CLIMA DE OTIMISMO
No início de mais um ano, a procura de prognósticos é, acima de tudo, uma expectativa do que irá acontecer. Em Portugal impera o otimismo.
Para 2018, no turismo e imobiliário, a previsão é a de que iremos prosseguir o ciclo de crescimento dos últimos anos. Mas quais as bases desta previsão? Analistas, economistas, investidores e gestores continuam a fazer previsões com base em modelos estatísticos, matemáticos e outros métodos quantitativos, procurando corresponder a essa necessidade de prever o futuro para que seja facilitada a tomada de decisões. Como temos constatado nos últimos anos, muitas dessas previsões acabam por não se verificar. Os empreendedores querem investir com um máximo de previsibilidade. Os investimentos em turismo e imobiliário são investimentos que requerem capital intensivo, e no caso da hotelaria os pay-back’s são muito lentos. Mais do que a fiabilidade das previsões dos modelos matemáticos para o cálculo da evolução do PIB, inflação e desemprego, pela inter-relação entre si, as orientações políticas monetárias do BCE e taxas de juro (forward guidance), e sobretudo o clima emocional, determinam as previsões. As emoções são decisivas na dinâmica de confiança no futuro das economias. Depois de um longo período em que imperou um ceticismo pessimista, nos últimos anos tem-se gerado um clima de otimismo na zona euro e em Portugal, que, ao influenciar investidores e consumidores, tem permitido a recuperação e o crescimento económico. Assim, em 2018, a continuação da evolução positiva dos principais indicadores económicos, a inalterabilidade do programa europeu de compra de dívida e das taxas de juro diretoras, a melhoria do rating da dívida portuguesa, deixam antever um cenário em que o crescimento económico se irá manter, embora se preveja um ritmo mais lento do que se verificou em 2017. É neste cenário de crescimento económico e de confiança, que se perspetiva a consolidação do crescimento no turismo e imobiliário em 2018.
Investimento em imobiliário
No que se refere ao turismo, o investimento privado em imobiliário vocacionado para a hotelaria e outros alojamentos turísticos deverá manter-se em alta. Correspondendo a uma crescente procura turística pelo destino Portugal, em 2018 irão abrir mais 61 novas unidades hoteleiras e outras 23 serão remodeladas. O investimento público realizado na abertura, em finais de 2017, do novo terminal de cruzeiros do Jardim do Tabaco, em Lisboa, deverá atrair outros segmentos da procura. O aeroporto de Lisboa entrou para o grupo dos maiores aeroportos europeus, tendo movimentado em 2017 mais de 26 milhões de passageiros. Espera-se que a decisão política “Portela + 1” seja tomada o quanto antes, para que um estrangulamento da infraestrutura aeroportuária não nos retire competitividade nos novos mercados emissores internacionais. Nos últimos anos temos sido um exemplo de como uma estratégia de cooperação entre público e privado, suportada na inovação, formação e ensino, promoção nos canais online, participação em eventos de reconhecida notoriedade, tem tudo para dar certo. Para os resultados que temos obtido muito contribuíram os empresários que acreditaram, os trabalhadores e prestadores de serviços da cadeia de valor deste negócio, as instituições de ensino e formação profissional e a competência política de Adolfo Mesquita Nunes e Ana Mendes Godinho. No mercado imobiliário o crescimento também deverá manter-se. Portugal e particularmente Lisboa e Porto não são apenas destinos turísticos, são lugares com qualidade de vida a preço competitivo para viver. No residencial, onde a origem da procura é cada vez mais diversificada, mas sobretudo nos segmentos de escritórios e retalho, continuarão a existir boas oportunidades, que despertam o interesse e suscitam a procura de compradores finais e de investidores.
Desafios do futuro
Também no mercado imobiliário, os desafios da inovação, formação e ensino, e promoção online e offline nos mercados internacionais terão de passar por estratégias e apostas de cooperação entre público e privado. A retoma económica, o incremento da procura residencial internacional, o crescimento do negócio imobiliário e a simplificação do acesso à atividade de mediação imobiliária, que se verificou nos últimos anos, fizeram disparar as aberturas de empresas e de oportunidades de trabalho no setor. Mas vivemos um período de mudanças estruturais no mercado imobiliário. Avanços tecnológicos, maior acesso à informação, podem conduzir alguns potenciais clientes e fazedores de opinião, como na recente rubrica de uma estação televisiva, “Contas Poupança”, a assumir a dispensabilidade dos serviços prestados por consultores imobiliários e agências imobiliárias. O aumento da concorrência pela entrada de novos operadores, a maior “standardização” da oferta dos serviços imobiliários no mercado e o maior nível de competitividade dos serviços prestados elevam a fasquia no sentido da diferenciação concorrencial e da sobrevivência futura. O futuro é hoje, e 2018 vai ser um grande ano para o turismo e o imobiliário em Portugal. Cabe aos protagonistas consolidar e prolongar este ciclo de crescimento.
Por Jorge Garcia