VISITA OFICIAL DA PRIMEIRA-DAMA DE ANGOLA
No âmbito das comemorações do Dia da Mulher Africana, em 31 de julho passado, o Pavilhão de Angola, presente na Expo 2012 Yeosu Coreia, encetou um conjunto de atividades recreativas e culturais que culminaram com a visita oficial da primeira-dama de Angola, Ana Paula dos Santos.
ODia da Mulher Africana foi instituído a 31 de julho de 1962, em Dar-Es-Salaam, Tanzânia, por 14 países e oito Movimentos de Libertação Nacional, na Conferência das Mulheres Africanas. Nesta altura foi criada a organização Panafricana das Mulheres, que tinha como objetivo discutir o papel da mulher na reconstrução de África, no combate à propagação da SIDA, na educação e na garantia da paz e da democracia. Infelizmente, em África a mulher continua a ser discriminada e muitas vezes subjugada, menosprezando-se o importante alicerce familiar de mãe, filha ou irmã, dentro do contexto familiar e das micro-sociedades. Concretamente, no caso da sociedade angolana, a mulher começa a impor-se no mercado de trabalho, ganhando notoriedade e algum protagonismo num meio predominantemente masculino. Para tal, muito tem contribuído o clima de paz que o país tem vivido nos últimos 10 anos, a aposta na especialização profissional e o acesso ao ensino superior.
Durante a visita oficial da primeira-dama de Angola, Ana Paula dos Santos, ao pavilhão angolano, nas comemorações do Dia da Mulher Africana, a comissária nacional para a Expo 2012, Albina Assis Africano, referiu: “Comemoramos este ano 50 anos de celebração da Mulher Africana. Nada nos poderia dar mais alegria e prazer do que termos entre nós a primeira-dama de Angola. O convite já tinha sido endereçado várias vezes, mas por motivo de agenda, nunca tinha sido possível. A sua presença, simpatia e dedicação ao povo angolano irá enriquecer as atividades que planeámos para o dia.” Na representação oficial angolana, encabeçada por Ana Paula dos Santos, veio também a ministra da Família e Promoção da Mulher, Genoveva Lino, e Artemísia Lemos Lopes, curadora da Fundação Lwini. A primeira-dama de Angola foi recebida com honras protocolares no aeroporto de Yeosu pela comissária nacional, Albina Assis Africano, e pelo embaixador de Angola na Coreia do Sul, Albino Malungo. Do aeroporto a comitiva dirigiu-se para o recinto da Expo 2012, visitando, de imediato, o Pavilhão de Angola, onde inúmeros convidados nacionais e estrangeiros aguardavam pela sua presença. Ana Paula dos Santos percorreu a área institucional do pavilhão, a zona do pré-show, onde dezenas de monitores exibem imagens belas e únicas de Angola, da sua costa, população costeira, usos e costumes ligados ao mar, seguindo-se a área central do pavilhão, o main-show, composto por um filme em alta definição, com uma forte banda sonora, que mostra aos visitantes a diversidade de paisagens que o litoral angolano oferece, bem como os mistérios e o fascínio das profundezas do oceano.
De imediato, visitou o hall interativo e táctil, que oferece múltiplas informações sobre parques e reservas naturais de Angola e que promove uma campanha de proteção e defesa do Manatim Africano. As empresas Sonangol SA e o Projeto Angola LNG têm um lugar especial e representativo num espaço que é partilhado com a galeria de arte angolana, o restaurante Mufete e o bazar temático. Nesta visita, Ana Paula dos Santos teve oportunidade de reconhecer o trabalho envolvido no Pavilhão de Angola: “Estou encantada com tudo o que vi aqui. Gostaria de dar os parabéns à senhora engenheira Albina pelo trabalho e a equipa que reuniu, pois estes são exemplos gratificantes que demonstram a capacidade e as enormes potencialidades do povo angolano. O pavilhão representa e dignifica muito bem o nome de Angola. Temos tudo aqui: desde a beleza das praias e da costa, desde a cultura, tradições, a arte, a gastronomia, a economia e o desenvolvimento, a nossa música e dança! Não sei como é que um espaço relativamente pequeno conseguiu transmitir tanto da personalidade angolana.”
Outras propostas
Após a visita ao pavilhão teve inicio a apresentação pública dos livros Amuxiluanda e Árvore dos Gingongos, em versão inglesa e coreana, da escritora angolana Maria Celestina Fernandes. O embaixador de Angola no Vietnam, João Manuel Bernardo, comentou a importância de se premiar a excelência da qualidade da cultura angolana: “As Expos são uma excelente oportunidade de darmos a conhecer aquilo que Angola tem de melhor. Temos sabido cumprir esses objetivos, não só em termos de captação de investimento privado, mas também na promoção de intercâmbios culturais com países asiáticos e outros emergentes.” A própria comissária nacional, Albina Assis Africano, reforça a mesma ideia e sublinha: “Pretendemos divulgar Angola, e por isso mesmo, tudo o que fazemos aqui no pavilhão, é sempre ao serviço do país. O nosso restaurante Mufete serve diariamente três pratos tradicionais da gastronomia angolana. Tem sido um êxito tremendo, é preciso esperar, com paciência, para se conseguir uma mesa à hora de almoço. Os nossos músicos fazem três espetáculos diários de música e dança e são constantemente solicitados por outros pavilhões e pela TV coreana para participar em apresentações e programas. O nosso bazar temático com roupas, artesanato, música e merchandising tem sido bastante concorrido. Somos um dos cinco pavilhões mais visitados de toda a Expo 2012. Isso, para mim, quer já dizer muito, é o reconhecimento público de que fizemos um bom trabalho e daquilo que somos.” Após as atividades matinais no pavilhão, Ana Paula dos Santos foi convidada a visitar o Pavilhão da Coreia do Sul, seguindo-se um almoço privado com individualidades políticas e convidados nacionais e internacionais.
No período da tarde, procedeu-se à gala oficial das Comemorações do Dia da Mulher Africana, no hotel MVL, na cidade de Yeosu. Mais de 100 convidados oficiais juntaram-se ao convite de Angola para partilhar as atividades de cultura, moda, música e dança concebidas especialmente para a data. Ana Paula dos Santos aceitou o desafio de dar as primeiras pinceladas numa tela onde os demais convidados também poderiam participar e, posteriormente, dois pintores angolanos, Tó Zé e Filipe Artur Vidal, curadores da galeria de arte do Pavilhão de Angola, iriam preencher e concluir de forma mais harmoniosa. O quadro foi leiloado e a verba alcançada reverteu para fins de solidariedade social. A gala teve início com o discurso de boas-vindas proferido pela comissária nacional, Albina Assis Africano, seguindo-se um discurso sobre a Mulher Africana pela ministra da Família e Promoção da Mulher, Genoveva Lino. Após as formalidades, teve início a apresentação do filme alusivo aos projetos de solidariedade social promovidos pela Fundação Lwini, com particular cuidado para as vítimas de minas, onde mulheres e crianças são muitas vezes as partes mais atingidas. Luísa Faria de Assis, representante da Comissão de Angola na ONU em Genebra, salientou o trabalho meritório da Fundação Lwini: “Ainda bem que há pessoas como a Dra. Ana Paula dos Santos em Angola. A Fundação Lwini tem sido o conforto e o amparo de muitas mulheres, crianças, deficientes físicos e pessoas do meio rural que viram as suas vidas melhorar com as atividades e programas desenvolvidos. Ainda há muito por fazer, mas é importante saber que já há alguém a pensar nestas situações.” A cerimónia prosseguiu com a Moda Angola, tendo lugar um desfile de alta-costura pela estilista angolana Nadir Tati. Nadir é dona de um vasto currículo recheado de prémios e louvores, em particular no estrangeiro. Em Angola, recebeu o prémio de Diva e o de Melhor Estilis ta de 2010. Em Yeosu, Nadir apresentou a mesma coleção com que encerrou o seu último desfile no maior evento de moda africana nos Estados Unidos, “Africa Fashion Week New York”. Neste desfile Nadir Tati refere tratar-se de uma homenagem a todas as mulheres angolanas que lutam pela sua emancipação e liberdade social. “A mulher angolana inspira-me a fazer mais e melhor, pois é uma mulher lutadora, bonita e capaz de gerir várias tarefas no seu dia a dia”, referiu a estilista. A coleção apresentada tem por base uma gama de tecidos tipicamente africanos, vlisco, um tecido versátil que pode e deve ser usado não só para trabalho mas também em vestidos de cerimónia, realçando a beleza africana. “Hoje tivemos a sala cheia e para mim é emocionante mostrar o meu trabalho e fazer com que as pessoas apreciem aquilo que é a moda angolana e a moda africana em geral. É uma honra estar aqui na Expo 2012 e a celebrar o dia da mulher africana, em particular”, sublinhou a estilista. Os assistentes do pavilhão de Angola deram o seu contributo ao desfilar com graciosidade e elegância para um público atento e aprimorado. As criações de Nadir Tati foram já vistas em vários países, entre os quais Coreia do Sul, Moçambique, Tanzânia, México, Macau, Brasil, EUA, Holanda, Espanha, Portugal, entre muitos outros. Seguiu-se um pequeno recital de poemas em homenagem à Mulher e depois o espetáculo de música e dança com o cantor Gelson Castro, Gisela Silva e o Grupo de Dança Kina Ku Moxi. Muito ritmo, som e entusiasmo que contagiou todos os presentes. O cantor angolano Daniel Nascimento, na sua passagem pela Expo 2012, por altura das comemorações do Dia Nacional de Angola, referiu o seu espanto face ao entusiasmo dos coreanos pela música angolana: “Nunca pensei que o povo coreano fosse tão sensível e recetivo ao som e ritmo angolano. Não percebem as palavras nem o significado, mas vivem a melodia e a nossa presença em palco, de uma maneira fantástica! Escutam atentamente e balançam o corpo ao ritmo da música. Estou certo de que boa parte da popularidade do Pavilhão de Angola passa pela aposta nos espetáculos e na diversidade das caravanas culturais apresentadas nesta Expo. Somos um povo simpático e energético por natureza, o que desperta a curiosidade dos tímidos coreanos.”
Encerramento da Expo – 12 de agosto
O dia 12 de agosto marcou o culminar de três meses agitados, repletos de atividades e descobertas a nível mundial. Com o intuito de representar Angola no encerramento da Expo 2012, uma delegação angolana encabeçada por Fátima Jardim, ministra do Ambiente, deslocou-se a Yeosu. A ministra assinou, em nome de Angola, a Declaração do Fórum de Yeosu na Expo Hall e estabeleceu relações diplomáticas com o primeiro-ministro coreano, Kim Huang Sik, no Pavilhão de Angola. Em Seoul, assinou um Memorandum de Entendimento no domínio da Proteção Ambiental e Conservação dos Recursos Naturais, entre os Ministérios do Ambiente de Angola e da Coreia do Sul. A Organização Coreana, anfitriã da Expo 2012, promoveu dois grandes espetáculos de encerramento, na Expo Hall e no Big O, que contaram com a participação dos músicos angolanos residentes. A comissária nacional, Albina Assis, considera tal convite um prestígio, tratando-se do reconhecimento internacional da qualidade e performance musical dos grupos angolanos, uma conquista alcançada com muito mérito e justiça.