PALÁCIO NACIONAL DE MAFRA

1 Palácio de Mafra  @ José Paulo Ruas - DGPCIMPORTANTE MONUMENTO BARROCO   

Mandado construir no século XVIII pelo rei D. João V em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana de Áustria ou a cura de uma doença de que sofria, o Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento do Barroco em Portugal.

Construído em pedra lioz da região, o Palácio Nacional de Mafra ocupa uma área de perto de quatro hectares e compreende 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Tal magnificência só foi possível devido ao ouro do Brasil, que permitiu a D. João V pôr em prática uma política mecenática e de reforço da autoridade régia. Para a Real Obra de Mafra, o rei encomendou obras de escultura e pintura de grandes mestres italianos e portugueses, bem como, em França e Itália, todos os paramentos e alfaias religiosas. Na Flandres, encomendou ainda dois carrilhões com 92 sinos, que constituem o maior conjunto histórico do mundo. O Paço Real ocupa todo o andar nobre do edifício de Mafra e os dois torreões, sendo o do Norte destinado a Palácio do Rei e o do Sul à Rainha. Os torreões estão ligados por uma longa galeria de 232 metros – o maior corredor palaciano na Europa – que era usada para o “passeio” da corte. Primitivamente decorado com tapeçarias flamengas, tapetes orientais e mobiliário para aqui encomendado, o paço sofreu uma profunda modificação na época de D. João VI, que encomendou uma campanha de decoração mural em várias salas, sob a responsabilidade de Cyrillo Volkmar Machado. Muitas dessas tapeçarias, quadros e mobiliário serão levados pela família real para o Brasil em 1807, de onde não regressaram. Foi também no torreão Sul que D. Manuel II passou a última noite no reino, de 4 para 5 de Outubro de 1910, antes de partir para o exílio.

Biblioteca de topo4 T

Este monumento possui uma das mais importantes bibliotecas europeias com um valioso acervo, de aproximadamente 36 mil volumes, que abrange todas as áreas de estudo do século XVIII. Um verdadeiro repositório do saber. De destacar algumas obras raras como a coleção de incunábulos (obras impressas até 1500) ou a famosa “Crónica de Nuremberga” (1493), bem como diversas bíblias ou a primeira enciclopédia (conhecida como  de Diderot et D’Alembert), os Livros de Horas iluminados do século XV e ainda um importante núcleo de partituras musicais de autores portugueses e estrangeiros, como Marcos Portugal, J. de Sousa, João José Baldi, entre outros, especialmente escritas para o conjunto dos seis órgãos históricos da basílica. A atestar a importância desta coleção, uma bula concedida pelo Papa Bento XIV em 1754, para além de proibir, sob pena de excomunhão, o desvio ou empréstimo de obras impressas ou manuscritas sem licença do rei de Portugal, concede-lhe autorização para incluir no seu acervo os livros proibidos pelo Index.

Digitalizada por Luis Pavao Limitada a partir do diapositiovoA basílica

A basílica ocupa a parte central do edifício e está ladeada pelas torres sineiras. Foi feita segundo o desenho de João Frederico Ludovici, ourives de origem alemã que, após a sua longa permanência em Itália, a concebeu ao estilo barroco italiano. Tem a forma de cruz latina com o comprimento total 58,5 metros e 43 metros de largura máxima no cruzeiro, sendo toda em pedra da região de Sintra, Pêro Pinheiro e Mafra. O zimbório, com 65 metros de altura e 13 de diâmetro, foi a primeira cúpula construída em Portugal. Na capela-mor encontra-se uma tela de Francesco Trevisani representando A Virgem, o Menino e Sto. António, a quem a basílica é dedicada. Os retábulos das duas capelas no cruzeiro, Sagrada Família (lado sul) e Santíssimo Sacramento (lado norte), bem como da capela lateral sul, Nossa Senhora da Conceição, e das seis capelas colaterais são da autoria de Alessandro Giusti, da Escola de Escultura de Mafra, e seus discípulos. Sobressaem ainda a escultura italiana de encomenda real, a mais significativa coleção de escultura barroca existente fora de Itália, e o conjunto único de seis órgãos históricos encomendados por D. João VI aos organeiros Machado Cerveira e Peres Fontanes, em substituição dos primitivos que estavam degradados.