BIÓPSIA LÍQUIDA

18816821_1672244119469987_625917121_nUMA NOVA ABORDAGEM

Resultado de uma parceria entre a startup Ophiomics – Precision Medicine e o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, a biópsia líquida assume-se como uma abordagem complementar de diagnóstico ao cancro, que permite aceder ao material genético do tumor de forma não invasiva, recorrendo apenas a uma análise de sangue. Trata-se do último avanço tecnológico e da medicina laboratorial.

 O cancro é uma doença em que alterações no ADN do tumor causam a multiplicação desgovernada das células, comportamentos invasivos que originam a metastização, e resistências a fármacos que geram ineficácia do tratamento. Perante esta constatação, a Ophiomics – Precision Medicine desenvolveu, em colaboração com o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, métodos que permitem ler estas alterações no ADN, de modo a oferecer aos médicos e doentes respostas baseadas nas recomendações dos colégios internacionais e nacionais da especialidade. Um desses métodos é a biópsia líquida. Representando uma aposta na inovação, relativamente à abordagem ao cancro, a biópsia líquida é um exame indolor que abre novas possibilidades de combate a esta doença. Apenas com uma amostra de sangue, e de forma menos invasiva, é possível fazer a identificação e análise de pequenos fragmentos de ADN libertados pelo tumor na corrente sanguínea, permitindo ao médico compreender que mutações genéticas estão na sua origem, definindo o tratamento mais adequado para o paciente. Desenvolvidos por uma equipa de investigadores em bioinformática e genómica, estes testes estão hoje disponíveis, exclusivamente, para todo o país, no Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, o que coloca o grupo na linha da frente dos avanços da medicina de qualquer país desenvolvido e de avançada tecnologia. Contudo, existe ainda um longo caminho a trilhar no que à implementação sistemática desta nova abordagem diz respeito: “nós estamos a trabalhar para provar que esta tecnologia é relevante para o doente e baixa custos, a médio prazo”, sublinha José Pereira Leal, diretor-geral da Ophiomics. Em termos de valores, eles variam consoante o tipo de teste realizado e o facto de serem mais ou menos exaustivos, mas, tal como revela José Pereira Leal, podem oscilar entre “as muito poucas centenas e os alguns milhares”. Contudo, e tal como revela o diretor-geral, estão a ser encetados esforços para “baixar os custos”, de modo a que estes testes deixem ser “de luxo”. A partir de um trabalho conjunto com os médicos – os únicos que podem solicitar este teste –, os relatórios das biópsias líquidas para além de confirmarem a presença do tumor, sugerem também, na maioria dos casos, o tratamento específico e adequado àquele tipo de neoplasia. É a chamada “oncologia de precisão”, constata o investigador. Contudo, o médico continua sempre a ser “o decisor”, pois a análise, tal como sublinha José Pereira Leal, apenas “aponta o caminho”. É este o grande fator diferenciador da proposta apresentada pela Ophiomics e pelo Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa.

Vantagens a destacar18788731_1672243892803343_1246890479_n

De entre as vantagens da biópsia líquida, destaque para o facto de ser pouco invasiva e menos dolorosa que a biópsia tissular, evitando a recolha cirúrgica de uma parte do órgão afetado pelo tumor; ser menos dispendiosa, dado que é realizada a partir de uma amostra de sangue, facilmente recolhida de uma veia do antebraço; substituir a biópsia tissular quando esta não é possível ser realizada por inacessibilidade do tumor ou estado do doente; ser representativa de toda a doença, uma vez que as várias massas tumorais libertam ADN para a circulação sanguínea; poder ser utilizada para monitorização da resposta do doente à terapia, bem como para deteção precoce da recidiva; permitir a realização de um tratamento personalizado e adequado ao paciente. Por tudo isto, a biópsia líquida representa um avanço da ciência no método de diagnóstico, complementando e em alguns casos substituindo a biópsia tissular, o procedimento cirúrgico para obter uma amostra de tecido para estudo laboratorial, que é hoje um procedimento invasivo, nem sempre representativo de toda a heterogeneidade do tumor primário ou da doença metastática.  José Pereira Leal salienta, ainda, outra vantagem: “podemos monitorizar a resposta de um tumor ao tratamento”, o que permite detetar, muito cedo, se o doente está ou não a responder ao tratamento e permite também alterar a terapia com base nisso, com informações em tempo real. O Centro de Genética Laboratorial Germano de Sousa em conjunto com a Ophiomics é, desta forma, precursor neste domínio da ciência médica e da tecnologia no nosso país.