ORÇAMENTO DE CHOQUE
Por muito negro que se pintasse o cenário das contas públicas portuguesas, poucos eram os que estavam preparados para as medidas de austeridade que fazem parte do Orçamento do estado para 2012. Eliminação de subsídios de férias e natal para milhares de funcionários públicos e pensionistas, cabazes de compras mais caros, deduções fiscais reduzidas e muitas outras más notícias que deixaram Portugal em choque.
O ministro das Finanças já tinha avisado – “o pior ainda está para vir” –, mas será que na imaginação de milhares de portugueses haveria lugar para uma realidade tão dura? Segundo o próprio Vítor Gaspar na apresentação das medidas, este é mesmo o Orçamento “mais duro” dos últimos anos. As medidas anunciadas pelo Governo de Pedro Passos Coelho para o ano de 2012 são severas e prometem manter Portugal numa situação económica e financeira bastante difícil nos próximos anos.
As previsões não são nada animadoras. Já em 2012, a recessão económica prevista é de -2,8%, e para 2013, espera-se apenas um ténue crescimento de 1,2%. O esforço pedido aos portugueses vai muito além do exigido pela troika, e para se atingir o resultado de 4,5% de défice no final do ano, as medidas de consolidação terão que significar 10,3 mil milhões de euros nas contas em 2012, mais 4 mil milhões do que o previsto.
Os funcionários públicos vão perder entre 2012 e 2014 os subsídios de Natal e de férias; alguns feriados serão colados aos fins-de-semana, outros eliminados; os trabalhadores do sector privado vão trabalhar mais meia hora por dia, a taxa intermédia do IVA fica apenas para sectores de produção nacional e as deduções fiscais vão sofrer cortes bastante elevados. Estas são apenas algumas medidas de um Orçamento do Estado que transpira austeridade em cada página, linha e vírgula. (…)