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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se a Moçambique naquela que foi a sua primeira visita de Estado. Com uma forte componente económica, a cooperação e desenvolvimento, a educação e a cultura foram também áreas prioritárias nesta visita.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se a Moçambique para uma visita oficial de cinco dias. Para além dos encontros institucionais bilaterais, esta visita de Estado teve uma grande vertente económica e, por isso mesmo, teve também lugar um encontro com empresários de Portugal e de Moçambique. De referir que os empresários portugueses que participaram nesta iniciativa viajaram pelos seus próprios meios. Marcelo Rebelo de Sousa embarcou rumo a Moçambique numa altura em que aquele país vive um clima de forte tensão política e está a braços com uma grave crise financeira. Nada que tenha demovido o Presidente da República Portuguesa de levar avante esta visita, que estava marcada desde o início do seu mandato. O pai do atual chefe de Estado, Baltazar Rebelo de Sousa, foi governador-geral de Moçambique, e Marcelo foi recebido pelo homólogo moçambicano no Palácio da Ponta Vermelha, onde a sua família morou. Da comitiva desta visita presidencial não fizeram parte ministros nem deputados, apenas os secretários de Estado da Defesa e da Cooperação. Com Marcelo estiveram também representantes da Caixa Geral de Depósitos e do BCP, da Sumol, da Portucel e da Galp.
Agenda intensa
Enquanto permaneceu em Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa esteve a braços com uma agenda intensa, que, na parte política, incluiu contactos previstos com os partidos com assento parlamentar. A visita incluiu também um almoço com 150 empresários moçambicanos e portugueses, entre os quais Jorge Coelho e António Mota, da Mota-Engil, uma das empresas que o Presidente visitou. Marcelo reuniu-se ainda com personalidades das áreas da cultura, religião e política, num almoço oferecido na embaixada portuguesa. Durante os três primeiros dias da visita, o Presidente da República português manteve contactos próximos com a população em várias ocasiões. O programa do último dia de Marcelo Rebelo de Sousa em Maputo incluiu uma cerimónia nos Paços do Município, durante a qual lhe foi entregue a chave da cidade. Esta visita de Estado terminou com um encontro com a comunidade portuguesa e um jantar oferecido por Marcelo Rebelo de Sousa, em honra do Presidente da República de Moçambique, no Hotel Polana.
Considerações do Presidente da República
Na vertente política, os apelos à paz foram uma constante, desde o início, nos discursos do Presidente da República – isto numa altura em que Moçambique vive uma situação de tensão político-militar entre o governo da Frelimo e a oposição da Renamo. Apesar de, na agenda inicial da visita, não estarem previstos contactos públicos com os partidos da oposição, o Presidente da República português reuniu-se com representantes da Renamo e do MDM, além da Frelimo (partido no poder). Marcelo Rebelo de Sousa apelou a que ambas as partes “falem, mesmo que não se entendam à primeira”. No final do encontro, o Presidente congratulou-se por ter encontrado quatro pontos de convergência entre as posições expressas pela Renamo e pela Frelimo. E afirmou que o mais importante “é começar por encontrar aquilo que os une”. O Acordo Ortográfico foi outro dos assuntos abordados na deslocação, com o chefe de Estado a considerar que, se países como Moçambique e Angola decidirem não ratificar o Acordo Ortográfico, isso será uma oportunidade para repensar a matéria. A visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique ficou ainda marcada pelo elogio ao investimento português naquele país que atravessa uma crise de dívida pública. Na visita efetuada à fábrica do grupo Sumol-Compal, Marcelo elogiou o investimento português de 9,64 milhões de euros.