Os “Dias da Música” voltaram ao Centro Cultural de Belém com a presença de mais de 22 mil espetadores. A programação, orçada em 500 mil euros, foi constituída por cinco conferências, vários workshops e 64 concertos, envolvendo cerca de 1700 músicos. Para 2016, o Centro Cultural de Belém propõe “Uma volta ao mundo em 80 concertos”.
Terminou a nona edição do evento “Dias da Música” e, segundo a organização, o balanço é positivo, tendo sido alcançada uma taxa de ocupação a rondar os 89%. Segundo nota da organização, durante os três dias da iniciativa, que este ano teve como tema “Luzes, Câmara… Música!”, 35 dos 64 concertos em sala tiveram lotação esgotada. A temática permitia um enorme leque de possibilidades e de itinerários, quer através da história da música, quer da história do cinema, bem como uma ampla diversidade de géneros e estilos: desde as obras escritas propositadamente para o grande ecrã às que nasceram noutros contextos e foram depois incorporadas no cinema. De referir que para além dos concertos em sala, fizeram também parte da programação 11 concertos informais, seis conferências e ainda 19 sessões de cinema. O cartaz deste ano incluiu entre outros, a Big Band Júnior, o pianista Mário Laginha, a Camerata Atlântica, o violinista Bruno Monteiro acompanhado pelo pianista João Paulo Santos, o Ensemble Darcos, os acordeonistas Gonçalo Pescada e Paulo Jorge Ferreira e o Grupo Vocal Olisipo. Os “Dias da Música” contaram também com iniciativas dedicadas às crianças, como o “Mini Dias da Música”, no âmbito do qual mais de 600 crianças assistiram a sete concertos, nos quais atuaram 186 alunos de música.
No sábado, o trio formado por Vera Morais (flauta), Mário Franco (contrabaixo) e Francisco Sassetti (piano) recriou fados e canções dos primeiros filmes sonoros portugueses, desde A Severa e Gado Bravo, com música de Frederico de Freitas e Luís de Freitas Branco, até comédias tão célebres como Aldeia da Roupa Branca, Maria Papoila e O Costa do Castelo. Em contrapartida, no domingo, os espetadores puderam assistir a um excelente exemplo de sincronização, bem exemplificativa do papel crucial que a música tem no cinema mudo e no cinema em geral: a banda sonora criada pelo pianista João Paulo Esteves da Silva e pelo contrabaixista Carlos Bica para a genial comédia The Navigator, de Buster Keaton. O resultado foi exemplar na forma como traduziu a narrativa, o suspense, os efeitos cómicos, dramáticos e descritivos (como a tempestade) ou a sonorização dos pequenos detalhes com sugestivas intervenções do contrabaixo, ao mesmo tempo que constituiu um todo coerente.
Os “Dias da Música” terminaram em festa com um dos maiores êxitos de sempre – a Marcha Imperial e Tema da Guerra das Estrelas, de John Williams. Para o ano, o tema proposto pelo novo presidente do CCB, António Lamas, e pelo consultor para a área da música, André Cunha Leal, é “Uma volta ao mundo em 80 concertos”, estando previstas várias parcerias e um alargamento às músicas dos vários continentes.