TURISMO ESPACIAL

UMA VIAGEM ESPECIAL

O que há pouco tempo parecia completamente impossível, atualmente é uma das atividades de eleição dos mais excêntricos. Falamos do turismo espacial, uma nova forma de ver o mundo.

É certo que o turismo é uma das áreas mais importantes da nossa economia, mas chegou a vez de uma aposta mais arrojada: o espaço. Aqueles que tentam definir as primeiras linhas orientadoras desta nova atividade são ainda uma minoria. É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos da América, que apresentaram já um projeto com algumas diretrizes para o turismo espacial, nomeadamente obrigatoriedade de os turistas fazerem exames físicos antes de embarcar e a assinatura de uma declaração onde os riscos envolvidos são aceites. Os responsáveis pelas aeronaves deverão também informar os passageiros acerca do histórico do veículo, bem como apresentar algumas regras de segurança. O que antes era apenas destinado a alguns – tais como missões de reconhecimento ou fatos espaciais – está agora acessível a qualquer um, desde que seja saudável e, claro, seja titular de uma conta bancária bem recheada.

 

Aventuras espaciais

O turismo espacial assume, na maior parte dos casos, um papel futurista e utópico. Apesar de se ter começado a falar deste fenómeno há alguns anos, a sua existência remonta aos anos 1960, altura em que Barron Hilton e Kaft Ehricke publicaram artigos sobre este tema, sem, no entanto, virem a obter qualquer reconhecimento pelo seu trabalho. Nos anos seguintes houve grandes evoluções neste campo e, em 1998, foi criada a Spacetopia, a primeira empresa japonesa, e a Space Adventures, responsável por pôr no espaço os primeiros seres humanos. Em 1999, nasceu a Virgin Galactic e a Bigelow Aerospace Inc. A viagem inaugural da Virgin Galactic, que promoverá um voo suborbital (altitude acima de 100 km) com transmissão ao vivo pela televisão nos Estados Unidos, está prevista para agosto de 2014. Nesse primeiro voo, o dono da companhia, o empresário britânico Richard Branson, de 63 anos, será acompanhado pelos seus filhos, Holly, com 31, e Sam, de 28 anos. Dono do grupo Virgin, Branson não é o único bilionário a querer descobrir o espaço: o americano Jeff Bezos, dono da loja virtual Amazon e, mais recentemente, do Washington Post, fundou a empresa aeroespacial Blue Origin no ano 2000, mas manteve em segredo as suas intenções até recentemente. São muitos os excêntricos que pretendem embarcar nesta aventura sem igual, entre eles destaque para o casal Brad Pitt e Angelina Jolie, para o ator Ashton Kutcher, para o piloto Rubens Barrichello, para Paris Hilton e para o físico Stephen Hawking. Mesmo com tanto interesse e apoio financeiro, a iniciativa leva tempo, já que a tecnologia para este tipo de voos precisa ser desenvolvida, testada, experimentada e lançada apenas quando atingir um elevado nível de segurança.

 

Realidade também em Portugal

Vaivéns espaciais, veículos de lançamento, combustível, fatos espaciais e sistemas de navegação são apenas alguns dos exemplos de todo o material e equipamento necessário para a realização de uma simples viagem! Assim, não é de estranhar que os valores desta extravagância sejam realmente exorbitantes. Perante este cenário, foram várias as companhias privadas que apostaram na construção das suas naves, como é o caso da Space Adventures e da Virgin Galactic, e passaram a disponibilizar também vários programas turísticos. Portugal não se fica atrás, e prova disso é a Caminho das Estrelas, uma empresa que oferece vários programas e que é representante exclusiva da Virgin Galactic no nosso país. A ideia de criar esta empresa partiu de Mário Ferreira, que ouviu falar pela primeira vez, em 2004, dos voos da Virgin Galactic e imediatamente decidiu comprar um bilhete, sendo o primeiro português a fazê-lo. As viagens serão feitas a bordo da Space Ship Two (SST). Esta nova geração das aeronaves espaciais é baseada no protótipo da Space Ship One, desenvolvido por Burt Ruthan da Scaled Composites, que começou os voos experimentais com sucesso em 2004. Esta revolucionária nave levanta voo acoplada à nave-mãe, a KKC (White Knight Carrier); a cerca de 50 mil pés de altitude, a SST separa-se da nave-mãe, ligando depois o motor de propulsão que a atirará literalmente para o espaço, atingindo em 30 segundos a velocidade aproximada de quatro vezes a velocidade do som. Depois, ultrapassada a barreira espacial, os 100 km da superfície terrestre, os passageiros poderão desfrutar do espaço, experimentar a incrível sensação da ausência de gravidade e ver a vista mais incrível que alguma vez observaram.