Qual é o acessório, qual é ele, marcado pela excentricidade, extravagância e uma dose de loucura? Só pode ser o chapéu, claro está! A criatividade é a palavra de ordem nesta arte de adornar, e o resultado é, na maioria das vezes, surpreendente.
Os chapéus já foram um acessório de moda absolutamente indispensável em qualquer indumentária, feminina ou masculina. Com o passar dos séculos, caíram em desuso. Pelo menos, no quotidiano de cada um de nós. Talvez por isso, por não serem hoje um acessório habitual, os chapéus são cada vez mais vistos como complemento de luxo, associados à sofisticação e ao requinte. São famosos os exemplares escolhidos pela alta sociedade inglesa nas corridas de cavalos em Ascot. Verdadeiras obras de arte a adornar a cabeça das senhoras, umas mais excêntricas e extravagantes, outras mais sóbrias e elegantes. E a loucura associada tantas vezes a este tipo de acessório de moda não é de todo inocente. Quem não conhece o famoso Chapeleiro Louco, ou Mad Hatter, criado pelo escritor Lewis Carrol para o livro Alice no País das Maravilhas e estupendamente representado por Johnny Deep no filme com o mesmo nome? Mas por que razão está a loucura associada a estes profissionais? Uma rápida busca pela Wikipédia diz-nos que a origem do fenómeno vem de muitos séculos atrás e deve-se ao mercúrio utilizado no processo de confecção de alguns chapéus, o que levava a que os próprios chapeleiros sofressem frequentemente de intoxicação e revelassem problemas neurológicos: loucura.
Os chapeleiros dos famosos
Os perigos passaram, mas os nossos artistas da actualidade continuam a primar por uma dose dessa loucura. É o caso de Philip Treacy, o chapeleiro que Kate Middleton escolheu para desenhar o seu acessório de cabeça no dia do seu casamento real com o príncipe William de Inglaterra. Pupilo do chapeleiro de luxo Stephen Jones, Treacy já colaborou com a Chanel, a Givenchy e adornou a cabeça de celebridades como Naomi Campbell ou Sarah Jessica Parker, que usou um fantástico bouquet de borboletas na estreia do filme Sexo e a Cidade. Outro nome incontornável na arte da chapelaria é David Shilling, que esteve em Portugal há uns anos com a exposição Os chapéus de Ascot, onde se contam exemplares de enormes proporções em forma de girafa, cesto de piquenique, bola de futebol, barco de papel ou Torre Eiffel. Todos, modelos usados pela própria mãe do criador, Gertrude Shilling, em Ascot. No ano passado a arte da chapelaria ganhou uma nova parceria de luxo: Borsalino e Sergio Tacchini. A primeira é uma griffe de chapéus bastante conhecida por criar modelos há vários séculos para chefes de Estado, aristocratas, músicos, artistas de cinema e até pontífices. O segundo veste há meio século os campeões do ténis como John McEnroe, Martina Navratilova ou Pete Sampras. Juntos, Borsalino e Tacchini criaram dois modelos especiais para torneios de ténis: Roma e Wimbledon. O italiano é de piquet branco com faixa no canneté “terra rossa”. O inglês é um panamá com fita no canneté “erba”. Tanto um modelo como outro fazem parte do projecto “Eco”, em que os criadores utilizaram um método de pintura com produtos 100% vegetais (terra vermelha e grama).
A maioria dos chapéus fica para a história pela sua forma arrojada e pela sua criatividade, como o que Anna Caroline Menzel criou em 2007 para a Hutmoden Willer. Dava pelo nome de Climate Summit e era um exemplar em formato de globo terrestre com uma touca que prendia o adereço à cabeça, fazendo lembrar as águas do planeta Terra. Na Igedo Fashion Fair, onde foi apresentado nesse ano, ficaram também famosos o chapéu de Christa Mode, denominado Caribbean, a fazer lembrar um sombrero mexicano, ou o exemplar inspirado na rosa-dos-ventos, com flores azuis, da autoria de Sara Dierkes. Uma rápida busca na Internet pelos chapéus mais excêntricos oferece-nos imagens verdadeiramente artísticas. Um chapéu em forma de cinzeiro, com o próprio cigarro de enormes proporções espetado, ou a Torre de Pisa inclinada na cabeça de uma bela modelo.
O chapéu mais caro do mundo
E claro está que hoje em dia qualquer coisa que seja sinónimo de excentricidade e extravagância constará na lista da arrojada artista do momento: Lady Gaga. Ela já usou na cabeça chapéus de renda, chávenas de café, bifes de carne verdadeira ou máscaras de látex. E a criatividade fê-la surpreender tudo e todos quando no ano passado foi nomeada chefe de criação da Polaroid e apareceu no evento, em Las Vegas, com uma escultura ao estilo de chapéu oriental que era, imagine-se, feito a partir do seu próprio cabelo. Arrojado, no mínimo! Mas o nosso ex-líbris só pode ser o Chapeau d’Amour, o chapéu mais caro do mundo no valor de 2,7 milhões de dólares. Criado por um designer em Londres, no ano de 2004, só em 2010 é que acabou de ser confeccionado. É feito em platina, tem imensos diamantes e muitos retoques em ouro. Uma peça de joalharia requintada.