PRIMEIRO-MINISTRO

UM PRESIDENTE, UM GOVERNO, UMA MAIORIA

Portugal tem um novo governo de direita, com Passos Coelho como primeiro-ministro e Paulo Portas como aliado. O acordo com a troika vai nortear os próximos anos de governação e os tempos adivinham-se de sacrifícios.

 

A direita parece finalmente ter cumprido o sonho de Sá Carneiro: um Presidente, um Governo e uma maioria. É certo que o PSD não conseguiu alcançar a meta sozinho, e embora Pedro Passos Coelho tenha conquistado um resultado eleitoral que muitos consideravam impossível alguns dias antes das eleições – 38,6 e 106 deputados eleitos –, o certo é que precisou de Paulo Portas e dos 24 deputados do CDS para promover um governo de maioria parlamentar, tão essencial numa época difícil para Portugal. Ao fim de seis anos de governação de José Sócrates, os portugueses decidiram mudar de vida e de primeiro-ministro. Passos Coelho é o senhor que se segue e Paulo Portas terá que ser o seu aliado mais fiel. As eleições ditaram uma maioria de centro direita e uma derrota histórica de toda a esquerda, onde só a CDU manteve os mesmos deputados de 2009. Até ao último momento esperou-se para ver se também o CDS tinha sido atingido pelos maus resultados, mas embora longe dos 15% que tinha fi xado como meta, Paulo Portas conseguiu eleger mais deputados do que em 2009, passando de 21 para 24 e reforçando a sua posição negocial com o PSD para a coligação.

 

Passos pediu “paciência”

Logo no discurso de vitória, Passos Coelho lembrou que tanto os portugueses como o Governo vão precisar de “muita coragem para vencer as enormes difi culdades” que temos pela frente e pediu, por isso, “paciência”, uma vez que “os resultados não aparecerão em dois dias”. Na lista das promessas, fi cou-se pela “transparência total e trabalho absoluto” e por lembrar que “só recuperaremos a credibilidade se formos capazes de cumprir o programa” que foi assinado com a troika, porque Portugal “não quer ser um fardo” para os seus credores. Duas semanas mais tarde, já com o acordo de coligação “Maioria para a Mudança” assinado com o CDS, o novo primeiro-ministro deixou claro que nunca será usada a situação herdada “como uma desculpa” para aquilo que tiver que ser feito.