O PRESIDENTE DE TODOS OS PORTUGUESES
Numa mistura inédita, Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse como Presidente de todos os portugueses. O novo chefe de Estado apertou a mão a sikhs e budistas, deu autógrafos e ouviu elogios de António Costa.
Poucos minutos passavam das 9h30 da manhã quando Marcelo Rebelo de Sousa chegou, a pé, ao Palácio de S. Bento. O novo presidente prestou juramento com a mão direita sobre a Constituição da República Portuguesa, momento que foi assinalado com uma salva de 21 tiros de Artilharia. Seguiram-se as intervenções do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Estiveram presentes nesta cerimónia altas individualidades estrangeiras, como o rei de Espanha, Filipe VI, o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, assim como os ex-presidentes da República general Ramalho Eanes e Jorge Sampaio. No seu primeiro ato como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa depôs coroas de flores nos túmulos de Luiz Vaz de Camões e de Vasco da Gama, no Mosteiro dos Jerónimos. Depois da cerimónia, o chefe de Estado efetuou uma breve visita à igreja e claustro, tendo assinado o Livro de Honra ao lado do ministro da Cultura, João Soares, da diretora do mosteiro, Isabel Cruz Almeida, e do prior de Santa Maria de Belém. Já no exterior, o Presidente da República recebeu continência da escolta de honra a cavalo, da Guarda Nacional Republicana, que o acompanhou até ao Palácio de Belém.
Continuam as celebrações
O novo Presidente da República dirigiu-se depois para o Palácio de Belém, onde decorreu um cerimonial de boas-vindas. Deu-se, assim, o primeiro almoço de Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, com um conjunto de individualidades portuguesas, incluindo os presidentes dos tribunais superiores. Na Mesquita Central de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa assistiu a uma cerimónia ecuménica, onde estiveram também presentes várias personalidades de vários registos religiosos. Marcelo Rebelo de Sousa juntou na mesma cerimónia muçulmanos, cristãos de várias confissões religiosas, budistas, judeus e adventistas, um gesto simbólico com o objetivo de promover a aproximação entre culturas e religiões. O Presidente da República espera que este gesto “possa servir de exemplo para todos os domínios da vida nacional. Convidando à aceitação do outro, ao diálogo, ao entendimento, à compreensão recíproca. Sem negar as diferenças de princípios ou de vivências, mas procurando ver para além delas, com humildade e solidariedade”. O Presidente da República terminou a sua intervenção desejando que “os próximos cinco anos sejam vividos sob o signo da Paz, Justiça e Fraternidade”.
Aníbal Cavaco Silva condecorado
Marcelo Rebelo de Sousa condecorou Aníbal Cavaco Silva com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade, numa cerimónia que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa. Esta ordem honorífica é concedida a antigos chefes de Estado pelo extraordinário serviço prestado ao país. No Palácio Nacional da Ajuda, Cavaco Silva recebeu, no dia em que saiu de Belém, a condecoração nacional. Tal como Cavaco Silva tinha feito com o seu antecessor na Presidência, Jorge Sampaio, que recebeu a 9 de março de 2006 o mais alto grau da Ordem, dia em que Cavaco Silva assumiu o primeiro mandato como Presidente. Mas foi Jorge Sampaio quem pela primeira vez atribuiu esta comenda ao Presidente cessante. Jorge Sampaio condecorou Mário Soares, em 1996, quando assumiu o seu primeiro mandato, na conclusão do segundo de Soares. Aos presidentes que terminem mandato está destinado o Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, mas Jorge Sampaio alargou as condecorações às mais altas figuras de Estado quando cessam mandato. O Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada foi entregue a Américo Thomaz em 1963. Ramalho Eanes recebeu-o em 1986, Mário Soares em 1991, Jorge Sampaio em 2006, e Cavaco Silva em 2011. No final da condecoração Cavaco Silva teve poucas palavras e muitos cumprimentos.
Último ponto da agenda
O último ponto da agenda do novo chefe de Estado teve lugar na Câmara Municipal de Lisboa, com um concerto na Praça do Município, que contou com as participações de José Cid, Paulo de Carvalho, da fadista Mariza – que cantou o hino nacional – e de Anselmo Ralph. Para esta festa, o Presidente fez questão de convidar todos os portugueses, em especial os mais jovens.
Destino: Porto
O Presidente da República encerrou as cerimónias da sua tomada de posse no Porto. Na primeira vez em que um Presidente da República estendeu ao Porto as formalidades ligadas à sua tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido oficialmente na Câmara do Porto, onde discursou. Seguiu-se uma visita à Galeria Municipal para ver a exposição P. – uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, por extenso e a presença numa exibição de hip-hop no Bairro do Cerco. Marcelo Rebelo de Sousa teve ainda tempo para visitar um centro de dia.