Num almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal, o embaixador da China em Portugal afastou os receios sobre o futuro da economia chinesa, garantindo que vai continuar a crescer “a uma velocidade média-alta a longo prazo”.
Intervindo num almoço em Lisboa, promovido pelo International Club of Portugal, o embaixador Huang Songfu mencionou que, no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês teve um crescimento de 7,7%, valores que se revelaram “ligeiramente mais baixos que no ano anterior”, totalizando 9,2 mil biliões de dólares. Algumas pessoas começam a preocupar-se com a economia chinesa, afirmando que esta não vai manter um crescimento sustentado e pode acabar numa aterragem dura. Contudo, o diplomata afirmou que “tais coisas não vão acontecer”. Nas palavras do embaixador, “o crescimento económico da China é apoiado pela sua urbanização e industrialização”, a que os chineses se dedicam “com enorme esforço a fim de atingir a modernização”. “Se continuarmos a seguir o caminho na direção certa e trabalhando com toda a dedicação, vamos conseguir um crescimento a uma velocidade média-alta a longo prazo”, disse Huang Songfu. Garantiu também que o seu país não representa uma ameaça para as restantes nações, uma vez que dará a conhecer “novas oportunidades”, nomeadamente de mercado. O diplomata afirmou ainda que para se compreender melhor a China, é preciso “vê-la num contexto mais amplo da conjuntura do mundo”.
Numa altura em que a China procura o seu próprio modelo de desenvolvimento pacífico e cooperativo, conforme à sua situação nacional, são muitas as pessoas que estão curiosas sobre o papel que esse país terá na plataforma mundial e algumas até o consideram como uma enorme ameaça. Contudo, a China “não vai ser ameaça para ninguém”, garantiu o diplomata. A China, acrescentou, “vai convergir o seu desenvolvimento interno com a abertura ao mundo exterior e incorporar o seu desenvolvimento no do resto do mundo”. “O potencial do mercado chinês continua a crescer”, salientou Huang Songfu, exemplificando que no ano passado os chineses compraram 21 milhões de automóveis, um quarto das vendas globais neste setor. Por outro lado, mesmo com a crise global, “as empresas chinesas estão a tornar-se numa fonte importante de investimento e financiamento internacional”, que pode atingir os 500 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos. Segundo o embaixador, a Europa é “um parceiro estratégico muito importante e especial da China, não só no sentido de cooperação comercial, mas também no sentido de promover a multipolaridade mundial e o desenvolvimento em conjunto”. Já Portugal é “um membro importante da União Europeia”, e também “um bom amigo e parceiro da China”.
Para ultrapassar as dificuldades e desafios que a China tem pela frente, formulou-se, naquele país, um novo plano de desenvolvimento no sentido de aprofundar plenamente a reforma e que engloba as áreas económica, política, cultural, social e a ambiental, entre outras. “O ponto-chave desta reforma é simplificar o processo de gestão governamental e delegar aos reguladores do mercado o poder do governo nos assuntos fora da sua jurisdição direta, a fim de incentivar a criatividade da sociedade”, sublinhou. No ano passado, apesar da crise global, o potencial do investimento privado na China foi incrementado exatamente através desta simplificação do processo de administração e delegação do poder governamental. Em março deste ano, a reforma do sistema de registo de empresas resultou “num aumento significativo do número de empresas recém-criadas, injetando assim um forte vigor na criação de negócios e empregos”, concluiu o embaixador. Outros pontos essenciais da reforma a que se está a assistir na China traduzem-se em aprofundar o ajuste estrutural da economia e acelerar a transformação do modelo de desenvolvimento. “Ao facilitar o acesso ao mercado, vamos abrir mais espaço para o capital privado ter um papel mais ativo e eficaz”, destacou. A China apostou também numa política nacional básica para a conservação dos recursos e proteção do ambiente, de modo a ir ao encontro de um modelo de desenvolvimento verde, com menos emissão de dióxido de carbono, contribuindo assim para uma China mais bela e mais ecológica. No final da sua intervenção, o embaixador da China em Portugal fez votos para que o progresso da China e de Portugal possa continuar de forma pacífica e duradoura.