há mais de 30 anos, com uma experiência de cinco anos como presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. O Ministério da Saúde é muito sensível, diz respeito a todos os cidadãos sem excepção e tem serviços a funcionar 24 horas por dia. A Saúde é um dos principais alicerces de qualquer sociedade.
Também recebeu uma herança pesada do seu antecessor…
Este ministério é, talvez pela sua dimensão e envolvência de todos os cidadãos, pesado. Eu concordo com as medidas do Governo implementadas pelo professor Correia de Campos. Aliás, se assim não fosse, não teria sido convidada, nem teria aceitado o lugar.
Então, o que é que correu mal a Correia de Campos?
As medidas, do meu ponto de vista, eram as correctas. A forma como foram implementadas gerou alguma polémica, além de uma mediatização excessiva. Creio que faltou ao professor Correia de Campos, a determinada altura, alguma paciência.
A sua entrada serenou os ânimos. O segredo foi a paciência?
Não me parece que se trate de um segredo nem de paciência. Partilho, em geral, das ideias do professor Correia de Campos, mas temos abordagens diferentes. Sou, sem dúvida, mais paciente, mais tranquila e com uma experiência de vida muito distinta. Sou também uma pessoa muito aberta ao diálogo e desenvolvi, talvez pela minha especialidade, a Pediatria, a capacidade de ouvir e gostar de me fazer entender, quer junto de pais quer de crianças. É fundamental, nesta área, saber comunicar sobre temas complexos de forma clara, para que, no final, consigam compreender-nos. (…)