HELDER BOAVIDA

“PROCURAMOS SEMPRE ESTAR NA VANGUARDA DAQUILO QUE SÃO AS NOVAS TECNOLOGIAS DO SETOR AUTOMÓVEL”

 

Helder Boavida, o atual diretor-geral da BMW Portugal, é licenciado em Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa (ISEG) e possui o curso PROAGE (Programa Avançado para Gestores da Indústria Automóvel), da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto de Formação Automóvel. Permanentemente na senda da inovação, a BMW “tem-se posicionado sempre como uma marca que privilegia muito a qualidade do produto e as tecnologias”, afirma. Talvez por isto, tenha “uma das melhores quotas de mercado do mundo, em termos do segmento premium, e uma das melhores da Europa”. Em Portugal, a BMW é a marca líder e pretende continuar a sê-lo. Apostando, com paixão, na mobilidade elétrica, em novembro deste ano será lançado o primeiro BMW elétrico, o i3, e tal como revela o diretor-geral, “a expectativa e a aposta são muito grandes”. No futuro, Helder Boavida espera que a BMW mantenha a liderança no “segmento premium” e que continue a apostar num estilo de gestão aberto, “de responsabilidade, de profissionalismo, de respeito”, conclui.

 

Como define a BMW?

Estamos a falar de uma marca com 97 anos de idade, que nasceu em 1916. O próprio nome da marca, Bayerische Motoren Werke, mostra os seus genes, uma casa de engenheiros e de apaixonados por motores, por caixas de velocidades e por tecnologia. A BMW é, acima de tudo, uma marca com uma grande paixão pela mobilidade, pelo prazer de condução. Isso é claramente a sua marca genética.

 

Qual é o posicionamento da BMW a nível internacional?

Dentro desta filosofia, de preocupação com o prazer de condução, a BMW tem-se posicionado sempre como uma marca que privilegia muito a qualidade do produto, as tecnologias – procuramos sempre estar à frente, na vanguarda daquilo que são as novas tecnologias do setor automóvel, principalmente em termos de design. A BMW tem um design sempre futurista, limpo, clean, muito vanguardista. Isso define claramente o posicionamento da marca. Além de tudo isto, a BMW posiciona-se como marca líder no segmento premium, em termos mundiais, algo de muito importante que tem vindo a acontecer nos últimos anos e que queremos que continue. Temos uma estratégia que aponta nesse sentido – de longo prazo, vai até 2020 –, que se chama STRATEGY NUMBER ONE. E os resultados têm vindo a mostrar que estamos no bom caminho.

 

E em Portugal?

Sim, somos líderes em Portugal desde há oito anos, desde o momento em que a subsidiária veio para o nosso país e o BMW Group Portugal foi fundado.

 

Qual a importância do mercado português para a BMW?

Tem importância. Portugal é um país pequeno, mas nós, no nosso segmento, não somos assim tão pequenos. Temos uma das melhores quotas de mercado do mundo, em termos do segmento premium, e uma das melhores da Europa. Existem países maiores que Portugal que têm um volume de vendas BMW inferior àquele que nós temos. E são muitos, nomeadamente na Europa: a Polónia e uma série de países da Europa de Leste, Roménia, Bulgária, Hungria. NoNorte, a Finlândia, a Noruega e a Dinamarca. Fora da Europa, temos ainda países como a Tailândia, Malásia, Nova Zelândia, Argentina, todos com um volume de vendas BMW muito inferior. Portugal, de facto, tem importância.

 

O que representou para si ter sido escolhido para este cargo, em 2008?

Foi um prazer enorme, foi o reconhecer do trabalho feito, da paixão que esta marca gera, do entusiasmo que se tem com esta equipa. Penso que este projeto da BMW Portugal é único, porque tivemos a hipótese de construir uma empresa do zero. Klaus Kibsgaard, o meu antecessor, começou a recrutar a equipa, pessoa a pessoa. Eu fui recrutado como diretor de Vendas e Marketing juntamente com mais um colega ou outro, e fomos construindo a empresa de raiz. Criámos uma cultura muito própria, um misto entre a cultura alemã e a portuguesa. Juntámos pessoas que vinham do setor automóvel mas de várias marcas, generalistas e premium, bem como de outras áreas de negócio. Houve aqui também uma confluência de experiências e de vivências muito interessante, o que criou uma cultura única.

 

Como descreve o progresso da BMW Portugal desde que assumiu, em 2008, o cargo de diretor-geral?

Temos vindo, há nove anos consecutivos, a ganhar quota de mercado. Este ano estamos com 7,9%, quando o normal das marcas deste segmento anda na casa dos 5%-6%. No momento, somos a quarta marca no mercado nacional, nos ligeiros de passageiros, embora esse não seja um objetivo que tenhamos. Na BMW Portugal – uma rede com 37 concessionários BMW, 10 MINI e 9 BMW Motorrad –, que conta com cerca de 1300 pessoas a trabalhar, houve uma grande evolução, nomeadamente no espírito que se criou entre a marca e a rede. Já estou nesta área há alguns anos e acho que não existem muitas marcas em Portugal onde haja uma relação e um entrosamento tão forte entre marca e rede de concessionários. Há uma relação de confiança, muito forte, que está assente em vários fatores, sobretudo o facto de, para nós, a rentabilidade da rede ser algo de muito importante – temos vindo a demonstrá-lo e os nossos parceiros reconhecem-no. Por outro lado, foram feitas uma série de reformas, inovações e restruturações em muitas áreas, até na forma de fazer negócio. E houve áreas que evoluíram bastante, como por exemplo o pós-venda e a atividade de usados. Na área dos usados, por exemplo, temos vindo a aumentar as vendas, de ano para ano, quase passando por cima desta crise. A área do pós-venda tem-se tornado cada vez mais forte. Há cerca de quatro anos atrás decidimos introduzir contratos de manutenção no preço base dos nossos automóveis. Hoje em dia, não há nenhum BMW que seja vendido e que não tenha um contrato de manutenção de cinco anos e 100 mil quilómetros, e isso faz com que os clientes permaneçam muito mais fiéis aos nossos concessionários e oficinas.

 

Com a sua entrada na empresa, quais as principais medidas que tomou ao nível de gestão?

A equipa da BMW Portugal tem-se mantido estável. Em 2009, operámos uma pequena restruturação. Tivemos de fazer um pequeno ajuste, não foi significativa, mas sentimos que tínhamos de nos preparar para aquilo o futuro. Este ano estamos a completar a reestruturação na rede de concessionários. Vamos reduzir em perto de 20% o número de contratos que temos. Em 2012, o mercado de veículos ligeiros de passageiros atingiu cerca de 95 mil automóveis. Em 2010, tinham-se registado cerca de 223 mil. Por forma a mantermos parceiros sólidos e com hipóteses de manterem rentabilidade no negócio, tivemos que adaptar a nossa estrutura de rede à realidade do mercado. De facto, este é o ano de finalização dessa reestruturação. É preciso adaptar a rede de distribuição à realidade do mercado.

 

Em traços gerais, como caracteriza o mercado automóvel em Portugal?

Hipercompetitivo. Há uma concorrência muito forte entre as várias marcas. O peso do negócio de frotas é significativo. Além das empresas, por sermos um país com uma componente de turismo importante, o rent-a-car é também um negócio com expressão. (…)